Para mim, 2013 começaria embalado pelas realizações de 2012. Eu estava à sombra das impressões captadas em viagens a Brasília e Porto Alegre. Estava profundamente envolvida em... Hoje nem sei bem em que, realmente... Mas, em novembro havia participado do planejamento nacional da Recid na cidade sede da república, depois tive um belo panorama da inclusão digital em curso pelo país afora e os muitos obstáculos à educação popular, fornecido por educadores reunidos no sul do país.
Em janeiro estava envolvida nos preparativos para o planejamento estadual, a contratação da equipe de educadores estava em discussão. Em fevereiro tive minha própria contratação aprovada. A vida estaria definida pelos próximos dois anos e o trabalho até então realizado teria continuidade. Semanas depois, declinei e avisei que estava fora... Então, desisti do meu próprio planejamento de vida para os próximos dois anos e isso surpreendeu não a mim, pois conheço a minha capacidade de dizer "não" para o que não me é coerente, mas a outros. Mas, o peso do rompimento eu senti meses depois.
Em fevereiro retomava o curso de Filosofia. Retornando à minha vida de autônoma, de março a junho trabalhei feito uma escrava para dar conta de cumprir prazos. Longas horas sentada, digitando, lendo, engordando. Em maio comecei o curso de Filosofia, Cinema e Vídeo na UFABC, em São Bernardo, sob coordenação da Marília Pisani, Professora adorada! Alí, em meio a uma turma ótima também reencontrei a Luciana Zaterka, para sempre minha Mestra em Spinoza e Nietzsche. Me senti emocionada pela acolhida e agradecida pelo carinho delas e de todos! Eu sabia que frequentar um outro ambiente universitário me faria bem e fez naquele momento!
Em junho aconteceram as manifestações em São Paulo e no Brasil. O que surpreendeu e deslumbrou muita gente também encantou a mim, mas com muitas pontas de desconfiança. Não é for acaso que sou grande admiradora dos "filósofos da suspeita" (Marx, Nietzsche, Freud). Para mim sempre há muitos lados numa mesma história.
De qualquer forma, em fins de junho eu literalmente travei. O cansaço físico e emocional, e todas as decepções da vida sentavam-se sobre os meus ombros. Foi o auge da minha depressão. Nada de atitudes dramáticas, de sofrimentos atrozes. Não. Foi "só" o nada... Nenhuma vontade, nenhuma motivação, nenhum sentimento, nenhum sentido... Estado semi-catatônico. Me dobrei sobre mim mesma, em posição fetal, alheia às coisas do mundo. E me retirei do mundo ainda com algum pulso. Quando a gente não consegue mais dar conta de si e da vida, alguma coisa vai acontecer... Eu sabia. E os dias foram seguindo enquanto eu permanecia inerte.
Em fins de julho assisti o Until The Light Take Us. E ele mexeu comigo... Notei o quanto amarrava os pedaços soltos da minha vida. E algo voltou a fazer sentido... Foi aí que encontrei o Bruno, um músico humorista ou humorista músico. Ou melhor, ele me encontrou. Pinçou meus comentários em um site de Internet e quis conversar. Inusitado! Trocamos mensagens no face ao longo de semanas. E ele fez a diferença. Um cara famoso, mas super tranquilo e gente boa que aos poucos me fez sorrir... Me peguei rindo de novo e me perguntei há quanto tempo não me ouvia rindo... Quis dizer pra ele o bem que me fazia. E enfrentei o medo, e falei. E tudo bem! Ele é normal. Não me crucificou por eu dizer que ele me faz bem. Obrigada, Deus, por enviar um anjo!
Cismei de procurar por algumas pessoas de quem não tinha notícia há anos. E reencontrei algumas das que mais influenciaram a minha vida. E isso foi me reenergizando... E sempre a Tereza e o Daniel me estendendo a mão nos momento mais difíceis! Ela inventou de me encomendar aulas de Lógica. E passei uma parte do segundo semestre dando aulas particulares de Lógica Aristotélica. Aos poucos a vida voltou a acontecer. Eu voltei a existir.
Chegou o período de provas e tive sérios receios por conta da minha silenciosa hostilidade mal-disfarça pelo professor. E me pareceu possível que novamente ele complicasse a minha vida. Eu estava ali de muita má vontade, porém, às vezes, até realmente me interessava realmente pelo que era dito. Mas, só queria a nota suficiente e nada mais. Fiz as provas, atingi a média e me dei por satisfeita. Acabou!
Semanas atrás um amigo contou ter visto circulando pela faculdade o motivo das tempestades. Era época de seleções para o Mestrado... Num primeiro momento a notícia me incomodou e me perguntei pelo real motivo do incômodo. Afinal, lá se vão anos... É uma pessoa que me lembra coisas ruins, por isso o incômodo. Simples assim... Muitas coisas horrorosas! E só.
Fui fazer meu Lattes e vi que tenho uma história acadêmica. Vi o quanto os meus trabalhos de iniciação científica e de conclusão de curso têm a ver com o contexto atual. Vi que o melhor ponto de partida para uma nova fase é a retomada do que ficou parado. E passei a escrever artigos enfocando questões deixadas em aberto por aqueles trabalhos.
Planos para 2014? Trabalhar com o que eu já aprendi, estudar inglês, me preparam para o Mestrado em outra faculdade, em outro curso. Educação na UFABC ou Comunicação na Eca-USP, provavelmente. Abraçar todos os meus projetos, como MEUS projetos de vida. Escrever apenas o que eu realmente quiser; saborear a vida e olhar para o que ela tem de bom. Não mais me espantar com as maldade do mundo em suas várias formas, com a miséria de espírito de outros. Não mais me sentir a vítima das paranóias alheias. Tenho que repetir todos os dias, para mim mesma, que essas coisa não podem afetar as minhas emoções nem atravancar a minha vida. Afinal, eu tenho objetivos!
E espero que a vida seja justa. Que eu nunca volte a dar de cara com o que me lembra o pior; que não mais somatize os problemas dos outros; que eu nunca mais permita que outros me julguem, condenem e sentenciem por conta da forma como lidam com os problemas normais das suas próprias vidas. Espero ter renascido realmente e aprendido as minhas lições.