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Cineletrando

No natal de 2014 ganhei um presente inusitado. Fui aceita como parte da equipe de colaboradores do site Obvious. Depois de mais de seis anos voltei a escrever para um site, e sobre cinema como fiz em outros tempos. E eu precisava disso.

Como tudo na vida, trabalhar sozinho tem lados positivos e negativos. É possível fazer os próprios horários, mas depois de um tempo se vai ficando indisciplinado; é possível fazer as coisa do jeito que se acha correto, mas depois de um tempo se percebe que o olhar do outro ajuda a enxergar aquilo que passa desapercebido... E mais importante, em momentos de desânimo fazer parte de um grupo de pessoas com alto nível cultural energiza, faz levantar e querer mais. É sempre um estímulo a possibilidade de aprender o novo, investigar, superar-se.

Eu precisava de foco, de disciplina, de compromisso, de feedback, de me sentir parte de algo. Então, foi mesmo um belo presente de natal! E de lá para cá o foco direcionado me fez enxergar melhor o contexto cinematográfico, literário, crítico em que estou inserida. As dificuldades e possibilidades têm se mostrado.

Como não faz parte da minha natureza colher flores sem espinhos, estas mudanças não me livraram das angústias... Na verdade, o que me estimulou a voltar a escrever sobre cinema foi justamente a angústia por perceber a superficialidade com que se anda tratando temas seríssimos. A tirar por comentários da Internet e mesmo por textos de “críticos especializados”, os significados de grande parte da atual produção cinematográfica passam batido. Pouco se percebe ou nada se compreende e não há interesse em despertar o público para a compreensão e a crítica.

Hoje, o que está importando para muitos sites e para quem escreve neles são os likes e os números de visualizações de páginas, pois isso é o que alimenta a vaidade e garante patrocínio e retorno financeiro direta ou indiretamente. Mas, o cinema tem um potencial educativo, crítico e não pode (ou não deveria) ser tratado de qualquer forma.

Embora eu mais do que nunca reconheça a importância do dinheiro para a qualidade de vida, cabeça dura que sou, não posso desistir de tentar fazer as coisa do jeito certo. Quero acreditar que é possível fazer crítica cinematográfica, sem banalizações. De qualquer forma, o simples esforço de escrever cada vez melhor sobre algo de que eu realmente gosto, é uma satisfação em si.