Sou
assim, essa coisa estranha que não é um, não é nenhum.
Tenho
inumeráveis cicatrizes na alma e pouca esperança de apagá-las neste
mundo doido onde um são todos. Volta e meia tento fugir do fogo,
escondo-me em jardins na fenda espaço-tempo.
Escondo-me, exponho-me...
Ao relento, volto a ser órfã com esperanças renovadas, com muita, pouca
ou nenhuma energia para fazer girar a roda da fortuna. Forças evaporam
um pouco a cada dia.
Tropeço em faróis vermelhos, amarelos ou verdes. No
trânsito incessante, me perco em sinônimos de múltiplos sentido. Sou
duplo, sou um, sou todos.
(Helena Novais, Avulsos, em 17.11.2012)