A conversa da Angélica com a Grazi, publicada dias atrás, tem tudo ver com o que escrevi na minha postagem anterior. Mulheres na nossa geração, minha e delas, eram criadas acreditando no papel da princesinha que precisava ser legitimada pela aparição do príncipe encantado, que surgiria montado no cavalo branco para a salvar a "cinderela" de sua vidinha miserável... E transformá-la na grande dama do seu castelo!
"Príncipes", normalmente, são sapos que usam as princesinha (se não o fazem de uma forma, o fazem de outra), enquanto elas almejam a beatitude da versão romântica do "amor eterno". Simplesmente tornar-se consciente desse engodo é um processo que pode demorar toda uma vida, ou nunca acontecer. E quanto a consciência começa a acenar na esquina o dramalhão começa, porque há um apego ao antigo papel, misturado com o não saber como lidar com o vácuo deixado por crenças secretas antigas a serem abandonadas com muita dificuldade.
É verdade que a exigência de legitimação parte, muitas vezes, mais das mulheres do que dos homens. Há mulheres mais machista do que certos homens. Mas, ainda assim, qualquer empatia e apoio é mais provável que venha de mulheres do que de homens. Madonna, naquele seu discuso famoso, sintetizou bem a questão: mulheres precisam se apoiar, porque podem se compreender melhor por serem mulheres.