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Blade Runner



Anualmente, no mês de setembro, a Universidade São Judas Tadeu faz realizar seu Simpósio Multidisciplinar. Neste ano, estarei apresentando uma análise do filme Blade Runner com base em fundamentos éticos de Spinoza e Nietzsche. A USJT, que confirmou a apresentação, ainda não divulgou dia e horário. O anúncio está previsto para a primeira semana de setembro. Abaixo segue o resumo da fala. Ele será publicado nos Anais do Simpósio da universidade.


BLADE RUNNER: O MELHOR DOS MUNDOS

A ficção científica é um gênero de criação artística que mistura imaginação e ciências da natureza, manipulando códigos de linguagem na construção de histórias fantásticas. Philip K. Dick, escritor norte-americano, escreveu várias obras no gênero,  entre eles Do Androids Dream of Eletric Sheep?, publicada em fins da década de 1950. Este texto deu origem ao filme Blade Runner: o caçador de andróides, que tornou-se um clássico do cinema. O argumento original de Dick conta o drama de um grupo de andróides, fabricados por uma grande corporação que os desenvolveu a partir de técnicas da engenharia genética, com vistas à colonização de planetas distantes. Semelhantes aos humanos em tudo, os andróides, ou Replicantes Nexus-6, diferenciam-se pela superior força física e pelo reduzido tempo de vida. A capacidade "indesejável" de desenvolver emoções os leva a questionar suas condições de vida, provoca rebeldia, exige respostas e soluções. Este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise do conteúdo de Blade Runner a partir da interrelações de conceitos apresentados por Descartes em Meditações Metafísicas;  Spinoza em Ética e Nietzsche em Assim Falou Zaratustra. Para Descartes, o Criador não pode ser um Deus enganador sendo ele o absoluto bem. No pensamento de Spinoza corpo e mente são entendidos como elementos complementares e inseparável, que em interação, agem, necessariamente, no sentido da conservação da vida. Assim, os homens, sejam eles naturais ou artificiais,  são elementos de uma mesma “realidade”, modos que provêm de uma substância primeira, elementos de um contexto maior onde a vida luta para preservar-se. Rebeldia e questionamento são elementos da busca por superação da dor de viver, o passo primeiro para o além do homem, conforme a concepção nietzschiana. Blade Runner coloca em questão o ser e o existir, a necessidade de manutenção da vida e de sua realização plena, a inevitabilidade dos conflitos que impulsionam os movimentos. O drama dos Replicantes faz pensar sobre o universo humano, sobre a incomunicabilidade das essência, sobre a relação com o meio ambiente, sobre a necessidade de encontrar no confronto com o divino a salvação como recompensa pela esperança que não sucumbe ao desespero. Em Blade Runner vida natural e artificial, animais homens e deuses se confundem no melhor dos mundos.