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Solidão







E só para variar, estou eu de partida novamente. Em  meio a malas por fazer, estudos e relatórios para mais uma reunião, me percebo outra vez invadida pela sensação de que estou deixando meu mundo para adentrar um outro desconhecido. Vou para um lugar cheio de gente do Brasil inteiro, mas já com a sensação de solidão na alma. 





Por toda a minha vida tenho procurado por um lugar do qual eu me sinta parte, por alguém de quem eu me sinta parte. Algumas vezes achei ter encontrado, só para me dar conta de que não, de que tinha me enganado com miragens. E a desesperança foi crescendo à medida que o número de enganos aumentava. Me enganei e me decepcionei o suficiente para me perguntar se procurar é o melhor a fazer. 





Tenho desistido de muitas coisas. E também desisti de procurar por alguém e por algum lugar. E não é uma desistência tão recente. No início do ano passado, após uma visita ao cabeleireiro, cheguei em casa e minhã mãe olhou para mim como se não me reconhecesse. A cabeleira com a qual eu briguei a minha vida toda, foi tosada a poucos centímetros do couro cabeludo. E embora eu me recusasse a pensar no assunto, sabia que aquilo tinha um sentido. Era a minha forma de dizer "eu desisti".





Dias atrás, repeti o corte radical e o significado é o mesmo "eu desisti, mesmo". Mas não desisti de viver. Desisti de concretizar fantasias, sonhos de menina que não cresce. Quero crescer e viver procurando não é o único jeito de existir. Ao contrário de fugir da solidão, resolvi abraçá-la, fazer o possível para viver em harmonia com ela, acolhendo aqueles que desejam ser acolhidos, já sabendo que vão partir quando chegar a hora. Tenho me esforçado por aceitar que o estar só é condição essencial da existência humana e não há nada que se possa fazer.





Será possível que assim a solidão possa ser uma amiga, não uma inimiga incômoda? Será possível que assim eu posso encontrar paz sem empenhar minha liberdade ao mergulhar em ilusões? Não sei... Mas tenho me esforçado por não usar velhas falsas soluções para os mesmos antigos problemas. Eu ei de transcender.



Próximo parada: Brasília. E a mala vai pesada.