Hoje o dia começou como qualquer outro. Tomei café da manhã com a Maia enquanto minha mãe ainda dormia. Liguei o computador para trabalhar, mas antes passei pelas manchetes dos jornais. E me veio o enfado... Parece que a mídia entende por notícia apenas misérias, tragédias, corrupção, tendenciosidades, o sobe/desce da bolsa de valores, polêmicas vãs e superficialidades em geral. Claro que não se deve ignorar o lado negativo da vida. A gente precisa saber o que acontece de ruim, precisa tomar posições, precisa ser solidário com quem precisa de ajuda, etc. Mas, a gente também precisa de esperança.
Em meio ao turbilhão de informações e excesso de caos diário a vida fica cada vez mais árida. Falta esperança, beleza, poesia, conforto emocional. E a falta cansa, enfraquece. Por mais que se queira ser positivo, determinado, dinâmico o contexto exaure as energias a ponto da gente às vezes nem saber como recuperá-las, pois nada parece recuperá-las.
Mas, hoje o dia também trouxe sua diferença. Após as manchetes dos jornais, para colocar os contatos em dia entrei no Facebook e dei de cara com mensagem do Mike Portnoy. Ele, que é seu próprio relações públicas, compartilhava um vídeo indicado por sua esposa, Marlene. E aí me veio a esperança, a beleza, a poesia, coisas que sempre estão no mais simples... Curioso que pessoas que estão tão distantes influenciem tão agradavelmente a vida de pessoas espalhadas pelo planeta, simplesmente compartilhando algo que elas tem de melhor: atenção e carinho.
Mike é uma das pessoas mais dedicadas ao trabalho e que fazem melhor uso da Internet de que eu me lembro. O tempo todo ele está compartilhando o seu dia-a-dia com outros. Compartilha com conhecidos e estranhos suas alegrias e tristeza pessoais, informações sobre música e arte; transmite seu carinho e dedicação à família e aos amigos; mostra seu lado moleque, mas também seu lado sério, não deixando de levantar a bandeira do Carpe Diem. Ele não tem melindres nem frescura, é transparente, aberto, se expõe mesmo e não tem problemas com isso. Não precisa provar mais nada a ninguém e está muito bem consigo mesmo.
Claro, em seu caso a proximidade com o público é parte do trabalho, uma parte que se chama Marketing. Mas este é o bom Marketing, aquele que não é fabricado, forçado a aparentar o que não existe ou que “não é bem assim”. É um Marketing que é consequência da espontaneidade, afinal, Mike vive assim há décadas e ninguém consegue interpretar uma ópera pública 24hs por dia sem cair em contradição. E ele não cai. Admiro sua constância e sua transparência porque elas me fazem lembrar que existem outros jeitos de viver e que a vida pode ser mesmo uma obra de arte, embora de difícil construção. A dificuldade está, primeiramente, em libertar-se, tanto quanto possível, de padrões de viver e pensar que aprisionam corpos e mentes.
Abaixo o vídeo compartilhado. É uma coletânea de ensaios de passagens do Dream Theater. Boa para estudantes de bateria. Hoje o dia já valeu! Obrigada ao casal Portnoy!!!