Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2015

Entre Amor e Ódio, Lucidez

A sabedoria nem sempre pode se dar ao luxo de aparentar amorosidade. E o ódio não é sábio nunca. Estar cercado pelo não previsto ou desejado, pelo que causa medo e horror, pelo que não pode ser controlar, mergulhado em perdas e ausências, dói, tortura, desespera. No auge, imperam ódio e destruição disfarçados de justiça, que se voltam contra tudo e todos. Estar cercado pelo que não se desejou, também pode provocar o abrigar-se em manifestações de paz e amor alienado. É o fazer de conta que o não desejado não existe ou que pode ser anulado num passe de mágica com o surgimento de um arco-íris. Sorrisos forçados tentando passar por naturais, otimismo exagerado sempre com uma frase pronta de autoajuda na ponta da língua, superficialidades que tentam se passar por sabedoria. É a própria negação da complexidade camuflada na representação de bom senso e boa vontade. O estilo paz e amor alienado pode ser tão destrutivo quanto o ódio destruidor, ou mais. Ambos são cegos. Para o desesperado que ...

Melissa

Ela despreza a inteligência emocional. Ela é um poço de passionalidade, uma bomba relógio de emoções avassaladoras transitando em bailes de máscaras e salões labirínticos. Sua instabilidade se mostra por interesses diversos, na recusa a focos limitantes e fronteiras previsíveis. Em tempos de cérebro padronizados em linha de montagem (sempre), o padrão é a meta. Ela corteja as curvas suicidas, as subidas estafantes, as descidas abruptas, a agonia do incerto, o terror do inesperado impreciso. Não os procura. Eles se apresentam e a movem. É uma vida de crise a dela. Estraçalha-se em sentimentos, afogando objetivos em mares nunca antes navegados. Ela é um carro desgovernado, um risco para passageiros fracos e pedestres temerosos. Isso é o que ela é. Uma essência não deve sufocar-se para viver trajetórias formatadas. O novo pode ser criado apenas pelo autêntico. (Helena Novais, Avulsos, 03.08.2015) .

Zarpando

E ela parou de escrever porque se fazia outra... Em confusão de pensamentos e sentimentos ninguém é nada. Permaneceu inerte   frente a caminhos oblíquos. Sem ir ou voltar, permaneceu. Faltou o que movesse escolhas. E ela não escolheu. Soltou-se no vácuo de energia, numa fenda espaço/tempo enquanto o mundo girava e seu eu se reconfigurava deslizando em si. Sem amor, sem ódio ou afogada neles. Sem esperanças, sem convicções ou inconscientemente mais plena do todo do que jamais esteve... E sem talento, sem gosto para vitimismos, para coitadismos... Tudo é existência. Os dias tornaram-se escuros, mas ela não quis falar de escuridão.   Os excessos cansam tudo e todos. Surfando em si não saiu do lugar e viajou por mares distantes. Reecontrou paisagens em formato sentimento, de cores, cheiros, sensações não apagadas. Fluídos demais, não são nostalgia. Algo entre memória sufocante e saudade do nunca vivido. É uma viagem que se faz só enquanto outros murmuram, se sacodem, se revoltam, ...