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Frankfurt

Nos meus anos de graduação, e posteriores, ao longo de quase uma década, a teoria crítica (ou filosofia da sociedade) dos filósofos da Escola de Frankfurt foi meu principal foco de estudos. 

Quando comecei a estudar Filosofia, eu já fazia pesquisas em Administração de Empresas há quase dez anos. Conhecia bem o taylorismo e outras teorias, então, para mim, ficava mais fácil entender o que diziam Horkheimer, Adorno, Benjamin e Marcuse, os frankfurtianos. 

Eles escreveram seus textos a partir das primeiras décadas do século XX (em meio às grandes transformações industriais, capitalistas e corporativas, que impactavam a sociedade em que viviam), procurando compreende o que estava acontecendo na época. 

Entenda-se: nenhum filósofo que se preza diz para as pessoas o que elas devem fazer. Não é esse o papel da Filosofia ou a missão de um filósofo. O que se faz na Filosofia é procurar compreender o mundo e as coisas do mundo, o que são, como se relacionam, o que determina tais relações. Todo filósofo é um inquieto curioso que, diante do mundo, não o compreendendo, faz perguntas e busca respostas junto à história da filosofia, junto às ciências da natureza, junto às ciências humanas, história, psicanálise e outras formas de conhecimento. Os textos filosóficos são anotações relativas a essa busca por conhecimento. Filósofo que é filósofo não escreve texto sagrado com a intenção de que o sigam religiosamente. E não importa o que dizem os Olavos de Carvalhos da vida. 

Mas... Procurando compreender a sociedade de seu tempo, os frankfurtianos, se perguntavam sobre as transformações que a industrialização estava promovendo na sociedade, no início do século XX não apenas quanto ao uso dos objetos técnicos, mas, também, sobre como esses usos transformavam os modos de pensar, de se relacionar, o comportamento das pessoas. Para compreender, faziam pesquisas, levantavam dados, consultavam teorias escritas por outros pensadores, tanto da Filosofia quanto das Ciências da Natureza e das Ciências Humanas, da História e da Psicanálise. Entre eles Freud e a psicanálise, Hegel e suas teorias sobre a História, Marx e as relações de trabalho e de produção, Nietzsche e suas teorias da linguagem, da comunicação, da moral, seu racionalismo perspectivista e experimental. 

Também por influência da Escola de Frankfurt há anos uma questão está na minha cabeça: o modo como as tecnologias da informação são criadas … determinam o modo como as pessoas pensam e agem? Não é uma pergunta simples, porque a possível determinação agiria sobre a mente das pessoas, a formação de seu mundo interior, envolvendo percepção, imaginação, suas emoções, suas necessidades, suas escolhas, suas ações… E tudo isso num espaço social que tem uma dinâmica própria, condicionada pela cultura, pelas relações de poder, pelas condições biológicas do ser humano. 

Oras, tal questão (quais os efeitos das tecnologias) foi importante no início do século XX, assim como continua sendo nessa segunda década do século XXI!

Dei muitas voltas com textos dos frankfurtianos buscando minhas próprias respostas para esse problema na sua versão atual. Hoje, acredito que é improvável que se chegue a respostas sem, TAMBÉM, a observação da prática, ou seja, do uso das tecnologias da informação... É preciso observar o próprio uso e o próprio comportamento; o uso que outros fazem de diferentes tecnologias e os comportamentos resultantes… A estrutura do Facebook direciona o pensamento e impulsiona respostas com certas características. Outras ferramentas também direcionam o pensamento e impulsionam respostas com características diferentes... Observe!