Há uma direita política panfletária e falaciosa; há uma outra instância de direita que é teórica; há uma outra que é prática (embora não desconsidere as teorias, necessariamente). Empresários e financistas formam a direita PRÁTICA.
Uma crítica que se faz ao capitalismo é que ele se orienta pelo uso da razão para atingir objetivos de produção. O problema é que focado na produção - considerando a produção como o objetivo mais importante -, o pensamento humano desconsideraria questões humanas importantes. Esse é um ponto para se discutir... Problemático afirmou que TODOS os empresários não se importam com questões humanas ou que no capitalismo não há lugar para elas...
E como seria essa aplicação da razão à produção? Lembrança de Charles Chaplin no filme “Tempos Modernos”, na esteira de produção? Em fins do século XIX, início do XX, encarregados de produção, nas suas atividades cotidianas, passaram a observar os modos de trabalho e raciocinar sobre como os movimentos humanos deveriam ser realizados para que fossem evitados desperdícios, levando a produção a atingir o século máximo de eficiência e, assim, garantindo o lucro do dono da empresa. Frederick Winslow Taylor, um engenheiro mecânico, então escreveu a Teoria dos Tempos e Movimentos, que ficou conhecida como Taylorismo. Olha o Chaplin: movimentos repetitivos em certa escala de tempo.
Acontece que de Taylor até os dias de hoje não se deixou de observar e raciocinar sobre os modos de trabalho. O arsenal teórico é bem grande!
Nos EUA, na década de 20, em meio à crise econômica, celebraram as primeiras Teorias das Relações Humanas. Então, se passou a perceber a importância dos fatores humanos para a produção. Em síntese: empregados têm várias necessidades (de bons empregados, de recursos materiais, de reconhecimento, de afeto, de relacionar-se bem com outros seres humanos no local de trabalho, etc.). E quando essas necessidades são atendidas, eles adoecem menos e faltam menos ao trabalho, eles causam mais e melhor porque estão positivamente estimulados.
Se o trabalhador está satisfeito, ele produz melhor, com qualidade, se compromete em atingir as metas empresariais, veste a camisa da empresa, luta pelo sucesso empresarial. Isso também vale para um país e uma população feliz… Existe uma vasta literatura que afirma isso, porque foi testado e recomendado na prática prática das empresas. E todos os executivos competentes sabem disso.
Na década de 70, os cientistas passaram a chamar a atenção para o esgotamento dos recursos naturais, para a vontade e suas consequências. Como as empresas extraiam recursos naturais para transformá-los em produtos a serem vendidos para o mercado consumidor. Acontece que os recursos estavam se tornando reduzidos, os processos de produção poluíam as terras, as águas e o ar. As empresas passaram a ser chamadas à responsabilidade.
Então, passamos por conceitos com “imagem institucional” (o modo como o público percebe uma empresa), “responsabilidade socioambiental” e “sustentabilidade” (a empresa é responsável pelo impacto que causa na natureza, na vida da fauna, da flora e dos seres humanos e deve agir de forma a garantir a manutenção sustentável dos recursos naturais), “clima organizacional” e “qualidade de vida” (a empresa é responsável pela qualidade de vida das pessoas), “transparência” (como as empresas devem prestar conta de seus atos à sociedade por meio de relatórios publicados periodicamente). E todos esses conceitos geraram um outro: GOVERNANÇA CORPORATIVA.
As empresas que participam de bolsas de valores hoje, obrigatoriamente, obedecem aos princípios de Governança Corporativa e publicam relatórios prestando conta de seus atos à sociedade... Por isso os investidores estão muito preocupados…
Não faz bem para a imagem de uma empresa investir em negócios que vão contra o bem-estar de segmentos da sociedade… Elas ficam mal vistas pelo seu público-alvo e isso prejudica as vendas de produtos e de serviços… Você vai adquirir um produto de uma empresa pela qual você se sente agredido, sendo que você tem outras boas opções? Normalmente não… A imagem de uma empresa está associada às marcas que ela possui e essas marcas têm valor de mercado. Elas valem milhões, bilhões. Em avaliação de 2013 os direitos de uso da marca Coca Cola, por exemplo, valiam US$ 79.213 bilhões!!!
Eis a encruzilhada onde esquerda e direita se encontram! Há, sim, na direita as preocupações humanistas... E precisamos falar sobre isso... E por isso, também, a direita panfletária e falaciosa precisa estudar e elevar o nível do debate.