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Rumos







Eis que estou com o corpo em São Paulo enquanto a mente permanece em Belo Horizonte. As mãos já começam a arrumar a mala para a próxima partida, agora rumo a São Carlos, na próxima sexta-feira. De lá retornarei para, novamente, partir rumo a Belô. E de BH voltarei para me mandar, desta feita rumo a Porto Alegre. Recusei um convite para integrar a Cúpula dos Povos, no Rio, na segunda semana de junho. Adoraria engrossar as fileiras daqueles que protestarão contra a "sustentabilidade" engana bobo e a "economia verde" sem vergonha. Mas, ficar um tempo em casa, vez ou outra, é necessário.





Esse ritmo não é normal na minha vida. A ordem natural das coisas repentinamente passou a tecer suas teias em tramas diferentes, me deu presentes inesperados, surpreendentes, emocionantes. Sem resistir, estou deixando que ela me leve. Seu carinho até parece uma compensação por perdas e danos, mas uma bela compensação!





As viagens são por conta de uma coisa que Paulo Freire chamou de "educação popular". Agora, livre das aulas, me comprometo cada vez mais com a Rede de Educação Cidadã, com os objetivos e com os sonhos daqueles que nela atuam. Me sinto honrada por encontrar na Recid meu lugar, por receber a confiança dos companheiros, por usar o que aprendi da forma mais correta, a serviço do que é almejado por homens e mulheres de todas as época: uma sociedade esclarecida e com justiça social para todos. E que bom estar entre os meus iguais, entre aqueles que lutam para transformar sonhos em realidade.





E mais uma vez algo me diz e me mostra que as coisas acontecem no tempo certo, que os sonhos mais sublimes nos são dados, concretizados, como presentes da vida. É preciso estar no estado de espírito ideal para compreender o significado de cada coisa. Então, nada foi em vão.





Não posso dizer que não realizei sonhos. Mas, me sinto e estou diferente, por dentro e por fora. Perdi energia demais, envelheci e não tenho vontade alguma de lutar contra isso. Me sinto uma senhora com responsabilidades, com muito a dizer, muito a fazer e, sempre, muito a aprender. Quero viver cada momento sem insistir em ser o que não sou mais. 





E não vejo a hora de me instalar em Porto Alegre e aplicar o que aprendi com os estudos sobre Rosa Luxemburgo e  Michel Foucault... A vida é assim... Irônica, inesperada, louca e amada vida!



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