Não sei bem como aconteceu, mas noutro dia, procurando algo no YouTube (que nem me lembro mais o que era) acabei dando de cara com um vídeo sobre depressão (Como Superar a Depressão). Curiosa que sou, fui ver de que se trata e me senti cativada por aquelas pessoas. Na verdade, “cativada” não é bem a palavra. Dizer que me identifiquei é mais sincero. Na verdade, sei bem do que estão falando.
Não me acho uma pessoa dark, mas admito que tenho uma tendência para a melancolia. Sou simpatizante daquele velho estilo romântico exagerado, dada a profundezas e intensidades, mas isso com uma certa suavidade e nada que refute o bom humor ocasional. Não é por acaso que sou admiradora do Oscar Wilde. Aprecio seu hedonismo estiloso, suas sutilezas e a alegria ora cínica, ora serena, como sol de fim de tarde. Esta é a versão ordenada, a versão “normal” de mim.
Mas, tal normalidade tem certo grau de fragilidade, que periodicamente espanta o frescor dos fins de tarde e coloca no lugar um mar de angústias, no qual eu mergulho e posso passar anos antes de conseguir emergir. Verdade que a minha estabilidade nunca é espantada sem algum motivo. Há sempre um motivo, aquela gota d’água que transborda o corpo cheio. O fato é que eu sou sempre um copo quase cheio. E o motivo até tarda, mas não falha. Normal! Viver é arriscar-se a altos e baixos. E estaria tudo bem se os meus baixos não fossem tão resistentes.
Hoje eu preciso me olhar muito, me pegar no colo e cuidar de mim... Me sinto como se nos últimos três anos tivesse envelhecido trinta... Mas, hoje conheço melhor o copo cheio que eu mesma sou... Conheço a minha linha de risco, o meu limite entre o normal e o tormento. É aquele instante em que eu deixo de acreditar nos meus instintos que dizem estar tudo errado, para ousar substituir o óbvio pela ilusão, pois na verdade, a ilusão é que sempre denuncia o que eu realmente preciso.
Algo de que nunca alguém vai poder me acusar é de não ter persistido e apostado até onde ninguém mais faria. Peco por excesso de esperanças, que me levam até onde minhas forças não suportam. O preço é muito alto, o resultado é a depressão... Quando o acúmulo de tormentos contidos vem à tona... Estou sempre achando que o ruim pode mudar, sempre apostando todas as minhas fichas na superação dos obstáculos à transcendência. No processo de desgaste pelo empenho de fé no outro, o que acaba sendo superada são as minhas energias vitais, aquelas que contêm as tempestades... E lá vem ela, novamente, a depressão.
E agora estou eu, ainda lutando para me livrar dela e longe de conseguir. O jeito é fazer como dizem no vídeo, admitir o problema e mudar de comportamento, pois me comportando sempre do mesmo jeito só posso chegar sempre no mesmo lugar... O princípio da mudança está em mim, em aprender a ver diferente e reagir diferente ao mesmo de sempre. Aprendizado difícil!
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