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Mostrando postagens de novembro, 2013

Esquerda X Direita: o nobre e o ressentido

Por um bom tempo entre as mensagens e material visualizados por mim em facebook predominaram os compartilhados por simpatizantes de esquerda, conhecidos e amigos vinculados a movimentos sociais e vários educadores populares, seguidores dos ensinamentos do filósofo e pedagogo Paulo Freire. Provavelmente por conta dos desdobramentos dos movimentos de junho, este pessoal tornou-se mais silencioso. Creio que estejam por demais ocupados com as atividades práticas exigidas pela educação popular neste momento histórico tão importante. Ultimamente, a orientação se inverteu e os simpatizantes de direita têm se manifestado mais. Na verdade, eles parecem estar gritando bastante... E eu achei até interessante prestar atenção ao que eles dizem. Apesar de não ter nenhuma simpatia pela direita, entendo que meu papel como filósofa – que é o que eu tenho me esforçado para ser –, não é exatamente defender esta ou aquela tendência, mas antes tomar contato e compreender as várias perspectivas próprias ...

O Coração das Trevas - Joseph Conrad

"Um século transcorreu desde a primeira publicação em livro de O Coração das Trevas, um século de luzes ofuscantes e trevas infernais, de maravilhas da ciência e da técnica a serviço do homem e também da destruição de multidões, de prodígios nas artes, na política de povos e nações, na aventura humana, mas de espetáculos estarrecedores de loucura coletiva, de destruição em massa, de atrocidades extraordinárias. Na literatura, profundidades insondáveis da condição humana foram exploradas nos limites extremos do conhecimento e da imaginação por nomes glorificados de todos os continentes, cuja lista ficaria incompleta sem James Joyce, Thomas Mann, Bertold Brecht, Albert Camus, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Jorge Luis Borges, para citar apenas alguns. Com tudo isso, nos últimos cem anos, poucas obras tiveram o glorioso destino de ser o apanágio de sua época e um repertório de premonições como ocorreu com O Coração das Trevas de Joseph Conrad." .

Metal Nacional: Crises do Heavy Metal Brasileiro, um esboço

Nos últimos dias ganharam relevo duas discussões: o mensalão do PT; a situação do Heavy Metal brasileiro. E é curioso observar como duas coisas, aparentemente tão distintas, em essência são iguais. O Heavy Metal brasileiro sofreu ao menos dois golpes fatais. O primeiro aconteceu em meados dos anos 80 quando, recém instalado no Brasil por efeito da Nova Onda de Heavy Metal Britânico, foi atropelado pela maior emissora de televisão do país. Por ocasião do primeiro Rock ‘n’ Rio, a Rede Globo se deparou com um fenômeno novo e, para seus jornalistas, incompreensível. Na urgência de fazer a cobertura do festival, passaram a transmitir imagens de adolescentes em bandos, gritando loucamente, não dizendo coisa com coisa, e logo os batizou como “metaleiros”. A imagem que ficou para a população foi esta mesma, de adolescentes loucos, descontrolados, cabeludos bêbados/drogados, alienados e irresponsáveis, que ouviam uma música barulhenta cujas letras não entendiam. Ocorre que as imagens eram de mo...

Para Além do Nada

Dias desses, passando por aqui, fui surpreendida pelos números. Os contadores me diziam que fecharia 2013 com algo próximo a vinte postagens a menos do que em 2012 e 2011. Embora tenha tido mais tempo vago, escrevi menos. E isso tem muitos motivos. Momentos de perigo sempre parecem associados a riscos e ou alta adrenalina, como nos filmes de ação. Mas, pode ser o oposto. O limiar é silencioso, estático e até tranquilo. É aquele momento em que não há nada a dizer  ou fazer e a esperança, que é sempre a última que morre, sopra um "espere, algo vai acontecer", em defesa da própria existência. O jeito é deixar o mundo girar, pois ele muda a situação de tudo e todos. Esse movimento acaba por impulsionar rumo a saídas para além do nada. Mas, é uma situação em que palavras perdem qualquer importância. Mais uma vez me deparei com a inutilidade das palavras e escrever não fazia nenhum sentido. A catarse se perdeu ao mesmo tempo em que o mundo girava e eu, novamente aos tateios, vivia ...

Evergrey - A Touch Of Blessing

Bem o drama de todo filósofo! Escalando paredes de um circulo infinito Andando por caminhos de que você nunca ouviu falar Lutando em uma batalha infinita Procurando por um propósito mais elevado Afogando-se num rio de traições O frio congelante fará você se arrepiar Junte-se ao mundo de um aprendizado maior Coroe-me rei e sejam meus servos Iludido pela beleza Uma que você encontra raramente Assim amorosa e amigável É apenas um de vários Seus braços abertos Dispostos a me levar sem dúvidas em escolher um mundo livre de pecado Todos os sonhos que eu tive Todos meus desejos do futuro Postos de lado para uma viagem maior Todas as coisas que eu planejei Deixei meus amigos tão friamente Postos de lado por um propósito maior Iludido pela beleza Uma que você encontra raramente Assim amorosa e amigável É apenas um de vários Um único exército Como unido em "um" Um toque de bênção Que não pode ser desfeita Afogado em um rio de traições O frio vai te fazer tremer Junte-se ao mundo do ens...

Bring On The Night

O ano era 1986. Não me lembro em que contexto aconteceu o convite para o giro pela cidade, para uma “atualização cultural”... Aceitei, até porque eu iria de qualquer forma. Bring On The Night, o álbum duplo ao vivo do Sting havia sido lançado há pouco e eu queria comprá-lo. Fomos direto para a Galeria do Rock num sábado à tarde. Caminhamos pelos corredores movimentados, entramos em várias lojas. Fiquei encantada com a vitrine da Dr. Caligari, dedicada à música gótica... E acabei comprando Bring On The Night no finado Mappin. Muitos dos meus vinis foram vendidos em sebos, mas este álbum ainda está comigo.  Naquela tarde, depois do Mappin fomos comer hamburguers no McDonald’s da Av. Ipiranga. Perambulamos pela cidade por horas e jantamos em uma cantina italiana na Rua Augusta. Voltamos para casa tarde, já quase no início da madrugada. E não era a primeira vez, nem foi a última. O tempo voava enquanto falávamos sobre tudo e sobre nada, desvendando o mundo. Essa foi uma relação que ...

Dissonância

  Aparelho antigo de televisão... O primeiro da minha vida consistia de uma caixa de madeira escura envernizada. Dela saía um fio que se ligava à tomada e outro que escalava a parede rumo à antena, na lage. Na tal caixa, do lado de fora se destacava uma tela de vidro cinzento e alguns botãozinhos. Com três, quatro anos de idade, eu acreditava que ali dentro havia um mundo mágico que magicamente se mostrava. Mais tarde a mística se desfez. Entendi que sinais eram captados pela antena e convertidos em imagens e sons pelos tubinhos luminosos que brilhavam dentro da caixa. Não há o que defina melhor como tenho me sentido, orbitando neste século XXI, do que a lembrança daquele primeiro aparelho de TV. Capto sinais que viajam pelo espaço e que são convertidos pelo meu corpo em sons e imagens mentais. Como o espectador que gira os botõeszinhos frontais da caixa mágica, combinando cor, contraste, brilho, eliminando distorções e chuviscos, empenho esforços diariamente para melhorar a clarez...