Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de dezembro, 2013

HIM 2014

Tchau, 2013! Oi, 2014!

Não sei exatamente quando, nem onde, nem como um sentimento de inutilidade se sobrepôs... Inútil escrever! Palavras não mais davam conta de energias exauridas, de esperanças perdidas, de sonhos frustrados. Não podiam representar uma parcela mínima do desespero de todos os choques acumulados, da sólida descrença. Prenúncio foi quando me decidi a colorir paredes e adubar vasos e jardins em substituição ao cultivar letras. Isso foi já em 2012. Meu micro-universo concreto se levantava como antídoto contra a ânsia por conexões impossíveis entre real e ideal, entre o espontâneo e o construir para a elevação nesta sociedade de maluquices avançadas. Sempre espero muito da razão, assim como da sensibilidade e da vocação humana para o superar-se no sublime. Porém, cada vez mais me sinto como coisa fora do tempo e sem espaço. É, acho que sim... Escrever tinha alguma função vital inconsciente. Era uma espécie de aposta na esperança, confesso... Depois de todo um ano observando a desrazão que campe...

O Leitor

Sim, eu sei que O Leitor é um livro já meio antigo, que foi muito lido e até já foi filmado. Mas, eu ainda não havia lido nem assistido. E me surpreendi, pois é o melhor romance que já li em muito tempo... Frases curtas, parágrafos curtos, capítulos curtos que contam uma das histórias de amor mais delicadas e contundentes que li em qualquer época. São muitas as passagens belas que deverei reler tantas vezes quanto meu tempo de vida permitir. "O rosto não estava nem especialmente pacífico, nem especialmente agonizante. Parecia rígido e morto. Após olhá-lo por um bom tempo, o rosto vivo surgia no morto, o jovem no velho. É assim que deve acontecer em casais velhos, pensei; para ela, o homem jovem fica preservado no velho e, para ele, a beleza e o encanto da mulher jovem na velha. Por que eu não tinha visto aquela imagem na semana anterior?" SCHLINK, Bernhard. O Leitor. Rio de Janeiro: Record, 2009, p. 229. .

Feliz Por Nada

"É uma visão generosa da vida: imaginar que os não acontecimentos fizeram diferença, que você está onde está não só por causa das escolhas que fez, mas também por causa das especulações que nunca se confirmaram. Ao manter esse caráter desestressado, eliminamos a palavra derrota do nosso vocabulário e a alma fica mais aliviada, o que não é pouca coisa nesse mundo em que tanta gente parece pesar toneladas devido ao mau humor e ao pessimismo." MEDEIROS, Martha. Feliz Por Nada. Porto Alegre: L&PM, 2012, p. 83.

Até Que a Luz Nos Leve

O sonho de qualquer filósofo (que eu acho que se preza) é viver num Estado de esclarecimento. A figura da antiga Ágora grega, onde todos discutiam os destinos da cidade, é um modelo e uma utopia no horizonte. Mas, admito que não tenho notícias de que tais condições de livre busca pelo conhecimento tenham existido em outro lugar que não naquele espaço privilegiado, naquele momento privilegiado da história da humanidade. O normal é que haja uma elite que detenha o conhecimento e uma massa de ignorantes impressionáveis, influenciáveis, que se contenta com pão e circo. Neste contexto, nascer do povo e tornar-se parte de uma elite de intelectuais é exceção à regra. Entenda-se: "elite intelectual" não implica necessariamente ter diploma, mas fazer-se herdeiro da herança cultural dos nossos antepassados e, como certa vez ouvi de um professor, tornar-se um gigante por "subir nos ombros de gigantes" e com autenticidade. Cada vez mais acredito que a formação de homens diferen...

Curinga

"... o que você faz se, ao chamar o elevador de um prédio estranho, à noite, a porta se abrir e lá dentro estiver um sócia do Curinga, com uma cicatriz perturbadora na face e vestindo um sobretudo enorme que poderia muito bem esconder duas pistolas, três granadas e um rifle? Você certamente teria uma vontade súbita de descer pela escada e sumiria de vista. Pois eu entraria no elevador toda faceira, daria boa noite e faria comentários sobre o clima, pois deus que me livre de ele achar que sou preconceituosa e que sua aparência me fez pensar que ele pudesse ser um esquartejador de mulheres. Por que ele não pode ser um pai de família como qualquer outro?" Palavras da Martha Medeiros. "Sou eu" pensei, quando li... "Ela está falando de mim!" Me veio à mente as muitas vezes em que todos os meus instintos vibravam, alertando para a roubada em que eu estava me metendo, gritando que eu não deveria entrar no elevador... Sempre fui boa em ignorar meus instintos na es...

Esperança