“— Ei, Case — ela disse, mal pronunciando as palavras. — Está escutando? Vou te contar uma história... — Ela se virou e inspecionou o corredor. — O nome dele era Johnny.
(...)
— Sabe, meu Johnny era um garoto muito inteligente, supersacado. Começou como armazenador em Memory Lane, tinha chips na cabeça e as pessoas pagavam para esconder dados ali. A Yak [Yakuza) estava atrás dele na noite em que a gente se conheceu, e eu matei o assassino deles. Foi mais sorte do que qualquer coisa, mas fiz aquilo por ele. E, depois disso, as coisas foram muito bonitas, Case. — Os lábios dela não se moviam. Ele a sentia formar as palavras; não a ouvia formá-las em voz alta." (p. 208)
"— Nós tínhamos um esquema com um SQUID, para podermos ler os vestígios de tudo o que ele já havia armazenado na vida. Salvamos tudo aquilo em fita a e começamos a espremer clientes selecionados, ex-clientes. Eu cuidava da bagagem, da vigilância e da porrada. Eu era feliz de verdade. Você já foi feliz, Case? Ele era o meu cara, A gente trabalhava junto. Parceiros." (p. 208-209)
GIBSON, Willian. Neuromancer. Trad. Fábio Fernandes. 4 ed. São Paulo: Aleph, 2008.