Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2015

Ciranda II

A cada dia ao relembrar me arrasto em vida negando resultados me encolho em dias  .  .  .  . (Helena Novais, Avulso s, em 06.11.2011)

Ciranda I

Todos os dias ao despertar me lembro de ti Jogando dados negando resultados me ignora em chamas (Helena Novais, Avulsos , em 06.10.2011)

Baile

Dançarei em meu telhado esta noite deslizarei no ar Mozart regerá o Réquiem Marionetes e bêbados pierrots e arlequins coros e rendas num baile de máscaras perfumadas Dançaremos em meu telhado esta noite Venha, Benjamin, deslizar no ar...   (Helena Novais, Avulson, em 08.10.2011)

Mask

Vamos à opera, Benjamin? santos nos esperam Caravaggio será anfitrião em camarote de esferas pintará escadas para o céu borrifando vinho no ar fará surgir um leito de flores sobre espumas do mar Morreremos de amor! (Helena Novais, Avulsos, em 06.10.2011)

Pontes

  Há uma ponte que não atravesso Há dias cinzentos que não anoitecem Prolongam-se, esticam-se, confundem-se com a ponte que liga destinos Tudo é um só cinza E no cinza vejo o verde Aquelas pupilas vítreas que modulam cores, mesclam-se à luz dos holofotes, roubam as energias do dia, acumulam a luz do sol, do meu sol. (Avulsos, em 01 de feverero de 2013)

Cruzamentos

Sou assim, essa coisa estranha que não é um, não é nenhum.  Tenho inumeráveis cicatrizes na alma e pouca esperança de apagá-las neste mundo doido onde um são todos. Volta e meia tento fugir do fogo, escondo-me em jardins na fenda espaço-tempo.  Escondo-me, exponho-me...  Ao relento, volto a ser órfã com esperanças renovadas, com muita, pouca ou nenhuma energia para fazer girar a roda da fortuna. Forças evaporam um pouco a cada dia.  Tropeço em faróis vermelhos, amarelos ou verdes. No trânsito incessante, me perco em sinônimos de múltiplos sentido. Sou duplo, sou um, sou todos. (Helena Novais, Avulsos, em 17.11.2012) 

Entre Amor e Ódio, Lucidez

A sabedoria nem sempre pode se dar ao luxo de aparentar amorosidade. E o ódio não é sábio nunca. Estar cercado pelo não previsto ou desejado, pelo que causa medo e horror, pelo que não pode ser controlar, mergulhado em perdas e ausências, dói, tortura, desespera. No auge, imperam ódio e destruição disfarçados de justiça, que se voltam contra tudo e todos. Estar cercado pelo que não se desejou, também pode provocar o abrigar-se em manifestações de paz e amor alienado. É o fazer de conta que o não desejado não existe ou que pode ser anulado num passe de mágica com o surgimento de um arco-íris. Sorrisos forçados tentando passar por naturais, otimismo exagerado sempre com uma frase pronta de autoajuda na ponta da língua, superficialidades que tentam se passar por sabedoria. É a própria negação da complexidade camuflada na representação de bom senso e boa vontade. O estilo paz e amor alienado pode ser tão destrutivo quanto o ódio destruidor, ou mais. Ambos são cegos. Para o desesperado que ...

Melissa

Ela despreza a inteligência emocional. Ela é um poço de passionalidade, uma bomba relógio de emoções avassaladoras transitando em bailes de máscaras e salões labirínticos. Sua instabilidade se mostra por interesses diversos, na recusa a focos limitantes e fronteiras previsíveis. Em tempos de cérebro padronizados em linha de montagem (sempre), o padrão é a meta. Ela corteja as curvas suicidas, as subidas estafantes, as descidas abruptas, a agonia do incerto, o terror do inesperado impreciso. Não os procura. Eles se apresentam e a movem. É uma vida de crise a dela. Estraçalha-se em sentimentos, afogando objetivos em mares nunca antes navegados. Ela é um carro desgovernado, um risco para passageiros fracos e pedestres temerosos. Isso é o que ela é. Uma essência não deve sufocar-se para viver trajetórias formatadas. O novo pode ser criado apenas pelo autêntico. (Helena Novais, Avulsos, 03.08.2015) .

Zarpando

E ela parou de escrever porque se fazia outra... Em confusão de pensamentos e sentimentos ninguém é nada. Permaneceu inerte   frente a caminhos oblíquos. Sem ir ou voltar, permaneceu. Faltou o que movesse escolhas. E ela não escolheu. Soltou-se no vácuo de energia, numa fenda espaço/tempo enquanto o mundo girava e seu eu se reconfigurava deslizando em si. Sem amor, sem ódio ou afogada neles. Sem esperanças, sem convicções ou inconscientemente mais plena do todo do que jamais esteve... E sem talento, sem gosto para vitimismos, para coitadismos... Tudo é existência. Os dias tornaram-se escuros, mas ela não quis falar de escuridão.   Os excessos cansam tudo e todos. Surfando em si não saiu do lugar e viajou por mares distantes. Reecontrou paisagens em formato sentimento, de cores, cheiros, sensações não apagadas. Fluídos demais, não são nostalgia. Algo entre memória sufocante e saudade do nunca vivido. É uma viagem que se faz só enquanto outros murmuram, se sacodem, se revoltam, ...

Sobre Morte em Veneza

Este é um filme da década de 70 que só assisti recentemente, em fim do ano passado. Nos momentos finais de exibição me peguei de olhos arregalados, que escorriam lágrmas, e queixo caído... Luchino Visconti consegui filmar uma representação irretocável do que passam e com ele das vidas que se cruzam momentaneamente enquanto se transformam irremediavelmente. Ao procurar um filme para comentar, inaugurando a minha parcticipação no Obvious , não tive dúvidas de que Morte em Veneza seria a escolha perfeita. Eu queria algo impactate e de uma beleza líria, por isso optei por uma leitura platônica.  Mas, uma interpretação platônica não é a única possível, claro, embora me pareça mais de acordo com a visão de Visconti.