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Mostrando postagens de 2016

As Faces de Freddy

Um filme: As Faces de Helen. Chamou minha atenção por causa do nome da personagem (claro!) e porque tem Ashley Judd (a mãe da Tris de Divergentes). Não li nenhuma sinopse, não sabia do que se tratava e parei para assistir no final da tarde de um enfadonho domingo de natal. É sobre depressão. A história de Helen, uma musicista e professora universitária bem-sucedida, mãe e esposa amada e admirada, e também de sua aluna Mathilda. Ambas às voltas com crises de depressão suicida. O filme é triste, mas não chega a ser desesperador. A diretora, Sandra Nettelbeck, soube fazer um longa que é até instrutivo para quem ainda acha que depressão é “frescura”, porém sem ser chato ou negativo a ponto de beirar o insuportável. Dá para assistir numa boa. E o destino das personagens me fez lembrar as palavras do Spinoza: "Nossa felicidade ou infelicidade depende da qualidade do ser com o qual nos unimos por amor"... Depende, mesmo! Em boa parte, pelo menos. E o ser mulher, na história, tem alg...

Mensagem na Garrafa, Ano 3, Número 3

"Outro dia tropecei em você... Há quanto tempo... Anos! E senti sua falta. Em alguns dias mais do que em outros, mas sempre. E nunca deixei de querer lhe dizer que sinto muito... Sinto muito que nossa história tenha começado quando eu ainda tentava enterrar uma outra história ruim que me fazia muito mal... Sinto muito que a história ruim tenha me feito entender tantas coisas ruins que me fizeram sentir muito mal e por tanto tempo... Sinto muito que tudo tenha se transformado em uma confusão enorme e frustrado tantas expectativas. Sinto muito que você tenha pensado que eu me sentia mal apenas por causa de um amor platônico que não me abandonaria... Sempre soube que você era um romântico disfarçado de libertino. E eu nunca disse ser o que eu não era... Mas, sinto muito, que você tenha acreditado que nosso começo de história tenha sido apenas uma brincadeira da minha parte, porque o amor platônico era o que ficaria... Não ficou. Sinto muito pelos anos de depressão que enfrentei sozin...

Calando e Não Consentindo

Tenho poucos amigos, mas se dissesse tudo o que penso teria uma legião de inimigos...  Muitas vezes me calo para não ferir pessoas por quem tenho o mais sincero afeto e, também, porque não me acho a dona da verdade. Não acho que tenho o direito de julgar alguém. Mas, tenho opiniões. Não há como não tê-las.  Verdade que nem sempre eu consigo me calar, e aí é desastre na certa. Ou fico com o não dito entalado na garganta e alimentando a minha depressão, ou acabo desagradando alguém. Ninguém gosta de ver o lado mais indesejado de sua personalidade ou situação exposta num espelho para quem quiser ver, ou sentir o dedo de outro na própria ferida. Dói. E como dói! Para remediar, posso dizer: estar não é ser, então conheça-se e aperfeiçoe-se, se te interessar.  Por exemplo, na última semana flutuaram ecos no espaço sobre maternidade e a falsidade do tal "instinto materno", que não seria mais do que a reação das mulheres às ideias socialmente construídas sobre ter ou não filhos, ...

Legítima Defesa

Abaixo o volume, ou desligo. Não me toque, fique longe. Apague a luz. Odores, só aqueles do passado, das memórias. Pão assando no forno à lenha da padaria da vila, calda de caramelo derretida no fogão caseiro, bolo assando em fim de tarde. Minha posição preferida é a fetal. Meu lugar preferido é meu quarto isolado, no escuro, silencioso e inodoro. Desconecto do mundo, reconecto em mim. Os melhores dias foram os mais simples. Viver o amanhecer, o entardecer e o anoitecer, em ritmo marcado, em compasso constante, eram os únicos compromissos urgentes. As coisas nunca davam certo. Mas, até os erros eram intrínsecos. Natureza que me atravessava sem imposições. Minto... Tudo sempre foi imposto, desde a concepção. Liberdade é uma fantasia imposta na recusa do exterior, quando os erros me invadem pelos sentidos, construindo morada em mim. Fantasia da fantasia foi me apartar de você. Se a esperança é última que morre, ela mata. É a assassina potencial de eus. Sábio enfraquecê-la até minguá-la, ...

Ancorando

 A vida andava mesmo muito confusa. E eu com tanta saudade daqueles dias em que era tudo simples. Um despertar, um existir em sintonia com o que estava ao lado, olhos e ouvidos ancorados no que se estendia à distância de um olhar em linha direta e sem intermeios.  Então fui, parti sozinha em sentido contrário, de fora para dentro, buscando um lugar confortável para dali observar todas as coisa, com distanciamento, desapaixonadamente. Sem gritos irritantes, sem sussurros desviantes, sem saltos imprevistos, sem desvios de rota. Ou com o mínimo de desvios de rota.  Num momento o real virou caos e eu perdida no turbilhão, arrastada por modos que não eram e não são meus, definhava. E retornei porque o melhor lugar do mundo é a minha casa. Não a que me rodeia, mas o lar que trago por dentro. .

Rest in Peace

  Não sou uma escritora. Não do tipo que escolhe um tema, que cria personagens fictícios, que estrutura um texto. Não planejo, não defino estruturas e não escolho palavras. Elas me escolhem, me agarram, penetram meu cérebro e escorrem pelos meus dedos por impulsos. São orgânicas, sedutoras, ditadoras que se insinuam e se impõem. Não há nada que escrevo que não seja um eu pontual e sem invenções. Fluxo. Momentânea nudez em palavras. Ando avessa a longos textos de Internet. Essas coisas cansativas e pretenciosas. Morri, renasci. Minhas percepções mudaram. Minha disposição mudou. Sejamos breve, pois a vida é breve. Cada vez mais menos precisa ser dito. Mas, o não dito sufoca. David Bowie morreu. Eu ainda não acredito... Mas, sufoco. As palavras se contorcem, estremecem, se encolhem e fogem de medo. As palavras se dão conta de sua inutilidade, mais uma vez... Palavras, sejam corajosas! Bowie talvez seja o mais perfeito exemplo de vida autêntica, de homem que ao moldar-se moldou um mun...