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De Volta ao Confessionário


Comecei a falar sobre mulheres e fiz referência à sororidade como desdobramento de minhas lembranças sobre relacionamentos antigos. Sim, confesso, quando muito jovem me apaixonei por um homem bem mais velho, casado e pai. Na época, fui incapaz de lutar por mais tempo e espaço em sua vida. Usurpar parte do pouco tempo que ele poderia dispor para conviver com os filhos? Não pude... Não podia correr o risco de provocar naquela família os mesmos danos que foram provocados na minha. Eu sabia o que era um pai ausente e uma mãe inconformada... E como não ter zelo pela vida dos filhos do homem que eu amava? Como não gostar dos filhos que eram parte dele?

Hoje compreendo mais claramente o que antes apenas pressentia vagamente: mulheres, mesmo nas situações mais desagradáveis, podem desenvolver relações de cooperação e fraternidade. Luana Piovani e Cintia Dicker dão um exemplo lindo! E que pena não ter sido assim entre minha mãe e minha madrasta. E não foi até porque os tempos eram outros...

Não sou a primeira e nem serei a última a dizer que nossa sociedade é hipócrita, de uma hipocrisia que adoece corações e mentes. E como dói libertar-se das amarras! Crescer dói… Mas, com o tempo a dor vai diminuindo... E a vida segue.

A foto é do delicioso Adoráveis Mulheres, de 1984. Alusão àquela fase da vida em que os grandes problemas ainda não começaram ou não são percebidos.