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"São Fáceis Porque São Pobres"

"Nossa, Helena, que falta se sensibilidade evocar Voltaire numa hora dessas! Como assim, cuidar do próprio jardim? Fica parecendo que você não se importa com a guerra!"

Bem, eu me importo com TODAS as guerras. E quando foi que não se teve um conflito armado em andamento, mesmo? Também me importo com a seletividade... Por quê uma guerra merece mais holofotes do que outra? Por quê a imprensa precisa de uma nova pauta-bomba para substituir o desgastado tema covid?!

Me incomoda, imensamente, a manipulação midiática da atenção das pessoas e como ela molda e confunde as subjetividades... Mas, isso é novidade?  Cada vez que alguém contrata uma ação de marketing não é isso o que se faz? Alguém já ouvir falar de algo como "propaganda crítica"?! Imagine uma campanha de marketing que diga "olha, esse produto tem a vantagem a, b, c, d... Mas também tem a desvantagem x, y, z"... Não existe! 

Porém, jornalismo e marketing são mais próximos do que se pensa, ou do que se deseja fazer crer, afinal ambos são inseparáveis de fatores motivacionais. E está claro quais são os deuses que importam hoje: o Deus Dinheiro, o Deus Lucro, o Deus Aparência, o Deus Sistema. São eles que ditam as escolhas. (E eu disse "hoje"?!) Não que essas coisas não sejam importantes, mas há de se ter discernimento! 

Quando foi que a dita "elite" pensou bem das "classes populares"? E quando foi que os liberais machista deixaram de pensar (e agir de acordo) que mulheres, sejam pobres ou ricas, são presas a serem conquistadas para a satisfação deles? Qual a novidade na frase "elas são fáceis porque são pobres", dita por um moleque, de caráter essencialmente duvidoso, em zona de guerra internacional? 

As lindas mulheres pobres ucranianas não são (ou estão?) pobres por acaso... Não foram seus ancestrais impedidos de evoluir porque as "elites" não evoluem, mas também não saem do meio do caminho? Até hoje o ideal nietzschiano do super-homem que "transborda benignidade" é tão idealista quanto o mundo das ideias platônico (Nietzsche que me perdoe no além!). 

O que mais me importa hoje - e importa tanto, com tal intensidade, que esquecer é condição de manutenção de sanidade -, é que o tempo passa e, no geral, o povo não aprende nada como a História, afinal tem suas atenções manipuladas o tempo todo... Se surpreender que alguém do MBL diga a famigerada frase é de uma ingenuidade... A novidade, sim, é que os ratos direitistas estão se esquecendo de interpretar, com máxima eficiência e cuidado, o papel recomendável à garantia da maior respeitabilidade pública. Estão esquecendo de ser hipócritas com a máxima eficiência! E suas escorregadas vão mudar muita coisa? Improvável... Afinal, no geral não se aprende nada com a História... Duvido que Do Val não se reeleja como deputado ou vereador! Até porque, também, ele está longe de ser o único liberal machista mal disfarçado em São Paulo. Muito longe!

Viver em sociedade é estar, o tempo todo sujeito à manipulação e à unidimensionalidade. Resultado: como é difícil evoluir eticamente, não?

Comentário contundente que li em algum lugar: "desejo que o mamaefalei se case e tenha filhas, só filhas, porque daí ele vai aprender que é preciso respeitar as mulheres"... Eu, que ando bem cética, completo com um "talvez nem assim"! 


Imagem: Vendedoras de Flores de Londres, de Gustave Doré (1875)