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Bolhas e Personas

Quero falar sobre a minha relação com a Internet, suas redes sociais, e sobre as "pessoas" que "sigo" virtualmente. As aspas são importantes, pois tenho bem claro que há distancias entre o que eu vejo, ouço e como entendo, e alguém que  é (em algum espaço tempo) pretende transmitir, a persona criada para o mundo. São fragmentos esses sinais virtuais, que eu interpreto... Mas, não é sempre assim, também nas relações cara a cara? Às vezes mais... em outras as distâncias diminuem...

Houve um tempo em que as pessoas caminhavam juntas, lado a lado numa mesma direção, para depois seguirem caminhos diferentes. Distanciando-se, perdiam-se de vista, desapareciam do campo de visão uma da outra. A Internet trouxe a possibilidade de manter à vista o que segue ao longe, ou de periodicamente se rastrear algum sinal de quem saiu da vida "concreta" do outro... E não sei dizer se isso é bom ou ruim. Muitas vezes nos mantém atados a laços que deveriam ser rompidos, ou não... Sempre me vem à mente um antigo horóscopo do Quiroga, que li na adolescência em um jornal, algo como "o único pecado real é a ruptura".

De qualquer modo, independentemente da distância entre o real do ser que é e a imagem projetada em ambiente virtual, classifico os meus "seguidos" como "os da minha bolha"... 

Houve uma fase breve em que se falava mal das "bolhas", se escarnecia daqueles que se mantinham em suas "bolhas", ou seja, em seus mundos delimitados, povoados por seres agradáveis, por ideias agradáveis, a salvo de conflitos e de quaisquer aborrecimentos. Não demorou para que tais críticas deixassem de fazer sentido, pois começou a emergir a percepção de que é necessário preservar-se. É condição de equilíbrio emocional, de saúde mental, estar em espaços que fortalecem, onde se é atingido, somente ou predominantemente, por energias positivas, por boas vibrações. É necessário energizar-se, fortalecer-se para enfrentar conflitos sem perder-se de si e adoecer. 

Na minha bolha, portanto estão aqueles que me transmitem sinais positivos, afirmadores da vida. São as pessoas, ou personas, com quem aprendo coisas, que de algum modo me fazem considerar novas perspectivas, acenam com formas e possibilidades interessantes. Geralmente, o que "me pega" não são discursos relativos à moralidade, ao certo ou errado, e sim formas esteticamente falando.

Irremediavelmente fora da minha bolha estão aqueles que não me acrescentam nada que fortaleça minha vontade de viver, nenhuma nova perspectiva, nenhum novo conhecimento. Aqueles que não se importam com cultura, com autodesenvolvimento, que são agressivos com que sabe mais e ou acomodados na ignorância, na alienação e na mediocridade. Esses, no entanto, também têm suas próprias bolhas.

Vez ou outra saio da minha bolha e faço sobrevoos sobre bolhas alheias. Claro! Afinal, não sair seria me alienar das coisas do mundo e de complexidades mais abrangentes. Então, saio. E passeio, sim, transito. O Transhumanizando é resultado desse meu transitar. Que os de fora da minha bolha fiquem apenas por lá. Aqui, no Luzes e Sombras, quero falar sobre aqueles que habitam a minha bolha, quero escrever sobre os motivos deles serem "os meus escolhidos", o que aprendo com eles, o que sinto a partir dos sinais que eles emitem. No geral, sou grata por eles me energizarem, fortalecerem, impulsionarem no sentido de expandir meu universos de considerações. E são muitas "pessoas", e muito preciosas. Vou falar sobre elas aos poucos, em novas postagens.