
Me apaixonei por ele à primeira vista, e no dia de sua morte... É, a Internet faz dessas coisa com a gente! No dia 19 de abril de 2023 a imprensa mundial anunciava que ele havia sido encontrado sem vida, em sua residência em Gangnam, Seul, Coreia do Sul... Daqui, São Paulo, eu avistava a notícia em um site qualquer... Nunca tinha ouvido falar dele, mas diante do sorriso generoso não pude não me interessar por corrigir a minha ignorância e buscar saber quem ele havia sido, o que havia feito neste mundo, o que havia acontecido com ele.
Descobri um menino-homem, cuja vida transcorreu na fronteira entre a arte e a indústria cultural desde muito cedo. Ele começou a trabalhar ainda criança, como modelo, estudou artes e foi treinado para ser um ídolo do k-pop. Transformou-se no retrato da perfeição, dono de uma imagem luminosa que misturava beleza física com pureza de alma. O bom moço! Cantor, compositor, ator, apresentador de televisão, coreógrafo e, principalmente, um dançarino capaz de movimentos fluídos, flexíveis e de uma precisão deslumbrante!
E sua história me lembra tanto a de Michael Jackson... O menino colocado sob os holofotes tão cedo e que se perdeu por não ser dono do próprio tempo, por ser colocado em situação de não ser capaz de manter-se a salvo dos efeitos destruidores da fama.
Musicalmente sempre me mantive mais voltada para o universo do rock, em especial do heavy metal, por isso nossos caminhos virtuais não se cruzaram enquanto ele vivia, apesar de sua fama na Coreia do Sul, na China, no Japão, Filipinas, Tailândia e entre os fãs de k-pop espalhados pelo mundo. E ela, a sua fama, estava em processo de expansão. Em fevereiro havia sido anunciado que ele faria show no Brasil, em junho, além de passagens pelo Chile e México.
Até onde se sabe (e ainda se sabe muito, muito pouco, quase nada), Moon Bin tirou a própria vida... Ele tinha 25 anos! Era um jovem brilhante que tinha a idade que bem poderia ter um filho meu. E por isto, também, lamento tanto! E, assim, seu nome entrou para uma lista de ídolos do k-pop que fizeram o mesmo, desistiram de viver... Na Coreia do Sul o suicídio não é algo esporádico mesmo entre os não artistas... (Quero falar sobre isso e pretendo fazer em breve lá no Transhumanizando).
Procurando informações sobre Moon Bin descobri também seus companheiros, os membros do grupo chamado Astro do qual ele fazia parte. Não me lembro de ter conhecido nenhuma boy band formada por rapazes mais simpáticos, belos e divertidos. É verdade que eles foram exaustivamente treinados para aparentar serem espontâneos e felizes bobos alegres compartilhando amizades inabaláveis. Nenhum detalhe num grupo de k-pop é deixado ao acaso. Mas, há algo mais que não pode ser falsificado: o carisma e o talento. Entre talentosos carismáticos, Moon Bin foi e é a estrela mais brilhante.
Tenho dificuldades para minimamente compreender o mundo em que ele viveu, aquele canto coreano e asiático tão enigmático do planeta, com sua língua tão diferente, seu alfabeto de símbolos tão desafiadores, sua história e tradições tão intrigantes... E como tudo isso é impactado pelo capitalismo e seus vícios? Lendo comentário sobre a morte e os funerais reservados de Moon Bin demorei a me lembrar do óbvio, ou seja, de que as crenças coreanas não têm como ser puramente cristãs. Há um emaranhado de referências budistas e confucionistas. A crença em vida após morte e reencarnação são muito fortes... O memorial que disponibilizaram para peregrinações em sua memória, no templo budista de Gukcheongsa, construído em uma fortaleza do século XIII, é algo cuja magnitude de significados eu mal posso vislumbrar... De qualquer forma, para mim, mulher ocidental, são modos de pensar bem pouco consoladores. Aquela estrela tão brilhante, chamada Moon Bin, passou pela Terra e se desfez deixando um véu de tristeza profunda que também me envolve... Dele ficaram as memórias de quem o conheceu e a seu trabalho, as imagens e os sons gravados. E há muita beleza e alegrias ali! É um material vasto!
Relacionados a ele, claro, ficaram também seus companheiros que se tornaram habitantes da minha bolha digital, Cha Eun Woon (o modelo que é o rosto da marca Dior e da joalheria francesa Chaumet, e que mais parece um príncipe), Jin Jin (o líder e rapper alegre e sorridente), Rocky (outro cantor e dançarino deslumbrante, agora no caminho de artista independente), MJ (atualmente sargento do exército sul-coreano, em seu serviço obrigatório) e Sanha (o mais jovem do grupo, o caçulinha da família, com quem Moon Bin fazia dupla e estaria passando pela América Latina neste ano), além de sua irmã e também ídolo k-pop, a menina Moon Sua, membro do girl group Billie.
Não pretendo me tornar uma seguidora de k-pop. Mas, essas pessoas, suas histórias e criações têm o meu interesse e o meu carinho.