Há exatamente dois anos, estudando Estética, o professor fazia com que minha turma lesse Antígona, a tragédia Grega. Uma leitura conjunta do tipo jogral. Mas, eu não precisava ler Antígona para saber que estava vivendo uma tragédia pessoal. Vivia o sentimento de que toda a minha vida estava fatidicamente destinada a precipitar-se num abismo, que então se abria à minha frente. Aprendi muito bem o que é uma tragédia e o que é cair em abismo. Justamente por ter vivenciado tão plenamente é que a situação acadêmica agora se repete. O mesmo professor renovou a sua proposta e, novamente, estou em situação de ler Antígona, a tragédia, com os colegas estudantes. Nesse meio tempo, o que eu ainda não aprendi é sobreviver a tragédias. Ou melhor, aprendi que a gente não sobrevive. A Helena que lia Antígona há dois anos morreu. Não é a mesma que lê Antígona hoje. E esse novo ser que surgiu, essa nova configuração que eu ainda não conheço, ainda não sabe bem como existir neste tempo confuso. Não sabe...
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