Você acredita em amor à primeira vista? Não conheço um amor que não me tenha nascido à primeira vista, em um tropeçar em alguém e sentir que ali, diante de mim, está um ser diferenciado. Não importa se é alto ou baixo, magro ou gordo, bonito ou feio, pobre ou rico. O que conta é aquela identificação inexplicável, repentina, surpreendente e paralisante. Um comunicar-se sem palavras, um sentimento profundo de falar uma língua comum que flui de uma forma que a gente não entende e nem precisa entender, pois não é para entende apenas viver.
É como se todo o universo houvesse conspirado para que aquela pessoa se revelasse naquele exato momento e o mundo mudasse de cor pelo encontro de dois seres complementares. Daí duas crianças se olham nos olhos maravilhadas, como se vissem o mar pela primeira vez e se dessem conta de que podem navegar porque a distância lhes pertence. O mundo fica imenso, mas todo concentrado ali, naquele encontro.
E eu havia me esquecido de como isso é lindo, de como milagres acontecem e que eu posso vivê-los. E é lindo porque anula tudo de ruim, como mágica. E hoje eu brinquei imprudentemente, ri com risos dos quais não me lembrava mais, tirei do baú aquelas covinhas nas bochechas que eu não achava mais que tinha, rejuvenesci dez anos quando já me sentia uma idosa aposentada. E vou dormir com os olhos brilhando como estrelas, com um sorriso feliz e uma imagem grudada na mente.
Não é para durar. Talvez não passe de hoje. Não pode durar. Mas sem dramas é que se vive a vida. E por hoje só posso dizer: Obrigada por isso!