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Mostrando postagens de 2020

Gratidão

Minha história com Nietzsche começou em fins de 2009. Meu colega de turma e amigo Daniel Borgoni, então tomou conhecimento de que aconteceria uma aula especial sobre o filósofo sala e me convidou para assisti-la. Fomos e passamos cerca de duas horas ouvindo a professora mais apaixonada e apaixonante comentando sobre a vida e a obra de Nietzsche… A Doutora Luciana Zaterka seria nossa professora no ano seguinte, nos apresentaria Spinoza e Nietzsche de forma magistral. Seu amor pelo que faz é realmente cativante e me cativou! Ainda hoje eu costumo pensar que a Lu, como tão carinhosamente seus alunos a chamam, foi a pessoa que começou a me desconstruir no primeiro semestre de 2010, com Spinoza e que, no segundo semestre daquele ano, acenou com a possibilidade de reconstrução a partir da filosofia nietzschiana.  Quando ela explicava que, para Spinoza, o corpo é memorioso, eu entendia que todas as coisas que eu vivi me constituem… Não existe o “passou!, “ficou para trás”… Não! Tudo o que...

Influências

Não tenho dúvidas de que nos últimos dez anos a pessoa que mais influenciou as bases da minha formação foi o meu professor de Filosofia Política no Bacharelado, meu orientador de iniciação científica. Dele eu guardo dois excelentes conselhos: 1) pensar contra; 2) escrever a partir das minhas experiências de vida.  “Pensar contra”, não para “ser do contra” ou entrar em disputas do tipo “quem sabe mais”. Mas, no sentido de procurar as falhas de uma teoria, de maneira a ajudar a aperfeiçoá-la ou refutá-la, sempre com a motivação de construir novos conhecimentos. Ninguém sabe tudo. Porém, a partir do que outros pensaram é possível ir além, conjuntamente, acrescentando novos tijolos à construção da cultura de toda a humanidade.  Demorei muito a entender como as minhas encucações poderiam ser transformadas em Filosofia… Por muito tempo não fiz ideia! Como as minhas lamúrias poderiam se converter em Filosofia? Ora, o sofrimento é o caminho... Ano passado, 2019, voltei a assistir suas...

Sobre Violências

Eu tinha 5 anos de idade. Brincava com uma amiguinha no quintal de casa, quando um homem se aproximou do portão, fez um gesto como que nos chamando, enquanto colocava à mostra o seu pênis.  Eu tinha 6 anos de idade. Numa noite chuvosa, minha mãe estava sentada na cama, embalando meu irmão recém-nascido. Ela chorava enquanto meu pai se arrumava para sair e encontra-se com a amante.  Eu tinha 7 anos de idade. Adorava minha professora da primeira série, quando decidiram que eu não era digna de estar na primeira série A e me separaram dela e da turma, com a qual eu já estava acostumada, para me colocar “no meu lugar”.  Eu tinha 12 anos de idade quando meus pais se divorciaram. Eu nunca mais vi meu pai. Minha mãe criou os dois filhos sozinha.  Eu tinha 16 anos de idade. Trabalhava num escritório de contabilidade e fui buscar um café na cozinha quando fui agarrada pelo meu patrão.  Dos 16 aos 32 anos tive que me preocupar em me desviar dos “apertos” em metrôs e ônibus...

Polindo as Lentes

Quanto à internet, depois dos sites e e-mails, os blogs foram a melhor coisa que inventaram. Na verdade, essas três ferramentas juntas já seriam o suficiente para dar conta do mais necessário em termos de comunicação em rede. As redes sociais são invencionices muito convenientes à turma do marketing, e só. Meus blogs pessoais sempre atenderam a necessidades terapêuticas. Neles eu falo comigo mesma, já que falar com psicólogos seria por demais dispendioso. E parei de escrever em blogs há mais de um ano e meio, porque não estava conseguindo atingir o estado de concentração adequado aos profundos mergulhos existenciais. Vários pensamentos surgiam na minha mente o tempo todo, como pipocas pulando em uma panela. Na época, isso me pareceria o efeito do uso das tais redes sociais, do muito tempo conectada a fluxos de informação que evoluíam em ritmo acelerado. Ainda aceito essa explicação.  Alguém já disse que as redes sociais vão destruir a Internet. A Internet eu não sei, mas certamente...

Conceitos

Quem publica um texto sobre algo, geralmente pretende transmitir uma mensagem e ser compreendido. Para tanto, deve explicar, em detalhes, o que entende ser esse “algo” sobre o que escreveu... Se o escritor não explicou o que é o “algo” sobre o que fala, seu leitor entenderá que tal coisa, assim como o escritor a entende, é igual ao que ele próprio entende… Raramente acontece essa coincidência.  Então, as pessoas falam, falam, falam, brigam, se engalfinham… E estão falando de uma mesma coisa!  Se você, caro "escritor", quer discutir sobre “natureza humana”, por exemplo, esclareça o que VOCÊ entende ser “natureza humana”, para que seu leitor saiba de que você está falando.  Imagem: https://images.app.goo.gl/XcxGhJwGtLKPmwtT6

Estes Dias

William Blake, com a sua “ estrada do excesso ” para o “ palácio da sabedoria ”, equivoca-se... A sabedoria – por seu caráter de amplitude, de totalidade – não é algo que se atinge pelo excesso e sim por mergulhos em profundidade. O poeta do século XIX não poderia prever a confusão em que a humanidade esteve presente dois séculos mais tarde, e como isso relegaria sua fala a um lirismo distante da realidade. Belo, mas irreal!  Em meio aos excessos de dados, de opções, de possibilidades, chegamos ao cansaço, à vertigem, ao vazio, à inércia... Como colecionadores de borboletas que guardam seus exemplares desordenadamente, certos pretensos “sábios” da atualidade colhidos ao acaso. Assim, pronunciam delírios e criam desastres! Já a máxima de Delfos, “ Conhece-te a ti Mesmo ”, atravessando os séculos e milênios para continuar atual. Nas primeiras décadas do século XXI, para manter a razão unida à afetividade no comando dos dias, são travadas lutas exercidas... Claustros se fazem novam...