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Gratidão


Minha história com Nietzsche começou em fins de 2009. Meu colega de turma e amigo Daniel Borgoni, então tomou conhecimento de que aconteceria uma aula especial sobre o filósofo sala e me convidou para assisti-la. Fomos e passamos cerca de duas horas ouvindo a professora mais apaixonada e apaixonante comentando sobre a vida e a obra de Nietzsche… A Doutora Luciana Zaterka seria nossa professora no ano seguinte, nos apresentaria Spinoza e Nietzsche de forma magistral. Seu amor pelo que faz é realmente cativante e me cativou!

Ainda hoje eu costumo pensar que a Lu, como tão carinhosamente seus alunos a chamam, foi a pessoa que começou a me desconstruir no primeiro semestre de 2010, com Spinoza e que, no segundo semestre daquele ano, acenou com a possibilidade de reconstrução a partir da filosofia nietzschiana. 

Quando ela explicava que, para Spinoza, o corpo é memorioso, eu entendia que todas as coisas que eu vivi me constituem… Não existe o “passou!, “ficou para trás”… Não! Tudo o que eu vivi alterou a minha constituição físico-química e o meu corpo é resultado dessas alterações… Claro! Faz todo o sentido… Daí que a medida que as aulas sobre Spinoza se desenrolavam, se tornava inevitável que eu mergulhasse em uma retrospectiva de toda a minha vida, uma retomada do que eu havia vivido para compreensão do que eu era naquela época… E esse processo levou cerca de seis anos. Foi aquela fase que Nietzsche identifica como de niilismo, ou vontade de nada, em consequência da destruição de antigos valores e a construção de novos… E ninguém passa por isso sem conflitos e sofrimentos. 

Em 2016 dei início à caminhada para o Mestrado, como aluna especial, estudando Teoria Crítica. Tive síndrome de pânico e percebi que não dava mais para me preocupar com a sociedade quando eu mesma precisava de ajuda... No ano seguinte, coloquei de lado o pensamento dos frankfurtianos e passei a procurar por uma filosofia mais afirmativa da vida, quando soube que a Luciana daria aula de Nietzsche e que eu poderia participar como aluna especial… E isso mudou tudo! 

De fins de 2017 a início de 2020, mais do que desenvolver pesquisa e dissertação, me reconstruí em meio ao caos… A Teoria das Forças, a Genealogia, a Transvaloração são modelos para a vida toda! 

Tenho muita coisa em comum com aquele homem tão notável do século XIX. As questões familiares, a introspecção, a solidão, a crítica às hipocrisias estabelecidas, os mergulhos profundos na minha alma e na alma do mundo... Em alguns pontos sou até mais radical do que ele… Por certas coisas Nietzsche só optou por imposição de sua saúde fragilizada, mas eu adoto por preferência… De qualquer forma, o que importa, é que seu pensamento me ajudou a alcançar uma nova percepção das coisas, um novo estágio de vida, em que agora SOU… Inteiramente!

Pessoas queridas participaram desse meu processo... O hoje Doutor Daniel Borgoni, que me convidou a conhecer Nietzsche e a querida professora Luciana que me deu a oportunidade de aprender tanto com ela... Gratidão!