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Mostrando postagens de abril, 2013

Mensagem na Garrafa - Ano 6, Número 1

E a bola da vez é o Dream Theater. Há dias DT flui, em volume máximo, dos meus fones de ouvido. Me dissolvo em sons e ritmos, em timbres, harmonias e dissonâncias... Evasão! Hoje compreendo melhor o domínio e o fascínio que a música sempre exerceu sobre mim... Ondas sonoras projetadas no espaço em oscilações de frequências variáveis, fazendo vibrar corpos que reagem produzindo sensações... As explicações não diminuem o que há de inexplicável nas sensações, na fusão dos sons com as energias vitais, nas viagens sensoriais, na necessidade de expressar-se produzindo sons, em conversações  furiosas, singelas, agressivas, alegres, mordazes, sublimes, reflexivas... Vez ou outra me vem à mente sua capacidade corrosiva de escárnio... Você zombaria, certamente... Logo eu, que insistia ser o James LaBrie o vocalista chato de uma banda exibicionista enquanto você não se cansava de dizer que "ele canta muito"... Me deixei fixar em Dream Theater.  Há tempo para todas as coisa. É meu tempo ...

Mensagem na Garrafa - Ano 14, Número 1

"O que você pensa das coincidências? Daquela força imperceptível que coloca dois seres em rota de colisão tantas vezes a ponto de denunciar-se? A primeira de uma série foi a sua ausência... Teria eu desejado fazer a você todas as minhas perguntas. O drama não teria se transformado em tragédia.  Teríamos falado sobre coincidências e encadeamentos, sobre vida e progressão... Teria eu me salvado em você de todos os dramas e tragédias...  Nunca vou entender porque Deus permite tragédias a uns como início da felicidade de outros... Você entende ?  Deus tem preferências? Sei que você ainda acredita em Deus. Olha só, eu também! A gente pode acreditar no que não entende, no que não vê, no que não ouve... Mas, eu ouço... Sua voz é uma equação matemática que define objetos, seus tempos e espaços, seus encontros e reencontros...  Espero reencontrar você no fim da linha. Não. Espero reencontrar você antes, bem antes. O quanto antes... Era a você que eu devia ter feito todas as m...

Paul Williams e Philip K. Dick: o primeiro crítico do rock, o último escritor de ficção científica, unidos para sempre

De: Andre Forastieri Philip K. Dick e Paul Williams, com o filho de Phil no colo Paul Williams nos deixa cedo. Era hora. Tinha 64 anos e sofria de Alzheimer. A demência começou a se manifestar em 1995, após um acidente de bicicleta. Já não tinha consciência de nada. Dependia totalmente dos cuidados da família, e da bondade de estranhos, que pingavam contribuições para pagar as contas altas da invalidez. Vivia em uma casa de repouso. Williams inventou o jornalismo rock'n'roll quando estava na faculdade. Tinha 17 anos quando criou a revista Crawdaddy, a primeira a trazer artigos que iam além da fofoca, ou da idolatria dos fãs. Foi em 1966, outro dia mesmo. Incrível pensar que no auge dos Beatles, não tinha ninguém escrevendo sobre eles a sério. Williams foi tão inventor do rock quanto Elvis ou quem você quiser. Antes dele, e de alguns outros de sua geração, rock era música pra curtir, dançar, namorar. Depois foi o sangue nas veias de uma geração, energia vital, imp...

Mensagem na Garrafa - Ano 38, Número 1

De uns tempo pra cá dei de frear o impulso de escrever por mera catarse. Tem sido até bem fácil. Do nada comecei a me pegar envolvida por antigas sensações e fui fechando todas as portas,  capturando as lembranças e me deixando  ficar sozinha com elas. Muda.  Acho que isso começou numa tarde em que a Teka recusava deitar-se. Teimava em ficar sentadinha numa almofada, com o corpinho apoiado contra a parede, olhando pro nada...  Sei que ela percebia relâmpagos e, às vezes, sombras repentinas, mas nunca vou saber ao certo o quanto ela ainda enxergava.  Ficava longos minutos com os olhinhos perdidos na distância, movendo a cabecinha levemente, como quem observava algo... Eu a observava. Me perguntava o que ela via, o que sentia...  E dali em diante tanta vezes me peguei imersa nas sensações daquele dia em que intrigada pelas bolinhas coloridas que esvoaçavam ao meu redor, perguntei a você o que eram elas! "São fluídos que caem do céu", você respondeu... E ...

Terceira Via

Eis que sou novamente a maluca que joga pro alto as oportunidades pelas quais boa parte dos mortais pede aos céu! Mas, desta vez, desconfiei de mim o suficiente para questionar as reais motivações. Teria eu medo de enfrentar as responsabilidades? Ou seria insegurança, complexo de inferioridade? Será que eu minto para mim mesma, me camuflando com idealismos que, na verdade, são meras desculpas para não encarar as reais motivações?  FATO: "a vida é o que acontece enquanto fazemos planos"... O que aconteceu nos últimos meses é que perdi totalmente minha ilusões socialistas. Foi como areia se esvaindo entre os dedos, aos poucos... Me peguei concordando com os filósofos que afirmaram ser o mundo, sempre, o melhor que pode ser. Dadas as condições, vivemos no melhor dos mundos possíveis... Lamentavelmente!  E os motivos da minha descrença foram tantos! Resumindo, me dei conta de que existem mais limitações humanas do que supunha minha vã filosofia. O ser humano é um bicho medroso qu...

Maya

Nada é pior do que a dor das perdas irreversíveis e irreparáveis. Cada um tem seu jeito de conviver com a falta, com a saudade. O meu jeito sempre é me fechar em mim mesma enquanto sigo em recuperação lenta. Quando a Tekinha se foi não posso dizer que eu tenha ficado surpresa. Na verdade, em seus últimos dias eu dizia pra mim mesma que devia me preparar para mais este impacto. No fim, não houve revolta, apenas a aceitação diante do que não podia ser diferente, e a paz por saber que dei a ela tudo o que estava a meu alcance e que ela sabia. Mas me fechei em mim e voltei a estar em companhia da pressão alta, das crises de enxaqueca, da depressão. E não era minha intenção ter outro bichinho em casa tão cedo. Mas, há menos de um mês, num sábado de manhã, eu cruzava meu bairro com um serzinho de olhos meigos pousado nos meus braços. Foi ideia da minha mãe, que na noite anterior chegou em casa encantada com a filhotinha de pinscher vista num pet shop. E tanto a dona Maria insistiu em falar ...