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O Jogo








Relembrando o passado é que eu entendo também o meu presente, que se juntam as peças desordenadas. Nos últimos 20 anos muito mudou e nada mudou... Minha religiosidade não é mais tão frágil e meus ouvidos não são mais tão sensíveis. Não me assustam mais cruzes de ponta cabeça ou guitarras serra elétrica. A ingenuidade desapareceu há muito tempo. Ganhou espaço a angústia de saber que aquilo que mais se preza sempre acaba submetido a um sistema econômico que a tudo perverte e que as pessoas, de um jeito ou de outro, colaboram, inevitavelmente. A vontade de estar num mundo diferente, de viver uma realidade diferente é a mesma.



Mas, o que está aí é um jogo viciado. E hoje, ainda, nada me importa mais do que encontrar uma saída que leve para fora desse círculo vicioso, longe das interpretações e ações pré-estabelecidas. Não foi à toa que Teoria Crítica me arrastou a estudar Filosofia. Foi a força de determinação do que era mais essencial em mim. A vida familiar da infância, a adolescência, as perdas, as desilusões, a ausência do que suprisse tantas faltas.



Nos anos 80 e 90, o movimento cultural chamado Heavy Metal nasceu em contexto industrial, tornou-se produto da indústria cultural. Músicos e fãs não faziam mais do que reproduzir o mesmo sistema que repudiavam, por mais que o repudiassem. Não ser comercial era uma premissa declarada do meio. Ser chamado de “comercial” era ofensa... Mas, como não ser comercial num mundo onde tudo é colocado a venda e é comprado e para sobreviver deve ser comprado? Como viver no interior do sistema e não tornar-se uma peça a mais na engrenagem? Perguntas, perguntas, perguntas...





Lendo: "Indústria Cultural" e o "Fetiche na Música" de Theodor Adorno...