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Mostrando postagens de março, 2021

Academicamente

No início de 2020, eu vivia a expectativa da finalização do meu Mestrado em Filosofia. Dissertação concluída, banca definida, evento marcado. Aconteceria em fins de fevereiro, no Campus São Bernado da UFABC. E veio a pandemia... Primeiro a defesa foi transferida para um dos auditórios do campus Santo André, com espaço amplo para favorecer o distanciamento entre os presentes. Depois a defesa foi cancelada. A universidade prorrogou todos os prazos de qualificação e defesa em 90 dias, e os campus de tornaram área de acesso restrito. Todas as atividades administrativas, e mais tarde também as pedagógicas, passaram a acontecer a partir de home office, a distância. Diante de uma crise de saúde tão séria e providências tão drásticas, mais do que depressa a UFABC colocou todo seu corpo docente, dissente e administrativo debaixo das asas. E com essa sensação de estar protegido, tanto quanto possível naquele momento, os professores idealizaram projetos relacionados ao enfrentamento da pandemia. ...

Dos Fortes

Já escrevi por aqui que tenho muito em comum com Nietzsche... Incômodas dores de cabeça, são exemplo... Como é de conhecimento geral, o filósofo desenvolveu uma série de sintomas de uma doença não diagnóstica, que culminaram com o colapso nervoso que o deixou prostrado nos dez últimos anos de sua vida. Contam seus biógrafos que ele tinha terríveis dores de cabeça... Eu tenho enxaqueca nervosa desde meus nove anos.  Nos últimos anos, as minhas crises vêm se tornando mais difusas, mais sorrateiras, mais intensas. Elas vão chegando aos pouco, camufladas, até se imporem. No auge, tudo o que me resta é buscar a escuridão de algum quarto silencioso. E não pode me faltar o estoque de dipirona sódica. Depois do auge, livrar-me da sensações de ter veneno correndo nas veias demora dias. É uma intoxicação seguida de uma purificação. Intoxicação de energias ruins... Melhor evitar. E ao longo da vida, aprendi muito sobre evitar. Aprendi que evitar também é me respeitar, cuidar de mim.  Da...

Cinzas

Enquanto os livros são minha porta de saída de mundos desinteressantes para universos surpreendentes, a música sempre foi e sempre será minha fonte de força e equilíbrio. Eu transito entre livros e música, desde sempre.  Desde que foi anunciado o falecimento de Alexi Laiho, no início de janeiro, o universo do heavy metal assiste a uma briga mesquinha e vergonhosa entre suas duas esposas. Enquanto a primeira e oficial compartilhava suas fotos e memória, a última companheira passou a hostilizá-la e difamá-la nas redes sociais e nos canais de mídia. Como se não bastasse, até o funeral se tornou motivo de disputa e agora estão brigando para decidir quem vai enterrar as cinzas. Enquanto isso, os fãs de heavy metal, que são muito apegados a seus "heróis", assistem a essa disputa insana.  Depois das acusações feitas no  Ilta-Sanomat , que a família quer exibir como se fosse um troféu (embora a questão não se resuma a isso), perdi a paciência e me vi lembrado as senhoras envolvid...

ATO I, Ressignificar

Confesso que não sou uma pessoa muito normal. Sou tímida, de uma timidez pouco evidente (pois aprendi a fazer com que ela não me bloqueie, não me impeça de expressar, mesmo desajeitadamente, o que eu quero); sou introvertida e, como várias vezes ouvi ao longo da vida; “eu não me misturo” com facilidade; e não sou dada a arroubos de felicidade, sou meio melancólica por natureza (não por acaso grande admiradora da literatura romântica e gótica). O normal é que à primeira vista, me julguem “metida” ou antipática, meio intimidadora. Lembro de uma pessoa querida que certa vez me disse “eu achava que você era ‘metida’, porque você faz biquinho”, eu ri e falei “mas, é que eu sou ‘bicuda’ por natureza” e ela riu e devolveu um “é, hoje eu sei”. As pessoas que me encantam e com quem eu acabo me dando muito bem, são aquelas que não se intimidam com as minhas esquisitices, pessoas espontâneas, de boa vontade, livres de preconceitos, que não estão empenhadas em enquadrar os outros em padrões estanq...

Será Covid?

Há uma semana eu tento me livrar de uma gripe que teima em não me deixar. Estranho porque nunca tive dificuldades com elas. Geralmente com uma primeira dose de anti-gripal elas enfraquecem e vão desaparecendo aos poucos. Agora não... E a pergunta inevitável é: será covid? Não sei... E se for? Se for não há muito o que fazer. E eu me recuso a disputar lugar em hospital com gente que tem mais vontade de viver do que eu... Como assim, Helena, você não tem vontade de viver?! Na real... Eu já descartei todas as minha belas ilusões e não estou ligando muito, não...  Acreditei que o amor supera tudo. E chegou o tempo de descobrir que é mentira... Acreditei que todos os problemas pudessem ser resolvíveis a partir de uma boa conversa sincera. E chegou o tempo de descobrir que é mentira... E descobri tantas mentiras... Tantas! E descobri complexidades aparentes que sempre convergem no mais simples: o despertar da vida e o calar da desagregação, que chamamos de morte. Todo o grande espetáculo...