Escrever em primeira pessoa é um modo de enfatizar ser o texto apenas reflexo do que eu penso num momento muito específico. Posso mudar a qualquer momento, escrever a partir de outra perspectiva se me der vontade. Então, jamais um texto meu busca "fazer a cabeça" de alguém. Meus pareceres podem estar errados, e que direito ou tenho de empurrar outros para os mesmos erros?
Falo do meu "lugar de fala", que não é o lugar de um um grupo antes de ser o lugar do indivíduo que eu sou, com minha história de vida única no Universo... Não acredito, nem por um segundo, que existam respostas prontas para qualquer coisa. "Cada cabeça sua sentença" como diziam os antigos... É preciso lançar-se no espaço com coragem, viver, experienciar, passar por conflitos, sofrer as dores necessárias, deparar-se com rupturas e com a finitude... Tudo é parte do crescimento... Fico feliz por apenas acrescentar mais alguns dados a outros que alguém tem em si, alguns tijolinhos na construção da Humanidade... Se alguém puder aprender algo com alguma coisa que eu tenha escrito ou dito, ótimo! Mas, certamente será apenas uma parte muito pequena em uma totalidade de aprendizados que deve ser muito maior e que só pode ser construído individualmente.
Gosto de ler sobre tudo (especialmente o que me contradiz e me incomoda), de comentar sobre livros e outros textos, de indicar livros, de acrescentar referências, porque os textos dialogam entre si e comigo e com outros... E não tem nada de humildade nesse meu modo de proceder, apenas consciência da minha perenidade e insignificância no Cosmos...
E outra coisa: o que eu mais fiz e faço na minha vida é fugir, me esconder do narcisismo e de narcisistas... Não quero ser uma narcisista e nem ser vítima do narcisismo alheio... Sei muito bem o que é conviver com uma pessoa narcisista, o que é ter alguém querendo diminuir e invalidar as minhas pequenas experiências e conquistas, atribuindo insignificância ou intenções negativas que eu nunca tive, sei o que é precisar me proteger, dia e noite, para não ser e fazer igual, preservando a minha saúde mental... Narcisistas exaurem as energias alheias enquanto pregam boas intenções... Por isso mesmo não canso de dizer que sou, e não abro mão de continuar sendo, uma outsider.
Quero ser tão livre quanto possível para viver as minhas experiências de vida do meu jeito único, no tempo de vida que o Universo me permitir. Não por arrogância, mas porque o tempo de uma vida é muito curto, muito frágil, e, por isso mesmo, muito precioso... Não serei eu, portanto, a ameaçar as liberdades de escolha de outros, de qualquer forma que seja.