RS sempre teve fama de ser um canto privilegiado do país, por ter belas paisagens, belas cidades com estrutura turística e um povo hospitaleiro... Agora as paisagens são de destruição e o povo está profundamente abalado... Ainda ontem, vendo as imagens transmitidas pela Rede Globo, via Fantástico, senti como se também minhas lembranças fossem inundadas... As ruas pelas quais eu caminhei alagadas, o aeroporto inundado, o Mercado Municipal e a Casa de Cultura Mário Quintana semi-cobertos pelas águas... Vi várias imagens de resgate via Instagram e YouTube. Senti a sombra da dor de quem perdeu tudo, o desespero dos animais... E tanta gente solidária se colocando em risco para salvar outras vidas e nem sempre conseguindo... Cenas e situações que me deixam muda, pois não há o que dê conta das perdas...
Nos últimos anos, temos sido abalados pela potência da natureza, pelo poder que ela tem de virar tudo do avesso, destruindo planos e qualquer estabilidade. Ou é mais correto dizer que temos nos visto confrontados pelas consequências das nossas escolhas enquanto sociedade. Não quero escrever discursos políticos ou moralistas no momento. Me calo... Há tempo para todas as coisas, e o momento é apenas de solidariedade e esforço para amparar a população.
Me senti otimista depois de assistir ao Fantástico. O programa mostrou como Nova Orleans conseguiu se reerguer depois do furação de 2005. As pessoas conseguiram refazer suas vidas, não sem dificuldades é verdade, mas seguiram adiante... Há propostas interessantes de reconstruir cidades com base em princípios de sustentabilidade, e isso é bom. Um novo impulso econômico pode surgir da tragédia, o que é menos mal... Há muito trabalho a ser feito, e que passa por reunir e enviar recursos, pelos cuidados com a saúde mental e geral dos impactados, cuidar dos animais resgatados, ações para a recuperação da infraestrutura básica de funcionamento das cidades, retomada das atividades produtivas e econômicas, transparência das ações políticas pensando nas eleições municipais... É preciso colocar mãos à obra, e já, pelo presente e pelo futuro.
Com o Aleph na Mario Quintana, em novembro de 2012.