Pular para o conteúdo principal

Faithfully


Uma das imagens mais bonitas que já vi na vida avistei na Fernão Dias, sul de Minas, numa certa noite de maio, por volta das 21hs. Uma Lua minguante fininha, suspensa num céu sem nuvens e abaixo dela uma faixa de luzinhas brilhantes. Não eram estrelas e sim as luzes de Belo Horizonte ao longe. Aquela cidade não ganhou o nome por acaso. Ao desviar os olhos da janela com a intenção de procurar uma máquina fotográfica e registrar tal deslumbramento me dei conta de que eu tomava parte numa outra imagem surreal, formada por pessoas queridas, esticadas e adormecidas nas poltronas do nosso ônibus fretado, enquanto no vídeo um filme qualquer se desenrolava para ninguém...  





Quando adolescente, também eu vivi aquela fase de gostar de música, sonhar em ter uma banda de rock e sair viajando pelo mundo.  E olhe que até tentei. Me esforçava em cantar como a Anne Wilson e o Joe Elliot, aprendi notação musical sozinha, era mega-fã do Steve Perry (a voz mais linda do universo!) e fiz lá os meus contatos. Sair pelas estradas do mundo, cruzando distâncias num ônibus cheio de música e esperança era um ideal e um sonho... Os anos foram passando, veio a dedicação ao trabalho, as exigências do dia-a-dia, a idade adulta. O sonho foi ficando pelo caminho.





Mas, naquela noite de maio, ali estava eu, na estrada, num ônibus com amigos e esperanças, vencendo distâncias e não numa banda de rock, mas em algo que se tornou um ideal e um sonho como a banda de rock um dia foi... Mais de uma vez me dei conta de que a vida me dava algo que um dia eu desejei. Isso acontece das formas mais sorrateiras e improváveis... Sempre quando nem me lembro mais do desejado, ele chegava de mansinho e se instala...





Não registrei aquela imagem em foto... Agradeci o momento e gravei o instante na alma.














.