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Seguindo a Vida Enquanto Há Vida

Não sei exatamente como foi que deixei de escrever aqui sobre as minhas mazelas e passei a escrever no Facebook... Foi em algum momento em que quis anotar pensamentos fugazes, em poucas linhas, e que me senti "ouvida", acolhida... Tenho feito novos amigos por lá e isso tem sido mais importante do que continuar falando apenas comigo mesma. Na verdade, passei uma vida inteira procurando pela "minha turma", pelos "meus interlocutores", pelas pessoas com quem tenho interesses em comum e com quem possa falar sobre o que me "der na telha" sem grandes esforços e atritos... Muitas vezes achei que tinha encontrado uma ou outra alma semelhante. Me enganei muitas vezes. Ultimamente, em alguma coisa os algoritimos têm acertado comigo, pois me ajudaram a descobrir uma turma interessante de pessoas mais ou menos na minha faixa etária, amantes de cultura em geral e literatura em especial. E "uma turma", porque dialogam entre si em ambiente virtual, e...
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De Volta

Eu cheguei em frente ao portão Meu cachorro me sorriu latindo Minhas malas coloquei no chão Eu voltei Tudo estava igual como era antes Quase nada se modificou Acho que só eu mesmo mudei E voltei Eu voltei agora pra ficar Porque aqui, aqui é meu lugar Eu voltei pras coisas que eu deixei Eu voltei Fui abrindo a porta devagar Mas deixei a luz entrar primeiro Todo o meu passado iluminei E entrei Meu retrato ainda na parede Meio amarelado pelo tempo Como a perguntar por onde andei E eu falei Onde andei não deu para ficar Porque aqui, aqui é meu lugar Eu voltei pras coisas que eu deixei Eu voltei Sem saber depois de tanto tempo Se havia alguém à minha espera Passos indecisos caminhei E parei Quando vi que dois braços abertos Me abraçaram como antigamente Tanto quis dizer e não falei E chorei Eu voltei agora pra ficar Porque aqui, aqui é meu lugar Eu voltei pras coisas que eu deixei Eu voltei Eu voltei agora pra ficar Porque aqui, aqui é meu lugar Eu voltei pras coisas que eu deixei Eu voltei...

Confiar, Jamais - 2024, Parte IV

Pesquisas recentes do mercado editorial indicam que em 2024 houve uma "fuga de leitores"... No que me diz respeito, confere... Desde a minha adolescência, este foi o ano em que eu menos li. Conclui apenas 3 livros, e nenhum muito extenso.  Foi um ano em que precisei de informações pontuais e urgentes sobre coisas como interações entre medicamentos; efeitos colaterais; alimentos e chás que fazem o tratamento de sintomas x ou y; quais laboratórios oferecem produtos genéricos à base de substâncias farmacológicas específicas; farmácias de manipulação; quais suplementos podem ser encontrados onde e em que preços; o que dizem os protocolos de saúde; exames clínicos e por imagens; especialistas médicos, etc, etc... E viva o Google!  Na primeira metade do ano cuidei da Maya, na segunda metade precisei cuidar de mim. Meu amor não superou o ano, e eu quase que também não. Nos últimos dias de dezembro estive  (e estou) às v oltas com uma intoxicação por combinação concentrada de v ...

A Chave - 2024, Parte III

Hoje em dia é meio difícil um computador ou celular travar. Até há pouco tempo não era assim, e quando o PC empacava era necessário apertar o botão de reset para desbloquear e reiniciar a máquina... Essa é uma boa metáfora para explicar o que aconteceu comigo há seis meses... E, sentindo que meu cérebro tinha bugado e travado, pedi a ajuda de um psicólogo. Desde então, o que fizemos, eu e ele, foi trabalhar para reiniciar a "máquina" que sou eu... Semanas atrás senti que estava dando certo, pois algumas chaves giraram na minha cabeça e, pela primeira vez senti raiva completamente desvinculada de qualquer outro sentimento. Por anos estive "passando pano" para certos comportamentos de certas pessoas que realmente me fizeram muito mal... Tenho uma listinha, na verdade bem pequena, de pessoas que me fizeram muito mal até sem querer, talvez... Mas, elas, pessoas e listinha, passaram a nem importar mais. Senti raiva pura, por ter sido desrespeitada. Minha história de vida...

Entre Mundos - 2024, Parte II

"...uma vez que você está dentro, você nunca mais sai...  Você é da família para sempre." - Blackie Lawless. Na manhã do dia sete de dezembro, Nicko McBrain, baterista do Iron Maiden, comunicou via Instagram, que o show da banda, previsto para acontecer naquela noite em São Paulo, seria sua despedida dos palcos...  Que Nicko se afastaria das turnês era uma possibilidade em aberto, devido a problemas de saúde. Com 72 anos, 42 de banda, ele passou por um AVC há um ano e teve que fazer muita fisioterapia para conseguir voltar a tocar. A decisão de parar não chegou a surpreender, mas comoveu... E fez passar um filme pela minha cabeça, o filme da minha própria vida. No início dos anos 80, uma menina que um dia fui entrava na adolescência quando foi fisgada pela indústria cultural... Estava em curso a Nova Era do Heavy Metal Britânico e fui engolfado por ela. É que a imprensa musical tinha algo que eu precisava, sintetizado em um produto denominado "banda de heavy metal...

Dentre os Escombros do Insustentável

Com a morte da sustentabilidade a humanidade ganha a oportunidade de substituir a liquidez das relações por uma nova percepção de mundo, novos modos de pensar e de viver harmoniosamente. [ Publicado originalmente em 13 de Janeiro de 2015 ] O ano é 2015... Tal número parece apropriado para a ficção científica, algo sobre um futuro distópico, envolvendo uma terra árida e uma civilização em vias de extinção... E talvez, porque ficção e cinema são produtos tão presentes nesta minha São Paulo natal, estamos imersos, eu e demais habitates desta metrópole, em uma atmosfera de suspensão da descrença... Predomina a sensação de que o filme chegará ao fim, de que vamos sair da sala de projeção para a rua e ver que o mundo real continua igual. Queremos acreditar que a verdade está lá fora, porém... O que parece ficção é real, embora como em Arrakis – o planeta-deserto, apresentado por Frank Herbert em Duna , sua obra clássica de 1965, filmado por David Lynch em 1984 –, a água está prestes a se tor...

A Verdade Que Não Liberta

[ Texto publicado originalmente em 11 de Agosto de 2016 ] Viver em senso comum significa acrediar em falso e verdadeiro. Falso como aquilo que é mentira; verdadeiro como aquilo que é irrefutável, inegável, irrecusável, parâmetro absoluto para a justiça. Dói aceitar que a verdade, frequentemente, é inalcansável para muitos ou para todos. Não ser possível apoiar-se em qualquer verdade é aterrorizante, é estar a um passo do abismo. E talvez porque ninguém gosta de sentir dor ou terror, pelo menos não os ditos "normais", se continue insistindo em verdades incontrariáveis que libertam. "Ela não pedalou"! Como é possível que tantos não aceitem que "ela não pedalou"?! Então se continua repetindo que ela não pedalou... Uma, duas, três vezes, um milhão de vezes... A verdade nem sempre liberta. Muitas vezes a verdade aprisiona.   A verdade, nestes dias de século XXI, é sempre interpretação. Não é irrecusável, não pode ser irrefutável. Pelo uso das palavras é possíve...

Por que sou a favor do impeachment

[ Publicado originalmente em 31 de Março de 2016 ] Sabidamente, os ambientes de construção do conhecimento são palco de divergências e disputas. Um dos poucos consensos alcançados pelo pensamento ocidental no século XX (ou quase isso) é que cada ser humano é um sistema biológico, integrado por corpo e mente, que se desenvolve em ambiente social, no contato com uma cultura historicamente construída. Daí, que como corpo e mente, a manutenção da vida pede a satisfação de necessidades fisiológicas e subjetivas. Todo ser vivo, de alguma forma, percebe a necessidade de alimentar-se; de abrigar-se do frio, do calor, da chuva e do sol; de dar e receber afeto; de viver com dignidade e respeito; de realizar plenamente suas potencialidades. Isso explica o que levava Rosa Luxemburgo – militante radical de esquerda, assassinada no início do século XX durante as lutas políticas que antecederam a ascensão do nazismo na Alemanha – a manter inabalável a sua fé nos movimentos de massa. Para ela “massa”...

O Dia Depois de Amanhã

[ Publicado originalmente em 28 de Maio de 2016 ] Passados alguns dias do afastamento da Presidenta Dilma e mergulhado o país numa onda de retrocesso político misturada com indignação crescente, embora difusa, me pergunto se devo me arrepender da minha escolha de preferir o impeachment. Preferir, no meu entender, não implica necessariamente fazer campanha para, apoiar golpistas ou não golpistas, participar de panelaço ou de qualquer manifestação coletiva e sim, simplesmente... Preferir! De qualquer forma, ao preferir e ver a minha preferência começar a ser concretizada é preciso ter e manter para mim, muito claramente, quais os motivos da minha preferência. Que não me confundam! São os MEUS motivos, bem fundamentados na realidade que eu percebo, e não os motivos de golpistas (ou não golpistas). E os meus motivos, já foram deixados claros na minha primeira manifestação a respeito : eu acredito que o governo petista esgotou-se e que as instituições governamentais estão viciadas e falidas...