Hoje em dia é meio difícil um computador ou celular travar. Até há pouco tempo não era assim, e quando o PC empacava era necessário apertar o botão de reset para desbloquear e reiniciar a máquina... Essa é uma boa metáfora para explicar o que aconteceu comigo há seis meses... E, sentindo que meu cérebro tinha bugado e travado, pedi a ajuda de um psicólogo. Desde então, o que fizemos, eu e ele, foi trabalhar para reiniciar a "máquina" que sou eu... Semanas atrás senti que estava dando certo, pois algumas chaves giraram na minha cabeça e, pela primeira vez senti raiva completamente desvinculada de qualquer outro sentimento.
Por anos estive "passando pano" para certos comportamentos de certas pessoas que realmente me fizeram muito mal... Tenho uma listinha, na verdade bem pequena, de pessoas que me fizeram muito mal até sem querer, talvez... Mas, elas, pessoas e listinha, passaram a nem importar mais. Senti raiva pura, por ter sido desrespeitada. Minha história de vida e o meu valor como ser humano vai muito além das escolhas feitas por outros. Escolhas, que aliás, eu desprezo.
Eu também errei com essas pessoas. Errei por ter esperado por uma sensibilidade e uma nobreza de caráter que elas escolheram não ter. E tenho culpa no cartório para comigo mesma, sim... Afinal, o que fez com que eu me sentisse intimidada a não gritar, a não exigir o tratamento digno que eu também mereço? Dei atenção demais e ou deixei passar o tempo de me afastar sem remorsos e sem olhar para trás.
Nos últimos anos o que eu senti foi uma mistura de mágoa com complexo de inferioridade que não se justifica. Sufoquei muitas das minhas capacidades por achá-las insuficientes e não sabia como fazer diferente... Engolir o choro pode ser considerado sensato, mas, na verdade, faz um tremendo mal para a alma.
Há seis meses, com a perda tão traumática da minha companheira, caiu o véu que encobria o meu desequilíbrio... Minha Maya não recebeu esse nome à toa... Foi preciso "destravar a máquina" depois do choque inicial, até para repassar o percurso de compreensão dos fatos e do autoconhecimento que eu já tinha atingido e com o qual eu não estava conseguindo me sintonizar...
Agora é preciso continuar as sessões de análise para recuperar aquele sentimento de estar com os pés firmes no chão, mesmo com a Terra tremendo... Feliz 2025 para mim!!!