[ Publicado originalmente em 31 de Março de 2016 ]
Sabidamente, os ambientes de construção do conhecimento são palco de divergências e disputas. Um dos poucos consensos alcançados pelo pensamento ocidental no século XX (ou quase isso) é que cada ser humano é um sistema biológico, integrado por corpo e mente, que se desenvolve em ambiente social, no contato com uma cultura historicamente construída. Daí, que como corpo e mente, a manutenção da vida pede a satisfação de necessidades fisiológicas e subjetivas.
Todo ser vivo, de alguma forma, percebe a necessidade de alimentar-se; de abrigar-se do frio, do calor, da chuva e do sol; de dar e receber afeto; de viver com dignidade e respeito; de realizar plenamente suas potencialidades. Isso explica o que levava Rosa Luxemburgo – militante radical de esquerda, assassinada no início do século XX durante as lutas políticas que antecederam a ascensão do nazismo na Alemanha – a manter inabalável a sua fé nos movimentos de massa. Para ela “massa” não é algo disforme, totalmente inconsciente e inerte, que a qualquer momento pode ser moldada e arrastada por qualquer um. Ela acreditava que todo ser humano conhece suas necessidades mais intrínsecas e se guia por elas, pois saciá-las é condição de manutenção da vida e de preservação da espécie.
Na busca por uma vida boa, o ser humano erra, se corrige, se constrói, se refaz, sempre em movimento. E como disse Rosa, nesse processo o acerto dos políticos vale menos do que o movimento da massa que erra e aprende corrigindo seus erros. Esta me parece uma boa perspectiva para se pensar a tão grande influência que a mídia de hoje exerceria sobre a opinião dos cidadãos. Em outras palavras, pessoas com suas necessidades insatisfeitas não são tão frágeis diante da influência de terceiros. E quando erram podem e devem se corrigir. Então, o argumento de que a mídia é responsável pela insatisfação do povo brasileiro, para mim, no mínimo é uma meia verdade.
Outra boa premissa de Rosa Luxemburgo diz respeito à liderança. Para ela, o líder de massa emerge do povo, obrigatoriamente. A voz do líder traduz os anseios do povo, se eleva e ganha destaque impulsionada pela energia que provém do povo, porque reflete os seus próprios anseios mais profundos. O carisma é do líder, mas a voz é a voz do coletivo. A grande ilusão do político que nasce do povo é pensar que a povo irá segui-lo em quaisquer circunstâncias. Ele deixa de fazê-lo quando percebe que o líder, agora político funcional, deixou de ser a sua voz, de traduzir os seus anseios. E o povo sabe quando uma voz deixa de ecoar, legitimamente e verdadeiramente, as suas necessidades. Quando isso ocorre, o povo abandona o líder, pois a manutenção do interesse comum é a condição primeira de manutenção do pacto que se estabelece entre líder natural e seus liderados. Isso equivale a dizer que o povo não é uma massa inerte sem vontade própria como muitos pensam, ele sabe quanto tem fome, quando tem sede, quando tem frio, quando lhe falta dignidade.
A imagem do líder que nasce do meio do povo, cuja voz ganha destaque e que passa a exercer sua liderança, me lembra muito o Lula dos anos 70, década em que se formou o MST, em que a Teologia da Libertação ganhou espaço, em que Paulo Freire publicava suas obras sobre educação popular. O Lula de então era o metalúrgico que liderava metalúrgicos, e que acabou por reunir em torno de si os necessitados de um país que depois de anos de domínio militar ansiavam por justiça social, e o fez porque ele era um homem do povo com as mesmas necessidades. E foi por essa convergência entre as necessidades do líder, de seus liderados e do contexto histórico, que após décadas de doutrinação midiática e política a esperança falou mais alto e venceu o medo, e Lula, pelo Partido dos Trabalhadores, tornou-se Presidente da República.
Nada mais normal do que esperar que um trabalhador, fundador de um Partido dos Trabalhadores, se orientasse por valorizar todas as formas de trabalho e todos os trabalhadores, igualmente. Abrir o túnel do metrô é menos importante do que dar aula em uma universidade, numa cidade como São Paulo? Para o operário que ascendeu à elite do país, erroneamente, muitas vezes me pareceu que sim. Vale mais o Doutor, mesmo que no momento eu precise desesperadamente dos serviços de um padeiro?
A revolução que se esperava do PT, ou pelos menos a que eu esperava, era uma transformação de sentidos e valores, que acompanhasse uma real mudança das condições de vida de todos os excluídos. Bem aquela na linha de Rosa Luxemburgo, que diz que revolução se faz pela melhoria das condições de vida de todos os homens e mulheres, num processo intimamente comprometido com a evolução ética de todos os homens e mulheres... A crise ambiental que eclodiu nos anos 80 já dava mostra de que não havia outro caminho possível. Ou se abraçava uma vida ecologicamente harmônica, em todas as instâncias, também na economia, também nas relações entre todos os homens, ou o futuro seria a barbárie. O início do agravamento da crise ambiental foi a oportunidade de ouro para somar forças e desamarrar o nó górdio que atravessa a história, jogando homens contra homens na eterna disputa por quem tem mais e não por ser mais... Ser mais solidário, ser mais colaborativo, ser mais luz num mundo ameaçado pelas trevas. Esse o grande desafio que a esquerda precisa encarar para fazer com que o povo sai do círculo vicioso das lutas de classe.
O PT ignorou a revolução ética (aquela dos sentidos e valores) e pareceu aceditar que resolveria tudo com uma inclusão social nos moldes de um liberalismo que mata a natureza e mantém os homens como escravos inconscientes. Um reformismo que caiu numa situação parecida com aquela vivida na Alemanha e que culminou com o nazismo... A palavra transcendência parece não constar do dicionário do PT. Mas a esperança do povo sobreviveu e garantiu a Lula um segundo mandato. Continuou viva e manteve o Partido no poder por meio de Dilma Rousseff. De certa forma, a inclusão percebida no primeiro governo Dilma pode ser entendida como um golpe contra a compreensão do povo. Uma mentira, um “engana bobo”, pois não poderia se manter, como de fato não se manteve. Crises sistêmicas capitalistas são cíclicas e existem desde que o sistema existe. Não há inclusão material permanente possível num sistema capitalista. Não havia, não há, e o PT não tem como não saber disso. Portanto, se serviu da imagem de “salvadora dos pobres” com intenção meramente eleitoreiras para manter o poder.
A reforma agrária não andou, a demarcação das terras indígenas não aconteceu, a juventude negra e pobre continua morrendo nas periferias, a agricultura familiar contra o avanço dos transgênicos e dos interesses dos ruralistas não vingou, a democracia é uma mentira que a brutalidade policial e a lei “antiterror” não deixam de denunciar. Mas, a esperança insistiu em sobreviver e reelegeu Dilma para um segundo mandato. A esperança é a última que morre, enfim... Mas, a impunidade do desastre de Mariana é vergonha internacional, Belo Monte é fato assim como a crise hídrica e energética também, fatias do poder federal são negociadas e renegociadas ao sabor do momento para manter uma titularidade presidencial que é uma ilusão. Os discursos de ódio são mudados ao sabor do momento. Ódio da "elite branca" contra o PT ou ódio do PT pela elite branca é tudo ódio. Enquanto isso o projeto social é sacrificado, bancadas ruralistas e evangélicas ganham espaço.
E a minha esperança, no que diz respeito ao PT morreu, de um só golpe, quando uma Presidenta da República, agindo como se estivesse na década de 70, sob tortura, preferiu encobertar um colega acusado de lesar o Estado nomeando-o Ministro, com a desculpa de que supostamente ele poderia ajudá-la a evitar seu próprio impeachment. Oras, se ela não tem condições de fazer isso sozinha não tem condições de governar. E pior, ela está tão distante do povo que não percebeu que não estava sozinha e que o povo teria evitado sua destituição, por ela mesma, não por Lula.
De qualquer forma, mais valeria uma presidenta destituída, mas inocente e nos braços do povo, do que uma comprometida em acobertar o suposto líder do seu “bando”. Assim, o PT peca, como sempre pecou, por não acreditar no poder do povo que várias e várias vezes lhe gritou “mais para a esquerda, Lula”, “mais para a esquerda Dilma”... Chega de gastar esperanças com o que não muda, pois não compreende sua missão histórica.
Quase duas décadas é um período de tempo longo demais para a agilidade que o século XXI exige. E a gana por impeachment de Eduardo Cunha e de seus aliados é uma feliz coincidência que, a meu ver, converge para o que é mais conveniente para o próprio povo neste momento, ou seja, assumir a responsabilidade de reorganizar o caos político e livrar-se de todos os corruptos, cada um na devida oportunidade. Não se trata de apoiar os políticos que querem o impeachment como forma de beneficiar suas próprias ambições, mas de usar estrategicamente o que eles nos dão para começar a livrar-nos de todos eles, cada um a seu tempo. Um povo precisa aprender a caminhar com suas próprias pernas e não se conservar como turba sob influências dogmáticas, ideológicas, idólatras, demagogas ou meramente paternalistas.
Assim como nem todos que usam amarelo são tucanos e nem todos os que usam vermelho são defensores do PT, nem todos que vêm no impeachment um caminho inicial desejável são simpatizantes de Eduardo Cunha e das máfias que infestam nossas instituições políticas.
Todo ser vivo, de alguma forma, percebe a necessidade de alimentar-se; de abrigar-se do frio, do calor, da chuva e do sol; de dar e receber afeto; de viver com dignidade e respeito; de realizar plenamente suas potencialidades. Isso explica o que levava Rosa Luxemburgo – militante radical de esquerda, assassinada no início do século XX durante as lutas políticas que antecederam a ascensão do nazismo na Alemanha – a manter inabalável a sua fé nos movimentos de massa. Para ela “massa” não é algo disforme, totalmente inconsciente e inerte, que a qualquer momento pode ser moldada e arrastada por qualquer um. Ela acreditava que todo ser humano conhece suas necessidades mais intrínsecas e se guia por elas, pois saciá-las é condição de manutenção da vida e de preservação da espécie.
Na busca por uma vida boa, o ser humano erra, se corrige, se constrói, se refaz, sempre em movimento. E como disse Rosa, nesse processo o acerto dos políticos vale menos do que o movimento da massa que erra e aprende corrigindo seus erros. Esta me parece uma boa perspectiva para se pensar a tão grande influência que a mídia de hoje exerceria sobre a opinião dos cidadãos. Em outras palavras, pessoas com suas necessidades insatisfeitas não são tão frágeis diante da influência de terceiros. E quando erram podem e devem se corrigir. Então, o argumento de que a mídia é responsável pela insatisfação do povo brasileiro, para mim, no mínimo é uma meia verdade.
Outra boa premissa de Rosa Luxemburgo diz respeito à liderança. Para ela, o líder de massa emerge do povo, obrigatoriamente. A voz do líder traduz os anseios do povo, se eleva e ganha destaque impulsionada pela energia que provém do povo, porque reflete os seus próprios anseios mais profundos. O carisma é do líder, mas a voz é a voz do coletivo. A grande ilusão do político que nasce do povo é pensar que a povo irá segui-lo em quaisquer circunstâncias. Ele deixa de fazê-lo quando percebe que o líder, agora político funcional, deixou de ser a sua voz, de traduzir os seus anseios. E o povo sabe quando uma voz deixa de ecoar, legitimamente e verdadeiramente, as suas necessidades. Quando isso ocorre, o povo abandona o líder, pois a manutenção do interesse comum é a condição primeira de manutenção do pacto que se estabelece entre líder natural e seus liderados. Isso equivale a dizer que o povo não é uma massa inerte sem vontade própria como muitos pensam, ele sabe quanto tem fome, quando tem sede, quando tem frio, quando lhe falta dignidade.
A imagem do líder que nasce do meio do povo, cuja voz ganha destaque e que passa a exercer sua liderança, me lembra muito o Lula dos anos 70, década em que se formou o MST, em que a Teologia da Libertação ganhou espaço, em que Paulo Freire publicava suas obras sobre educação popular. O Lula de então era o metalúrgico que liderava metalúrgicos, e que acabou por reunir em torno de si os necessitados de um país que depois de anos de domínio militar ansiavam por justiça social, e o fez porque ele era um homem do povo com as mesmas necessidades. E foi por essa convergência entre as necessidades do líder, de seus liderados e do contexto histórico, que após décadas de doutrinação midiática e política a esperança falou mais alto e venceu o medo, e Lula, pelo Partido dos Trabalhadores, tornou-se Presidente da República.
Nada mais normal do que esperar que um trabalhador, fundador de um Partido dos Trabalhadores, se orientasse por valorizar todas as formas de trabalho e todos os trabalhadores, igualmente. Abrir o túnel do metrô é menos importante do que dar aula em uma universidade, numa cidade como São Paulo? Para o operário que ascendeu à elite do país, erroneamente, muitas vezes me pareceu que sim. Vale mais o Doutor, mesmo que no momento eu precise desesperadamente dos serviços de um padeiro?
A revolução que se esperava do PT, ou pelos menos a que eu esperava, era uma transformação de sentidos e valores, que acompanhasse uma real mudança das condições de vida de todos os excluídos. Bem aquela na linha de Rosa Luxemburgo, que diz que revolução se faz pela melhoria das condições de vida de todos os homens e mulheres, num processo intimamente comprometido com a evolução ética de todos os homens e mulheres... A crise ambiental que eclodiu nos anos 80 já dava mostra de que não havia outro caminho possível. Ou se abraçava uma vida ecologicamente harmônica, em todas as instâncias, também na economia, também nas relações entre todos os homens, ou o futuro seria a barbárie. O início do agravamento da crise ambiental foi a oportunidade de ouro para somar forças e desamarrar o nó górdio que atravessa a história, jogando homens contra homens na eterna disputa por quem tem mais e não por ser mais... Ser mais solidário, ser mais colaborativo, ser mais luz num mundo ameaçado pelas trevas. Esse o grande desafio que a esquerda precisa encarar para fazer com que o povo sai do círculo vicioso das lutas de classe.
O PT ignorou a revolução ética (aquela dos sentidos e valores) e pareceu aceditar que resolveria tudo com uma inclusão social nos moldes de um liberalismo que mata a natureza e mantém os homens como escravos inconscientes. Um reformismo que caiu numa situação parecida com aquela vivida na Alemanha e que culminou com o nazismo... A palavra transcendência parece não constar do dicionário do PT. Mas a esperança do povo sobreviveu e garantiu a Lula um segundo mandato. Continuou viva e manteve o Partido no poder por meio de Dilma Rousseff. De certa forma, a inclusão percebida no primeiro governo Dilma pode ser entendida como um golpe contra a compreensão do povo. Uma mentira, um “engana bobo”, pois não poderia se manter, como de fato não se manteve. Crises sistêmicas capitalistas são cíclicas e existem desde que o sistema existe. Não há inclusão material permanente possível num sistema capitalista. Não havia, não há, e o PT não tem como não saber disso. Portanto, se serviu da imagem de “salvadora dos pobres” com intenção meramente eleitoreiras para manter o poder.
A reforma agrária não andou, a demarcação das terras indígenas não aconteceu, a juventude negra e pobre continua morrendo nas periferias, a agricultura familiar contra o avanço dos transgênicos e dos interesses dos ruralistas não vingou, a democracia é uma mentira que a brutalidade policial e a lei “antiterror” não deixam de denunciar. Mas, a esperança insistiu em sobreviver e reelegeu Dilma para um segundo mandato. A esperança é a última que morre, enfim... Mas, a impunidade do desastre de Mariana é vergonha internacional, Belo Monte é fato assim como a crise hídrica e energética também, fatias do poder federal são negociadas e renegociadas ao sabor do momento para manter uma titularidade presidencial que é uma ilusão. Os discursos de ódio são mudados ao sabor do momento. Ódio da "elite branca" contra o PT ou ódio do PT pela elite branca é tudo ódio. Enquanto isso o projeto social é sacrificado, bancadas ruralistas e evangélicas ganham espaço.
E a minha esperança, no que diz respeito ao PT morreu, de um só golpe, quando uma Presidenta da República, agindo como se estivesse na década de 70, sob tortura, preferiu encobertar um colega acusado de lesar o Estado nomeando-o Ministro, com a desculpa de que supostamente ele poderia ajudá-la a evitar seu próprio impeachment. Oras, se ela não tem condições de fazer isso sozinha não tem condições de governar. E pior, ela está tão distante do povo que não percebeu que não estava sozinha e que o povo teria evitado sua destituição, por ela mesma, não por Lula.
De qualquer forma, mais valeria uma presidenta destituída, mas inocente e nos braços do povo, do que uma comprometida em acobertar o suposto líder do seu “bando”. Assim, o PT peca, como sempre pecou, por não acreditar no poder do povo que várias e várias vezes lhe gritou “mais para a esquerda, Lula”, “mais para a esquerda Dilma”... Chega de gastar esperanças com o que não muda, pois não compreende sua missão histórica.
Quase duas décadas é um período de tempo longo demais para a agilidade que o século XXI exige. E a gana por impeachment de Eduardo Cunha e de seus aliados é uma feliz coincidência que, a meu ver, converge para o que é mais conveniente para o próprio povo neste momento, ou seja, assumir a responsabilidade de reorganizar o caos político e livrar-se de todos os corruptos, cada um na devida oportunidade. Não se trata de apoiar os políticos que querem o impeachment como forma de beneficiar suas próprias ambições, mas de usar estrategicamente o que eles nos dão para começar a livrar-nos de todos eles, cada um a seu tempo. Um povo precisa aprender a caminhar com suas próprias pernas e não se conservar como turba sob influências dogmáticas, ideológicas, idólatras, demagogas ou meramente paternalistas.
Assim como nem todos que usam amarelo são tucanos e nem todos os que usam vermelho são defensores do PT, nem todos que vêm no impeachment um caminho inicial desejável são simpatizantes de Eduardo Cunha e das máfias que infestam nossas instituições políticas.
Hoje, vivemos uma crise política sem precedentes e dizer que estamos à beira de uma guerra civil não é exagero. Não sejamos ingênuos. A nossa sociedade está doente de esperanças perdidas, de frustrações exacerbadas, de ódios estimulados e manipulados ainda em benefício de uns poucos, e as coisas não vão voltar à calmaria... Não há impeachment ou falta de impeachment que conserte a fratura social exposta. Não há ideologia, demagogia ou idolatrias de líderes e ou de partidos que nos salve do caos. Não há discurso por legalidade constitucional que se sustente diante de políticos sem respeito do povo e instituições desacreditadas.
Mas, como disse Paulo Freire, o oprimido tem uma missão nobre que é liberta-se para libertar seu opressor. Não cabe ao oprimido odiar seu opressor sob pena de, também, tornar-se um opressor, igualando-se ao seu algoz. Seria trocar seis por meia dúzia, trocar uma elite por outra. Não devemos substituir elites, mas transcendê-las. Não é possível simplesmente ignorar discordâncias ou impor a vontade de um segmento sobre outro. Isso não é solução para a escalada de intolerância que estamos vivendo. E vamos considerar que Dilma Roussef foi eleita por uma diferença de votos pequena que talvez hoje já não mais se mantém.
A única atitude sábia me parece agir para acalmar os ânimos entre os opositores urgentemente, buscar o diálogo e um novo pacto social com base no que nos une e não no que nos separa, dando início a uma reforma política profunda, que seja discutida por toda a sociedade e não nos gabinetes dos corruptos ao mando de interesses corporativos. Hoje dispomos de tecnologias que permitem consultas públicas. Uma democracia direta, não representativa, é possível. Perdemos tempo com discussões vãs.
A convocação de eleições gerais, que permita eliminar da vida pública todos os envolvidos em corrupção, independentemente de partidos políticos, já seria um bom começo. Mas é um processo que não pode começar sozinho, tem de vir acompanhado pelas discussões sobre reforma política. Essa, sim, a meu ver, deve ser a luta real na qual todo intelectual e todo cidadão consciente deve se engajar. E o quanto antes.
A convocação de eleições gerais, que permita eliminar da vida pública todos os envolvidos em corrupção, independentemente de partidos políticos, já seria um bom começo. Mas é um processo que não pode começar sozinho, tem de vir acompanhado pelas discussões sobre reforma política. Essa, sim, a meu ver, deve ser a luta real na qual todo intelectual e todo cidadão consciente deve se engajar. E o quanto antes.