Me identifico muito com esta mulher! Sua perseverança, seu esforço em pensar além das convenções, sua preocupação com justiça social e esclarecimento das massas, sua sensibilidade, seu empenho em viver uma vida plena, combinando trabalho árduo e amor. Seu romantismo e candura de mulher são comoventes, principalmente porque representam os anseios femininos de todas as épocas.
As cartas escritas por Rosa para Leo, entre 1893 e 1914 aparecem nesta compilação, Camarada e amante: cartas de Rosa Luxemburgo a Leo Jogiches. Ela relata seus dias ao companheiro, compartilha idéias, pede conselhos, distribui carinho, pede e exige atenção, discute economia e política de igual para igual, expressa tristeza, alegria, conta seus planos e briga, briga muito com ele... Há passagens de grande importância histórica, outras tristes, dramáticas, outras engraçadas.
Transcrevo trechos de carta escrita em Berlim, em 13 de janeiro de 1900. Aqui ela não é doce, pelo contrário... Eu ri muito lendo, pois eu escreveria assim a meu amado com certeza... (Rs):
As cartas escritas por Rosa para Leo, entre 1893 e 1914 aparecem nesta compilação, Camarada e amante: cartas de Rosa Luxemburgo a Leo Jogiches. Ela relata seus dias ao companheiro, compartilha idéias, pede conselhos, distribui carinho, pede e exige atenção, discute economia e política de igual para igual, expressa tristeza, alegria, conta seus planos e briga, briga muito com ele... Há passagens de grande importância histórica, outras tristes, dramáticas, outras engraçadas.
Transcrevo trechos de carta escrita em Berlim, em 13 de janeiro de 1900. Aqui ela não é doce, pelo contrário... Eu ri muito lendo, pois eu escreveria assim a meu amado com certeza... (Rs):
"Dyodyu, meu querido! Você é mesmo muito engraçado! Primeiro me escreve a carta mais desagradável do mundo e depois responde a minha resposta seca com 'o tom de seu postal dificilmente me convida a escrever bastante [...]' Você parece não perceber que o tom de todas as suas cartas são sistemáticas e colossalmente desagradáveis; seu único conteúdo se reduz a ensinamento lentos e pedantes como 'carta de um mestre-escola a sua aluna dileta'. [...]
E como posso confiar em suas admoestações quando, na maioria das vezes, elas dependem de seu humor? Deixe-me dar-lhe um exemplo: na semana passa me queixei, em uma carta, que, sem o desejar e até contra a minha vontade, me envolvera uma amizade pessoal com os Kautsky. Você me disse que esta amizade o deixava muito feliz. Muito bem. Então, em resposta a minha carta sobre a visita aos Kaustky - que absolutamente não enviei com o propósito de arrancar-lhe uma análise crítica -, você se estende em considerações sobre como é fútil e nociva a amizade com os Kautsky. Como reconciliar esses dois pontos de vista? É simples - na primeira vez você estava de bom humor, e de mau humor na segunda, quando então, rapidamente, você começa a pintar tudo de negro e a me salvar de um "naufrágio".
Mais uma coisa. Não fico impressionada com princípios e conselhos, a menos que aquele que aconselha os aplique primeiro. Mande, por favor, seus conselhos acompanhados de notícias de como as coisas estão com você (por exemplo, qual o progresso de sua tese [de doutorado], de seu trabalho intelectual sistemático; de que jornais 'natais' você fez assinatura, quais lê, etc, etc.).
Que bordoada lhe dei, não? Veja! Tanto vai o cântaro à fonte, que um dia se quebra; gota a gota, a água enche o pote; não se deve colocar a mão em cumbuca; em casa de ferreiro, espeto de pau - e há muitos outros provérbios genuinamente poloneses que poderia continuar citando, não fosse meu receio de que você não compreenda a sutileza da língua polonesa. Acrescentarei só mais um, composto por Mr. Jowialski [personagem de uma peça clássica polonesa]: quanto mais velho é o gato, mais duro é seu rabo. [...] Você é bastante inteligente para tirar suas conclusões pois, como dizemos na Polônia, para um bom entendedor, meia palavra basta.
[...] Beijo-o cordialmente!
Sua Rózia"
Os grifos são dela... E caro leitor, se você tem uma mulher temperamental na sua vida... Não se desespere. Sorria! :)
LUXEMBURGO, Rosa. Camarada e amante: cartas de Rosa Luxemburgo a Leo Jogiches. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983, pp. 111-112.