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Devir






Cheguei, silenciosamente coloquei as malas no chão. Lentamente passei a arrumar a casa e ocupar o espaço. Não houve apresentação ou declaração de intenções, pois eu nem sabia o que dizer.





Sou exilada do Divagações. Vim viver neste lugar ensolarado, nesta casa de madeira virtual com grandes janelas e paredes de vidro, que deixam a claridade natural inundar todos os cantos, permitindo observar o mar e os barcos que passam.





O Divagações pertence a uma parte da minha vida que não vou renegar nunca, pois além de ter sido o laboratório do que sou hoje também é ponto de referências de descobertas pessoais e sentimentos que levarei comigo sempre.





Mas, se é preciso seguir adiante, mergulhar em tristezas, expondo as sombras da alma, não me parece o melhor caminho. Fiz isso demais, por tempo demais e por saudades de quem, no fim das contas, de um jeito ou de outro, sempre me eleva e me salva de mim mesma. Presente ou não, cheio de imperfeições e ao mesmo tempo perfeito,  para sempre, meu espelho.





O que a gente enxerga depende das perspectivas adotadas em cada momento. Não me cabem leviandades, ressentimentos, hipocrisias de qualquer tipo. Sem mais dor. Quero ver além e aqui, na claridade, longe das brumas, quero pensar o mundo e as coisas por meio do que de bom nasceu e cresceu em mim nos últimos anos. Houve coisas boas e em memória delas é preciso cultivar o nobre, arejando a alma.





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