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Dorian Gray











"O Retrato passa a ser sua Alma e sofrer em sua pintura, as consequências de cada ato do Jovem Dorian que tem seu corpo e beleza física preservadas, sem jamais envelhecer, se entregando a todos os prazeres, realizando todos os seus desejos e vontades, a ponto de se tornar um assassino doentio, perturbado, ainda que esteticamente perfeito e mais que tudo, invejado e desejado. (exatamente como acontece com uma pessoa que por exemplo vá trabalhar na rede globo ou outro meio de TV)." - Do blog Médicoanimósico








Há tempos venho "negando fogo" nos meus textos. Os últimos em que mergulhei em um tema a ponto de não ter mais o que dizer datam da época do Cineplayers e das resenhas de filmes, ou seja, de antes de entrar na faculdade de Filosofia. E isso se explica: na faculdade raramente se lê um livro do começo ao fim. Não há tempo. Normalmente se lê um pedaço aqui e outro acolá de um filósofo. Não se chega a ter ideias próprias sobre o pensador e muito menos sobre o pensado por ele. Uma professora, anos atrás, chegou a dizer que a gente só começa a se transformar num filósofo quando o curso termina e cada um escolhe ao que se dedicar. Bem dito!






De qualquer forma, a constância desse "nadar na superfície" por muito tempo me fez perder o rumo. Tentando encontrar um vértice para minha existência, tenho ficado em silêncio comigo, procurando me ouvir e identificar o que me fala mais alto. Também há tempos sou consciente da minha fascinação pelo passado. Houve épocas em que cheguei a considerar estudar História e não Filosofia. 





Minha época preferida é o século XIX  e o Romantismo. É o período em que a sociedade contemporânea definiu suas bases. Época de "tempestade e ímpeto" provocados pela tentativa de ajuste do homem a suas novas condições de existência, em meio ao avanço tecnológico, industrialização crescente e ao classicismo que parece um fantasma a assombrar todas as épocas. O homem fragilizado pela sua curiosidade, vontade de viver todas as suas potencialidades, porém intimidado por antigas superstições.





Ultimamente ando me sentindo perseguida por Dorian Gray. Tomei contato com sua história há pelo menos duas décadas, lendo o livro. Recentemente assisti ao filme e, por conta dele, estou relendo o texto. Nele há tanto do homem atual! Estão ali as vaidades, as escolhas, a culpa, as angústias, as armadilhas, as encruzilhadas e a pergunta que envolve cada uma das minhas células: qual a melhor forma de seguir adiante? 




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