“O novo poder mundial, cuja ideologia tem como base o neoliberalismo, e como dinâmica a globalização, tem uma ‘arquitetura’, uma hierarquia, instituições e poderes reguladores. Quais são eles?
Em primeiro lugar, os Estados Unidos da América, a potência mundial solitária depois do fim da URSS. Hoje, vivemos não mais num mundo bipolar, como nos anos do pós guerra (1945-1989), mas um mundo unipolar.
O chamado Império Norte-Americano é o principal propagador das teses neoliberais em todo o planeta e o principal sustentáculo do capitalismo na sua fase imperialista. Dono de quase 80% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) do continente americano, os Estados Unidos e suas mega-empresas multinacionais possuem interesses estratégicos em todo o globo e, inclusive, no espaço.
Este poder possui, como instituições de controle dos demais países, diversas agências, tais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial que, via mecanismos como empréstimos, dívidas externas, acesso a crédito, impõem as metas e as formas de funcionamento da economia dos países-membros.
Na área comercial, existe a Organização Mundial do Comércio (OM), que busca disciplinar e orientar as trocas comerciais entre as nações, de acordo com as relações de poder atual. Estas instituições procuram dar uma aparência de ordem à ‘des-ordem’ da globalização.
Na área político-militar, temos a Organização das Nações Unidas (ONU) e suas instituições específicas (Conselho de Segurança, FAO-Fundo das Nações Unidas Para a Alimentação, OPAQ-Organização para o Controle das Armas Químicas, UNICEF-Organização das nações Unidas Para a Infância, Comissão dos Direitos Humanos, PNUD-Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento, etc., etc.). Elas são controladas pelos Estados Unidos, tanto em sua ofensiva política como militar em todo o planeta.
Temos, enfim, na esfera da elaboração ideológica, o Fórum Econômico Mundial de Davos, que reúne anualmente a chamada elite mundial – dirigentes dos países mais ricos, os grandes empresários das finanças, os donos das grandes multinacionais e donos das grandes redes de comunicação, da mídia eletrônica, alguns acadêmicos e políticos influentes – para avaliar os rumos da globalização e reorientá-los de acordo com os seus interesses estratégicos.
É a este “novo mundo” que a maioria dos governantes dos países do Terceiro Mundo – África, Ásia e América Latina – tem procurado se ajustar para sobreviver política e economicamente. Passam para seus povos a visão de que este é o único caminho possível. Tais governantes aplicam rigorosamente o “modelo neoliberal”, obedecem fielmente e cumprem todos os acordos com o FMI e o Banco Mundial. Buscam não questionar as ações dos Estados Unidos em qualquer parte do mundo.”
Texto retirado de “História da Sociedade”, desenvolvido e publicado em 2011 pelo CEPIS – Centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapientiae. Páginas 62 e 63.
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