Que imagem teria de mim alguém que lê meus textos? Provavelmente a de alguém que não aceita as coisas como elas são e gostaria de moldar o mundo à sua vontade; dada a fazer julgamentos do comportamento alheio; talvez meio imatura, infantil e insensata, apesar da idade de mulher adulta; melancólica, com baixo controle sobre si mesma, intransigente em suas posições e muitas vezes equivocada... É a impressão que eu mesma tenho de mim, pensando no que escrevo.
Porém, me compreendo melhor pela perspectiva de David Hume... Disse ele que somos feixes de emoções que coexistem e se sobrepõe umas às outras momentaneamente... Sou isso! Tenho uma variedade imensa de facetas em mim. A menina sonhadora e idealista, que ama as flores e os contos de fadas, convive com sua queda pelo obscuro, pelo subversivo, pelo underground, pelo gótico, pelo outsider... Se encanta com a crueza niilista e se espanta com a poesia do som dos ventos, com o fluxo das águas da chuva, com a luz do sol escaldante.
E sobre mim mesma, não tenho certeza absoluta de coisa alguma e tudo que eu escrevo não me parece mais do que divagações momentâneas de um cérebro que, para suportar sua própria intensidade e ansiedade, precisa de um pouco de catarse vez ou outra. Sim! Ame ou odeie, sou a contradição encarnada.
Sempre desconfortável é me pegar cometendo as mesmas falhas que em algum momento apontei em outro. E me vejo nessa situação sempre... Quando isso acontece, olho para mim de algum ponto de mim e oscilo entre a compreensão do outro por consequência das minhas próprias faltas e o perdão por estar diante da minha ignorância dos reais motivos do comportamento alheio... Apenas “oscilo” e sinto minha cratera d’alma... Para onde quer que eu vá, de onde quer que eu volte, carrego apenas meia alma para atravessar a existência.
Neste instante, queria ser Ville Valo, o homem dos olhos mais lindos da Terra, o poeta rebelde romântico que procura desesperadamente pelo amor... Amor que é morte, morte que se faz vida...Ville, o sensível e belo vocalista do HIM! Ele não desiste...
.. .
. . .