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Mostrando postagens de agosto, 2012

Ácida

Diz Paulo Freire que um educador popular nunca deve perder a capacidade de indignar-se. Em Filosofia se diz que o filósofo nunca deve perder a capacidade de espantar-se. Tenho bem incrustadas na alma as duas capacidades. Espanto e indignação caminham de mãos dadas em mim. E nesta semana perdi a paciência com pessoas que me espantam negativamente e indignam absurdamente. E me sinto como um rio corrosivo, sibilando palavras ácidas. Sou um furacão, que caminha sobre a terra e faz voar pelos ares  o que está no caminho. Vou levar uns dias para voltar a  adotar esforços de contenção da minha acidez por vezes irônica, por vezes cínica, sempre violenta e nada sensata. Em meios onde se pode estacionar e passar desapercebido por anos a fio, minha incontrolável capacidade de indignação faz com que eu me destaque rapidamente. E como lembrou minha mãe, "assim você fará inimigos"... Bem, antes inimigos declarados do que falsos amigos. E nada me indigna mais do que a falsidade, a superfici...

Idealismo

Em Filosofia, idealista é aquele que busca o conhecimento por meio das ideias. Assim, é pensando a representação mental que se tem do mundo que se pode chegar a compreendê-lo, por meio de ideias abstratas. Nessa tendência estão Hume e Kant, entre tantos outros.  Muito antes de começar a estudar Filosofia a palavra "idealista" era uma das minhas preferidas. Porém, eu a entendia e a adoto num sentido diferente do acadêmico. Idealista, para mim,  é aquele indivíduo que vincula seus projetos de vida a altos valores morais, que lhes servem como parâmetros de conduta. Seu ideal é viver de acordo com aquilo que acredita ser o correto, o mais admirável, o mais nobre.  O idealista, no meu entender, não abre mão de seus valores por nada no mundo. Eles são parte do seu ser, sua essência mais fundamental. E, para mim, ser um idealista, é o mais óbvio que se pode esperar de uma pessoa de altos princípios, entre os quais o amor à liberdade. Nem quero entrar na discussão sobre a possibi...

Ciclos

Estou aqui. Eu amo você. Não me importo se você tiver que passar a noite inteira acordada chorando, eu fico com você. Se você precisar dos remédios de novo, não tem problema, tome - eu vou amar você do mesmo jeito, se fizer isso. Se você não precisar de remédios, vou amar você do mesmo jeito. Não há nada que você possa fazer para perder o meu amor. Vou proteger você até você morrer, e depois da sua morte, vou continuar protegendo você. Sou mais forte do que a Depressão e mais corajosa do que a Solidão, e nada nunca vai me desanimar.  - Elisabeth Gilbert Fato raro na minha vida é eu deixar de lado as minhas leituras. Não me lembro de qual foi a última vez em que li um livro inteiro, do começo ao fim... Os acontecimentos vêm se atropelado e eu tenho mergulhado neles como que agarrada a uma tábua de salvação. Lendo, mergulho em mim mesma e entre letrinhas vejo imagens que tenho me recusado a ver. No redemoinho de acontecimentos diários eu não penso no que não tem jeito, não me an...

Gramsci

"Eu não quero fazer-me de mártir nem de herói. Creio ser um simples homem comum, que tem suas convicções profundas, e não as renega por nada no mundo (...)" - Antonio Gramsci .

Aos Tateios

Não ouso interpretar o que os acontecimentos anunciam. Aprendi a temer as coincidências. Da última vez que confiei nelas, fui cobrada ao preço da minha sanidade. Aprendi a perceber as coincidências e fazer de conta que não é para mim que elas acenam. Talvez não seja, mesmo. Talvez eu romantize demais meras contingências, lhes atribua sentidos que não existem. De qualquer forma, nos últimas dias algo estremeceu nas estruturas do cosmos. Senti! Foram colisões demais, inesperadas demais para serem ignoradas.  Mas, me nego a qualquer coisas. Há situações limite em que o sensato é aceitar a própria impotência. Não posso nada, não sei de nada, não farei nada a respeito. Apenas me movo aos tateios. O futuro não me pertence, não depende de mim. Desconsidero! Mas, sigo adiante ciente de que me espreita uma lógica autônoma e incompreensível. Quem ficou para trás que me alcance se puder e se quiser, que aprenda a ter a dignidade de merecer a possibilidade de cada passo. Eu me enverg...

O Muro

" Sozinho ou aos pares, quem realmente  ama você faz de tudo do lado de fora do muro. Alguns de mãos dadas, alguns reunidos em bandos.  Os mais sensíveis e os artistas fazem sua parte. E ao lhe darem tudo o que têm, alguns tropeçam e caem . Afinal de contas, não é fácil fazer seu coração bater contra um muro amaldiçoado." . .

Não Pode Chover o Tempo Todo

"Um prédio é incendiado e todo o resto são cinzas. Eu pensava que isso acontecia com tudo... Família, amigos, sentimentos... Mas agora eu sei que algumas vezes, se o amor é real, se duas pessoas devem ficar juntas, nada pode separá-las. (...) Se as pessoas que amamos são tiradas de nós, o jeito de mantê-las vivas é continuar amando-as. Os prédios queimam, as pessoas morrem, mas o amor verdadeiro é para sempre." .

Notícias do Brasil

Texto: Helena Novais Em 18.08.2012 Novela não é algo que me atrai. Tenho muito vaga ideia do que a TV aberta está colocando no ar neste gênero.  Porém, ontem à noite, ao transitar pela casa na hora do jantar, parei para observar o que se desenrolava na tela. Um rapaz havia descoberto quem era deu verdadeiro pai. Sua reação: espancar o pai. E a TV mostrava o filho esmurrando o pai! Jardim Ângela fica na zona sul da cidade de São Paulo. Bairro do qual muito se falou e se fala devido à alta concentração demográfica e altos índices de violência. Estive ali, em reunião com companheiros da Recid, por dois dias, nesta semana. Entre questões burocráticas e pedagógicas em discussão, ouvi coisas terríveis que estão acontecendo naquela localidade. Tráfico crescente, revoltantes atos de violência contra jovens e mulheres por parte de quem os deveria proteger, entre outras mazelas. Do Rio de Janeiro, os educadores mandam notícias. Destacam as dificuldades encontradas por aquele...

Perdas e Danos

Há uns dois, três anos atrás, ganhei da minha amiga Teresa uma cópia da sua coleção de textos publicados no jornal Folha de São Paulo. Textos da Dulce Critelli e do Contardo Calligaris publicados de 2006 a 2009. Presente sem nenhum outro motivo senão a generosidade da minha amiga, sempre dedicada a partilhar seus interesses. Guardei o presente e, desde então, passei a dedicar alguma atenção aos colunistas de jornal. Leio os textos publicados na Folha sempre que posso. O último que me chamou a atenção foi escrito pelo Contardo, o "Paidrastos" (e "mãedrastas") . Na prática, eu nunca tive nem uma coisa nem outra, nem paidrasto nem mãedrasta, embora meus pais sejam divorciados há mais de trinta anos.  A última vez que vi meu pai foi no dia da assinatura de tal acerto. Não sei se algum dia me torturei por não ter sido motivo o suficiente para que meus progenitores continuassem juntos, como diz o Contardo... Antes teria coisas piores para lamentar. Por exemplo, a atitude ...

Das Despedidas

Mensagem recebida: "... as pessoas só saem da nossa vida quando aprendemos tudo o que devemos aprender com elas..." Minha mente não anda nada inativa. Há uma multidão de linhas de pensamento colidindo e se entrelaçando em meus circuitos cerebrais. Não sei dizer ao certo qual o dínamo que move tanta atividade, mas sinto que algo mudou em sua dinâmica. A frase recebida me lembra uma janela pela qual os raios de sol penetram. Quando alguém chega em nossas vidas, se estabelece e ganha importância ou ganha importância e se estabelece, trás consigo novas perspectivas, possibilidades, novos rumos. E a gente se vê, impulsionado pelas circunstâncias, a seguir com ela por um caminho comum. E isso, normalmente, tem algo de automático. Ninguém faz um inventário do que o outro trás consigo, só vai vivendo e, aos poucos, se percebendo enredado nas novas situações que a relação trouxe... Novas pessoas, novos compromissos, novos lugares a visitar, novas expectativas... O outro passa a ser um...

Expedição Arqueológico-Cultural

Creio que hoje em dia um ser humano adulto, inserido nesta sociedade da informação (que eu adoro chamar de "sociedade da desinformação") e culto, tem sérios motivos para se envergonhar por desconhecer os "nós" determinantes dos rumos dessa sociedade. Então, há certas coisas que não se pode deixar de conhecer, mesmo que tardiamente. No que me diz respeito, minha consciência me diz que devo me envergonhar por desconhecer um dos maiores fenômenos da indústria cultural.. Estou empenhada numa cruzada contra essa ignorância vergonhosa... Então, Senhoras e Senhores, vamos ouvir os quatro garotos magricelas e estridentes de Liverpool... The Beatles: . .

Another Brick In The Wall

Para quem acredita que educação é solução, a lucidez nada sutil da obra genial de uma das bandas mais genias de todos os tempo: "Então você achou que gostaria de ir ao show para sentir o calor da emoção e da confusão e o fulgor do cadete do espaço? Diga-me, alguma coisa está te iludindo? Isto não é o que você esperava ver? Se você quiser descobrir o que há por trás desse olhar frio terá que abrir caminho através deste disfarce." . . .

A Mulher de 40

Uma amiga do grupo de estudos de gênero, dia desses, nos apresentou sua vontade de estudar os textos da Simone de Beauvoir que tratam do tema envelhecimento. Muito bem casada há algo por volta de uns 25, 30 anos, bonita, inteligente, carismática, alto-astral e mãe de uma moça linda, disse ela, a minha companheira de estudos, estar em desajuste com o tal envelhecimento. E fez eco às minhas próprias inquietações. Eu que nunca fui casada, na prática nem imagino o que seja gerar uma criança e criar um filho, também estou às voltas com o aprendizado sobre como encarar a tal meia-idade. Na próxima segunda-feira completarei exatos quarenta e três anos e nove meses de vida. Primeiros anos de cinco décadas de uma existência meio incomum, cheia de escolhas meio improváveis. Sei o que é se sentir uma criança, uma adolescente, uma jovem, uma mulher de trinta ou de quarenta. Posso imagina o que é ter 50, 60, 70, 80, 90, embora não possa acreditar que eu e meu coração cansado chegaremos muito longe ...

Sinais

"As pessoas se dividem em dois grupos e quando elas dão sorte, o grupo um vê como mais do que sorte, vê como coincidência. Vê isso como um sinal, a prova de que há alguém lá em cima tomando conta delas. O grupo dois vê a coisa como pura sorte, golpe feliz do acaso. O que eu sei é que as pessoas do grupo dois vêem essas quatorze luzes de um modo bem desconfiado. Para elas, a situação é equilibrada. Pode ser bom, pode ser ruim. Mas no fundo, sentem que aconteça o que acontecer, estão sozinhas. E isso as apavora. Elas são assim. Mas, há muita gente no grupo um. Quando vêem as quatorze luzes, estão vendo um milagres. No fundo elas sentem que aconteça o que acontecer, haverá sempre alguém para ajudá-las e isso as enche de esperança. O que você tem que perguntar a si mesmo é que tipo de pessoa você é. É do tipo que vê sinais, milagres, ou você acredita que as pessoas só têm sorte? Ou, veja a coisa assim: é possível que não hajam coincidências?" Embora hoje seja mais um daqueles...

Retornos

Eis que o passado bate à minha porta muito antes do  esperado... Melhor assim! Não é bom ficar com dívidas em aberto, com a alma empenhada em algum ponto perdido. E me fez sentir saudades de mim, de uma época em que meu nível de altruísmo era mais elevado, mais perseverante, paciente e otimista, mais resistente a vendavais e catástrofes... Apostei muito alto, muitas vezes, altos recursos perdidos... Não digo que não valeu à pena, não se pode passar pela vida sem conhecer suas configurações de forças negras. Entre uma tempestade aqui e outra ali, esquecei de me carregar comigo, tanto que estou uma caixa vazia... Mas confesso, estou dando meio volta, procurando retornos... O que tomar pela felicidade? "Decisões", é a melhor resposta. Em dia de sinais tomo este como o sinal. Fiz promessas que não cumpri... Algo em nós merece mais, merece resgates... Nós merecemos algo de eterno, como prometi que seria... Retribuição justa por tanto esmaecer... Resgato as promessas, recupero-as d...

Dita Von Teese

Dias atrás o site Obvious, via Facebook, divulgou uma matéria sobre Dita Von Teese. Chamou-me a atenção a qualidade da foto em preto e branco. Pela legenda, não distingui, de imediato se Dita era a fotógrafa ou a modelo. Então, guardei o link para ler o texto posteriormente. Se era a fotógrafa, seu trabalho me interessava.  Atualmente, e por algumas semanas, estou pesquisando sobre fotografia para incrementar as oficinas de comunicação que estou desenvolvendo. E lá fui eu, ler o texto do Obvious... Ok! Com referência a muitas coisas que estão acontecendo no planeta, sou uma alienígena e não é de hoje. Simplesmente não me é possível dar atenção a tudo o que surge no meu caminho e ainda às minhas necessidades básicas (como escrever). Em certa época, Marilyn Manson até me chamou atenção por seus gostos extravagantes e suas declarações interessantes. Mas sua música não me convenceu. Sabia lá eu que Marilyn havia se casado e se divorciado de Dita e quem era essa tal Dita. Azar o me...

HIM - The Foreboding Sense Of Impending Happiness

Muito bonitinho!!! :) . . .

Segue

No Brasil, o ano só começa depois do carnaval. Antes dele, todas as coisas seguem em marcha lenta, em compasso de espera. Depois de fevereiro, começo de março, o tempo corre muito rápido. Estamos adentrando agosto e me pego fazendo a análise do semestre passado... Caminhei em direção ao que me propus, ao que planejei para este ano?  Fazendo eco ao que eu mesma escrevi dias atrás, às vezes me pego cometendo as mesmas "falhas" que um dia critiquei em outros... Meses atrás, em dado momento, me vi incapaz de continuar lidando com os níveis de pressão que me envolviam há tempos... Na verdade, há anos. Corre-corre, ansiedade, tensão, noites mal-dormidas, vida pessoal em compasso de espera, pressão, cobranças por decisões que eu não tinha como tomar, pressão, cobranças por soluções que não surgiam por si só e que eu não tinha como forçar, pressão... Cheguei no meu limite e implodi. Virei as costas e "fui ao cinema". Foi bem isso. Por irresponsabilidade, por indiferenças? N...

Democracia Formal

A Editora Vozes publicou a primeira edição de  Como se Faz Análise de Conjuntura , do Sociólogo Herbert de Souza, em 1984. Continua atual e de leitura bastante útil. "A transnacionalização da economia e da política é um fenômeno que caracteriza o processo brasileiro de forma global e determina o rumo de seu desenvolvimento. Como o Estado transnacionalizado teve que se impor à Nação e se divorciou dela, daí derivam as grandes questões políticas e a origem de suas crises. O Estado brasileiro está sendo dirigido por atores políticos que não têm  condições de se apresentar  clara e diretamente à sociedade, porque respondem aos interesses do grande capital  transnacional instalado no país (...) Nacionalizar o Estado passou a ser uma questão fundamental e nova. Tão nova que para muitos esta proposta pode parecer sem sentido , já que se consegue pensar um Estado  que não seja nacional, por definição. A realidade ultrapassou a definição e a transnacionalização...

HIM: Ville Valo e o Entusiasmo

Ville Valo à Kerrang, em 2008: "Estou desesperadamente procurando o amor, é o que eu estou fazendo no momento. Desesperadamente . Sublinhado, negrito e todas as marcas possíveis que você tiver!  (...) Preciso levar um chute na bunda por algo que me traga entusiasmo. Eu quero ser como criança em loja de doce." E quem não quer? "Entusiasmo" é a questão! A gente pode ter tudo na vida, mas os dias ficam meio desbotados sem o tal entusiasmo que se traduz em "motivação"... E quanto mais a gente procura, maior a chance de se enganar... O entusiasmo/motivação é mestre em disfarces. Só permanece e se torna amor aquele que chega de mansinho, sem se fazer perceber, se instala e vai ficando por prazo indeterminado... Mas sempre tem prazo... . . .