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Das Despedidas







Mensagem recebida: "... as pessoas só saem da nossa vida quando aprendemos tudo o que devemos aprender com elas..."






Minha mente não anda nada inativa. Há uma multidão de linhas de pensamento colidindo e se entrelaçando em meus circuitos cerebrais. Não sei dizer ao certo qual o dínamo que move tanta atividade, mas sinto que algo mudou em sua dinâmica. A frase recebida me lembra uma janela pela qual os raios de sol penetram.





Quando alguém chega em nossas vidas, se estabelece e ganha importância ou ganha importância e se estabelece, trás consigo novas perspectivas, possibilidades, novos rumos. E a gente se vê, impulsionado pelas circunstâncias, a seguir com ela por um caminho comum. E isso, normalmente, tem algo de automático. Ninguém faz um inventário do que o outro trás consigo, só vai vivendo e, aos poucos, se percebendo enredado nas novas situações que a relação trouxe... Novas pessoas, novos compromissos, novos lugares a visitar, novas expectativas... O outro passa a ser uma espécie de filtro pelo qual passamos a perceber o mundo e a viver a vida... Conhecer o mundo do outro, pelos olhos do outro, é conhecer o outro... E nos desacostumamos de ver o mundo apenas por nossos olhos. 





Neste ponto, para mim, a questão não é analisar a conveniência ou não de alguma relação e o que ela trás, ao me desviar do meu caminho individual... Bem poderia ser, mas no meu caso não... A questão, para mim, é: o que acontece quando o outro, que trouxe tantas mudanças de perspectiva e expectativas, repentinamente... morre? Parte, morre... Simplesmente deixa de existir?





Nesse caso, ficamos sozinhos com as perspectivas e possibilidades em aberto, com as expectativas que não se calam simplesmente porque a vida decretou... Há muito tempo venho me sentindo assim, de luto após uma morte consumada... E o que fazer com tanta coisa em aberto, com o que foi dito e com o não dito, com o que foi feito e com o não feito, visitado, explorado, vivido e que não se cala? 





Aquela frase, aquela janela pela qual a luz do sol passa, de alguma forma, por algum motivo, me faz pensar que trilhar o caminho sozinha também é uma forma de aprender com o outro tudo o que devo aprender... E me peguei fazendo isso, mesmo sem perceber que fazia... Há tempos venho fazendo isso... Estar em contato com pessoas, com lugares, com coisas, com situações... De início me pareceu meio doentio e  me intimidou, mas, aos pouco, fui perdendo  a sensação de estar fazendo algo que não deveria... E me vi gostando disso, simplesmente pelo valor de cada pessoa, de cada lugar, das situações, das coisas em si mesmas.



E um caminho leva a outros, se dissolve em outros e assim, trilhando o caminho sozinha, saí do lugar meio aos tropeções, desajeitadamente, dei passos tímidos, retomei a vida... É trilhando caminhos que as pessoas se aproximam e se distanciam... Se encontram e se despedem... Há despedidas no fim do túnel.




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