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No Brasil, o ano só começa depois do carnaval. Antes dele, todas as coisas seguem em marcha lenta, em compasso de espera. Depois de fevereiro, começo de março, o tempo corre muito rápido. Estamos adentrando agosto e me pego fazendo a análise do semestre passado... Caminhei em direção ao que me propus, ao que planejei para este ano? 





Fazendo eco ao que eu mesma escrevi dias atrás, às vezes me pego cometendo as mesmas "falhas" que um dia critiquei em outros... Meses atrás, em dado momento, me vi incapaz de continuar lidando com os níveis de pressão que me envolviam há tempos... Na verdade, há anos. Corre-corre, ansiedade, tensão, noites mal-dormidas, vida pessoal em compasso de espera, pressão, cobranças por decisões que eu não tinha como tomar, pressão, cobranças por soluções que não surgiam por si só e que eu não tinha como forçar, pressão... Cheguei no meu limite e implodi. Virei as costas e "fui ao cinema". Foi bem isso. Por irresponsabilidade, por indiferenças? Não, de jeito nenhum... Simplesmente não fui mais capaz de suportar. Foi tempo demais, pressionada demais.



Admitir para si mesmo não ser capaz, pode ser a única saída quando a gente não suporta mais... Saída nada desejável é bem verdade, mas talvez a única que permite manter a sanidade mental e ter alguma chance de recuperar as próprias forças... Abandonar, é a palavra? Abandonei! E sinto muito! E sei que, assim fazendo, abalei uma obra de anos, construída com extremo esforço meu... Em minha defesa, apenas posso disser "não podia mais". O que não desculpa nada, não apaga o feito ou o não feito. Não contribui para recuperar o que se perdeu.





Enfim, nos últimos meses embarquei no imprevisto... Não planejei abandonar nada, não planejei mudar de rumo. O plano inicial previa apenas somar, nunca diminuir... Não sei se no futuro as perdas atuais, de alguma forma, serão ganhos do tipo "o errado que deu certo". Mas, me vem à mente as palavras da minha mãe... Certa vez, disse ela que as pessoas não voltam atrás em seus atos mais intempestivos não por não se importar, ou mesmo por não querer, mas sim para evitar encarar os efeitos... Ninguém gosta de encarar o desagrado, a decepção, ou mesmo a raiva, o ódio, o desprezo, a indiferença do outro, por mais que se tenha dado causa a esses sentimentos negativos... Ninguém sabe lidar com nada disso nem eu. Então, a tendência é só voltar atrás quando a vida faz uma curva sem que a gente perceba.



Embora eu sempre tenha feito planos e tenha tido a real intenção de segui-los nem sempre isso foi possível. Seguir a maré, às vezes, é tudo o que pude fazer. Mas reconheço que há uma certa "sabedoria" na correnteza... Um tal "escrever certo por linhas tortas"... De um jeito ou de outro, não estou mais "pesada", "arfante"... Deixei "pesos" pelo caminho e sei que ainda deixarei outros tantos... Mas, estou, sim, procurado enxergar além e seguir para algum lugar fixo... Não procuro nem a felicidade, simplesmente a paz, a serenidade... Isso não tem mudado.



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