Não costumo fazer planos e quando faço não os sigo. Não traço estratégias, sou indisciplinada. E isso é um erro, pelo menos no que diz respeito ao meu trabalho. Não fiz planos para 2013, embora tenha conseguido viver um 2012, tenha conseguido me ligar no mundo o suficiente para visualizar a chegada de um novo ano. Também não vou tentar sair do meu ciclo vicioso de planos esquecidos agora. Apenas despertei com a vontade de confessar para mim a necessidade de me posicionar diante do que está me incomodando.
Me incomoda a quantidade de sentimentos negativos que acumulei em mim em 2012. Trabalhei, viajei, conheci outros lugares, outras pessoas e fui jogando pra baixo do tapete a mágoa e a indignação que vira e mexe se transformam em raiva, que ameça sair do controle e varrer o espaço como furacão.
Mágoa, acima de tudo, porque nem por um segundos, há anos, eu me livro da lembrança de alguém que vive mergulhado num poço de orgulho e de auto-proteção, como se fosse o único no mundo a sentir dor. Mágoa porque há quem se dispõe a destruir a vida do outro por ser incapaz de dizer um simples "está tudo bem", muito depois do ápice do vendaval ter passado... Mágoa por haver quem se refugia na mentira da indiferença, como se fosse intocável quando, na verdade, é apenas frágil. Mágoa porque isso vai alimentando um monstro que só cresce e eu não posso matá-lo sozinha.
Não quero fazer julgamentos. Juro que não... Mas, também não quero ser enfraquecida enquanto outros se mantêm na sua zona de conformo, apesar de desconfortavelmente instalado... Dia sim, dia não, desperto me sentindo sugada por velhos temas mal resolvidos e isso não acaba... Antes preferiria somar forças para sermos melhores, seres humanos melhores, pois conscientes dos próprios limites e possibilidades de superação. A humildade diante da condição humana e da natureza me parece o mínimo necessário de sabedoria.
Mas, não é só... Também me incomodam demais aquelas pessoas que usam palavras estudadas para disfarçar suas intenções mesquinhas num ambiente onde a boa vontade deveria prevalecer. Me sinto na obrigação de não abandonar o barco aos ratos, mas os marujos não lutam e é mais a passividade das pessoas corretas o que me desanima demais. E eu não entendo isso... É tão fácil colocar mal intencionados no devido lugar, mas eles se multiplicam porque os justos calam! E quando os justos calam a minha decepção faz com que eu queira cultivar o meu jardim cercando-o com muros bem altos.
E é assim... Conflitos! Tenho uma amiga muito querida que diz: "Poxa, ainda que você consegue suportar tudo. Tem gente que por muito menos se droga, de mata." É, eu tenho conseguido, mas de um jeito ou de outro não vou continuar vivendo na corda bamba por muito mais tempo... Por hora meu alívio será comer uns dez pãezinhos no café da manhã, me embebedar na comilança.