Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de dezembro, 2012

Além

Eric Michael Packer, 28 anos, especulador financeiro. E rico. Tão rico a ponto de ser capaz de causar uma crise econômica sistêmica por conta própria.  "Os estrategistas não sabiam explicar a velocidade e a gravidade da queda. (...) Ele sabia que era o iene. Seus atos referentes ao iene estavam causando tempestades de desordens. Seu poder era tamanho, a carteira de títulos de sua firma era tão grande e ramificada, com vínculos cruciais com tantas atividades e tantas instituições centrais, todas reciprocamente vulneráveis, que a totalidade do sistema estava ameaçada."  (p. 112) Falado com sua guarda-costas, ele diz:  "- Que arma ele lhe deu? [o chefe de segurança] - Aparelho de choque. Ainda não confia em mim o bastante para me dar uma arma letal.  (...) Quantos volts você tem? - Cem Mil. Dá pane no sistema nervoso. (...) - Me dá um choque. Sério. Com a máquina. Quero que você me dê um choque, Kendra. Prá me mostrar como é. Estou querendo mais. Me mostre uma coisa que...

Liberdade, dignidade e publicidade

Texto: Yves de La Taille, para Carta Capital . O objetivo desse artigo é refletir sobre a liberdade de expressão quando relacionada à publicidade dirigida ao público infantil.  Comecemos pelo belo conceito de liberdade perguntando-nos se tal princípio — que confere ao ser humano o direito de não ser coagido e também o dever de não coagir as demais pessoas — é absoluto ou relativo. Se for absoluto, não haverá situação na qual será correto privar alguém de alguma forma de liberdade. Se for relativo, haverá situações nas quais, por mais raras que sejam, a ausência de liberdade será legítima. Ora, é claro que o princípio da liberdade é relativo, pois depende do setor de atividade ao qual se aplica. Por exemplo, não temos a liberdade de matar nossos desafetos, nem de humilhá-los.  Qual, então, é o princípio que limita o exercício da liberdade? É o princípio da dignidade, que confere ao ser humano o direito à integridade física e psicológica e ao respeito. Mais a...

Novos Rumos, Sobre os Blogs

Eu me interesso por muitas coisa. Muitas! E isso é bom, pois me possibilita uma visão mais abrangente do mundo. E isso é ruim, pois acabo atirando pra todo lado sem chegar a lugar algum. Difícil, muito difícil para mim me focar em algo específico! Mas, eu sei onde quero chegar. E dificuldade não é motivo para não tentar. Pelo contrário, só o mais difícil deveria ser tentado, pois implica aprendizagem e superação. Há cinco anos, quando troquei o curso de Comunicação pelo de Filosofia, eu já sabia onde queria chegar. De lá pra cá isso não mudou. Queria tomar a Filosofia como ferramenta crítica aplicada à Comunicação. Para isso fui estudar Filosofia. E se digo que passei por uma crise existencial que colocou em questão os valores e opções de toda a minha, foi porque o meu projeto de vida foi atingido. Fiquei parada no caminho sem saber que rumo tomar. Depois de quase um ano de andanças pelo Brasil, com a mente trabalhando incessantemente, assimilando princípios filosóficos, conceitos, mét...

Nível de Felicidade do Brasileiro é Destaque na Imprensa

A felicidade no Brasil está ligada a ganhar mais, mas não é só isso. Pesquisa mostra que nordestinos são os mais felizes entre os brasileiros, equiparando-se à Finlândia em satisfação. São Paulo - Dinheiro conta, mas não é tudo. Esta parece ser a mensagem dos brasileiros a uma pesquisa sobre felicidade feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O nível geral de felicidade da população ficou em 7,1, em uma escala de 0 a 10. Porém, ao mesmo tempo em que este número variava para cima quanto maior a renda da pessoa, a região Nordeste se mostrou a mais feliz, embora apresente renda per capita inferior ao Sudeste, que, por sua vez, tem a população menos satisfeita (...). Os brasileiros que vivem com mais de 5.451 reais por mês deram nota 8,4 para a própria felicidade Já quem vive com até 545 reais ficou com 6,4. Separadamente, a nota de felicidade dos moradores do Sudeste foi de 6,68, contra 7,38 dos nordestinos, apesar de muitas capitais da última região,...

O Além do Homem - Cosmópolis I

Desde que eu me lembre, sempre estive impulsionada pela curiosidade. Sempre quis compreender como funciona este mundo em que vivo, como interagem as peças que o compõe, o que leva a sociedade a ser o que é e o que ela é. Afinal, o que sou eu e o outro? Com o tempo, fui adquirindo informações, assimilando perspectivas e novos conceitos, o vocabulário foi se tornando mais abrangente, o pensamento mais intrincado... Normal. É assim com qualquer ser humano em desenvolvimento. Mas, hoje estou num esforço de síntese. O que é pensamento? O que é Filosofia? Quais seus limites?   O que é possível conhecer e como se constitui o processo do conhecimento? Qual a real contribuição do pensamento filosófico para indivíduos e sociedade? Questões antigas para as quais as respostas devem ser individuais... Eu tenho as minhas, que talvez sejam provisórias. Minha questão máxima é: o que fazer com as respostas? Sei que Nietzsche diagnosticou a morte de Deus e Foucault detectou a morte do homem. São águ...

A Vida é Desafio

Goste da música ou não, Racionais é lenda. Tem que acreditar. Desde cedo a mãe da gente fala assim: 'Filho, por você ser preto, você tem que ser duas vezes melhor.' Aí passado alguns anos eu pensei: Como fazer duas vezes melhor, se você tá pelo menos cem vezes atrasado pela escravidão, pela história, pelo preconceito, pelos traumas, pelas psicoses... por tudo que aconteceu?  Duas vezes melhor como? Ou melhora ou ser o melhor ou o pior de uma vez. E sempre foi assim. Se você vai escolher o que tiver mais perto de você, O que tiver dentro da sua realidade. Você vai ser duas vezes melhor como? Quem inventou isso aí? Quem foi o pilantra que inventou isso aí? Acorda pra vida rapaz. É necessário sempre acreditar que o sonho é possível, Que o céu é o limite e você, truta, é imbatível. Que o tempo ruim vai passar é só uma fase, Que o sofrimento alimenta mais a sua coragem. Que a sua família precisa de você lado a lado  se ganhar pra te ap...

Feliz Natal!

Este foi um ano diferente para mim. Nos primeiros meses, mergulhei nas possibilidades da educação popular freireana. Encontrei educadores e militantes de esquerda de todo o país, ouvi suas idéias, travei contato com seus esforços, com suas lutas cotidianas. Aprendi com eles. Conheci lugares diferentes, ideias diferentes, formas de fazer e de viver diferentes. Percebi o quanto, em nossa diversidade, temos em comum, o que nos aproxima e o que nos distancia. E, em 2013, independentemente de permanecermos juntos ou separados em nossas atividades, ainda teremos em comum o sonho de um projeto popular para um Brasil com justiça social, construído por todos os brasileiros e brasileiras e não por uns poucos que privilegiam seus próprios interesses.  Perseverar no sonho significa cultivar o auto-conhecimento, a auto-crítica, com consciência de que o poder corrompe e de que somos seres frágeis nadando contra a correnteza num mar de necessidades, de falsidades, de mentiras, de oportu...

News From Nowhere

Ando meio distante da Internet, longe de redes sociais e só escrevendo por relâmpagos. Não é por falta de assunto. Também não me vejo como uma embalista entediada em fim de moda passageira. Estou na Internet há tantos anos que ela é parte estabelecida do meu modo de viver e não uma fase. Ocorre que vivo um momento de recolhimento, me reinventando, me reajustando.  Neste ano, renasci e fui fazer coisas que há anos não fazia. Também me aventurei a fazer outras que nunca havia feito. E tenho levado muito a sério o tal "fazer da vida uma obra de arte". Como para isso não existe receita pronta, estou fazendo meus próprios testes. Decidi, por exemplo, que minha casa precisava de uma cara nova e que providenciá-la seria o fundamento do meu recomeço. Decidi que eu escolheria e compraria as tintas, os pincéis, os acessórios, que eu pintaria as paredes e janelas. Não houve contrariedade de mãe que me fizesse mudar de ideia. E decidi mais: que não darei mais ouvidos a quem freia minh...

Stieg Larsson: uma biografia do autor de Millennium

Stieg Larsson é o jornalista e  escritor sueco criador da série Millennium. Os Homens que Não Amavam as Mulheres , A Menina que Brincava Com Fogo e A Rainha do Castelo de Ar , três volumes com cerca de seiscentas páginas cada um, foram lidos por mim de um só fôlego há exatamente um ano atrás. No momento estou lendo a biografia, recém lançada pela Cia das Letras, Stieg Larsson: a verdadeira história do criador da trilogia Millennium , de Jan-Erik Petterson. Ignorando o subtítulo, a meu ver pretencioso e inadequado, o texto é bastante interessante. Procurando apresentar o contexto no qual viveu Larsson, Petterson fornece informações históricas preciosas sobre cantos do mundo pouco evidentes. Não me lembro de algum dia ter sido orientada a estudar a histórias e a política do norte da África ou das Ilhas do Caribe. Lugares distantes de que a gente só ouve falar superficialmente. Acontece que Stieg foi um inquieto aventureiro, meio na linha do jovem Che Guerava que decidiu atravessar a...

Timão eO, Timão eO

Hoje foi dia da final do Mundial de Clube da Fifa. E eu acordei às oito da manhã embalada pelo “timão eO, timão, eO” que vinha da rua e atravessava as paredes do meu quarto. Nos últimos anos a torcida do timão tornou-se cada vez mais barulhenta. Na última copa do mundo me lembro de ter comparado os níveis de barulhos nos jogos da seleção brasileira com o estardalhaço da torcida em dias de jogos do Corinthians. A seleção brasileira já perdia. E de longe! Acompanho à distância essa movimentação em torno do futebol, como se ela acontecesse em um mundo paralelo do qual vez ou outra eu ouço algum eco. E mais de longe ainda acompanho olimpíada e pan-americanos. Mas, observo com altas doses de escárnio as ações de mídia em torno de eventos esportivos. Então, não gosto de esportes? Não é o caso. Gosto de várias modalidades. Mas, não gosto de nada que exalta uma única perspectiva e ignora outras que são nocivas, coisa que a mídia (e não necessariamente o esporte) é expert em fa...

Finais Felizes

Conselho de uma amiga que já passou por poucas e boas: a gente não deve sair por aí pregando nossas desventuras aos mais jovens, pois não se deve desanimá-los, privá-los de suas ilusões que bem podem se tornar realidade... Muito certo! Na vida há lugar e tempo para todas as coisas. Mesmo as mais altas esperanças frustradas, com paciência e boa vontade, podem desembocar em construções harmoniosas. A gente tem que encontrar o ponto de vista  mais positivo, aquele que afasta as amarguras e faz brilhar novas e positivas possibilidades. Eles são material para a construção de dias melhores. Construir não é algo fácil de se conseguir em meio a tempestades, mas não há tormenta que não encontre um fim, por mais demorada que seja. Nada se perde, tudo se transformar. Recomeços são possíveis se o espírito de construção for contínuo, superando os dias ruins. A gente sempre pode acreditar em finais felizes. .

Mensagem na Garrafa, Ano IV

Escrever para você para mim. Estou me devendo isso há tempos. Uma peregrinação por minhas contradições, uma sondagem em busca de conclusões.  Mais um ano que pensei impossível... Esqueci? Não esqueci, assimilei, dilui. Ou ainda estou em processo fluído. E então nem sei mais para quem escrevo, se para você, para mim, para nós... Para ninguém!  Quem são os sujeitos desse drama? Não sei quem são. Sei que o drama é subjetivo e contínuo em sua singularidade, que o roteiro não acaba nunca, pois significados são infinitos quando sobrevivem a esmo. Sei que as mensagens são desconsideradas, abandonadas num quarto de despejos, como você faz com tudo que não lhe sussurra, sem alterar tempo e espaço com turbulências mínimas.  Sou contraditória, sim... Digo sim, seguido de não. Tenho medo de saltar no vazio sem paraquedas. Pânico que suas nuances não aliviam.  E nunca soube o que fazer com você. Torcê-lo após lavagem, secá-lo com toalhas felpudas? Testei as duas opções. Aprendi ...

Pausa

"Vamos colocar uma pedra encima disso tudo e começar uma vida nova em 2013" ... Esta frase, dita em tom conciliador e persuasivo por um dos meus professores, dias atrás, está pairando na minha mente... Indo e voltando, exigindo uma decisão... Ele não sabe o que significa para mim esse "disso tudo", mas colocar uma pedra e seguir a vida é o que eu mais quero. Porém, isso fica muito mais fácil de se conseguir em um lugar diferente, com pessoas diferentes, em cenário diferente, com horários e hábitos diferentes. Enfim, em um contexto diferente. Sem lembranças. Mas o que me garante que essa diferença toda não é um sedativo entorpecedor, um paliativo, que num futuro próximo irá me custar caro demais? O remédio não seria pior do que a doença? Não seria enterrar pesadelos em castelo de areia à beira do mar? A vida às vezes é cruel e cheia de graças sem graça... Quando a gente menos espera ela joga na nossa cara que não há fuga possível. Permitir distrair-se com o que não é...

Incessante

Poucas coisas me são mais insuportáveis do que a rotina. Sou incapaz de compreender pessoas que vivem todos os dias o mesmo dia, apesar de ter vivido minha vida toda cercada por gente do tipo. Há aqueles que se apegam aos mesmos móveis mantidos necessariamente nos mesmos lugares ano após ano; repetem sempre as mesmas frases feitas, como vitrolinha tocando um vinil riscado; se negam a ir adiante, pois o ontem lhes basta como sustento para todo o sempre. Gente assim, com tanta vida quanto os vegetais, sempre precisa de muletas e age como vampiro sorvendo lentamente o sangue alheio. Dependem da vida de outros para manter uma espécie de existência que nem se pode chamar de vida com justiça. E eu, tendo observado tantos exemplos, não poucas vezes me pego na eminência de segui-los automaticamente. Sacudo-me, liberto-me, muitas vezes não sem dificuldades.  E hoje eu entendo bem a minha “síndrome de Cinderela”, sempre esperando um príncipe encantado que me salve do insuportável, trazendo c...

Na Estrada

Em 2011, meu último compromisso acadêmico foi assistir à apresentação do trabalho de iniciação científica de um colega. Era uma análise filosófica de fotografia, muito interessante. Ao término, fui com a turma até uma pizzaria. Conversa vai, conversa vem, falando de meus insucessos com uma amiga aprovada para o Mestrado e do adiamento da minha formatura, ela disse "Ah, Helena, mas no primeiro ano suas notas eram muito melhores do que as minhas. Mas [agora as minhas são melhores porque], eu tinha  objetivos" . Suas palavras me soaram como um chacoalhão... Como assim, então eu não tinha objetivos? Iniciei o curso com o firme propósito de estar formada dalí a três anos, de entrar direto no Mestrado e, com bolsa de estudos, me dedicaria ao Doutorado e a mais nada. No primeiro ano, por três décimos não fiquei com a melhor média de notas da turma. Mas os objetivos, planos, sonhos sumiram todos da minha consciência, de um momento para outro... E foi só naquele instante, ouvindo as p...

Depeche Mode - Only When I Lose Myself

A impenetrabilidade e solidão irremediável do eu, o reconhecer-se num mar de sensações e sentidos onde tudo é um, a necessidade absoluta de expansão e de encontrar-se ao expandir-se, a vontade cega, individual e incontrolável... Isto é a vida! Não o "romantismo" enfeitadinho no seu disfarce de estrelas alucinógenas, forjado no feudalismo e que não suporta um vendaval. Onde o real é disfarçado pela fantasia? Em que ponto a natureza precisa disfarçar-se no delírio?  Eu nunca quis o disfarce... O DM é um paraíso de símbolos e significados. E o mais gratificante é saber que eles trabalham com associações de sentidos conscientemente. Nada é por acaso. É vivido, sofrido e reconstruído, como eu mesma venho tentando fazer... A perfeita tradução de fazer da vida uma obra de arte. E isso se percebe pelo que eles dizem nas entrevistas. São pessoas profundas, que não passaram pela vida sem nada aprender. It's only when I lose myself in someone else Then I find myself I find myself So...

Instante

Sou descuidada, atrapalhada na minha espontaneidade. Certa vez cometi o ato temerário de dizer para um estranho o quanto sua presença me era luminosa. Temeridade desastrosa que transformou luminosidade em trevas, beatitude em trauma. Hoje, me calo. A vocação humana para buscar a eternidade não acredita no inusitado nem na ausência de ambições fora do padrão. Como todos almejam o eterno, expressar sentimentos pode soar como notificação de cobrança prévia. Daí que falar sobre emoções pode ser tudo o que não se deve fazer. Hoje, sou bicho escaldado que faz cara de indiferente, mesmo quando enfeitiçado pela luz. Mas, há muito tempo sei ser possível encontrar a eternidade em momentos mudos, quando seres humanos que se identificam, almas afins, se encontram e se fazem companhia mesmo que por pouco tempo. Quando há risos verdadeiros e espontâneos de almas nuas descuidadas, o mundo fica perfeito. E viver isso hoje é das poucas coisas capazes de me surpreender.  Escondidos na foto, eu e o A...