Em 2011, meu último compromisso acadêmico foi assistir à apresentação do trabalho de iniciação científica de um colega. Era uma análise filosófica de fotografia, muito interessante. Ao término, fui com a turma até uma pizzaria. Conversa vai, conversa vem, falando de meus insucessos com uma amiga aprovada para o Mestrado e do adiamento da minha formatura, ela disse "Ah, Helena, mas no primeiro ano suas notas eram muito melhores do que as minhas. Mas [agora as minhas são melhores porque], eu tinha objetivos". Suas palavras me soaram como um chacoalhão... Como assim, então eu não tinha objetivos? Iniciei o curso com o firme propósito de estar formada dalí a três anos, de entrar direto no Mestrado e, com bolsa de estudos, me dedicaria ao Doutorado e a mais nada. No primeiro ano, por três décimos não fiquei com a melhor média de notas da turma. Mas os objetivos, planos, sonhos sumiram todos da minha consciência, de um momento para outro... E foi só naquele instante, ouvindo as palavras da minha amiga, que eu me dei conta de que tinham sumido.
Em que momento sumiram? Eu sei exatamente em que instante foi... E neste 2012, assumi para mim que a única forma de seguir adiante sem me atirar de algum viaduto é acreditando que os infortúnios são constituintes do meu caminho para chegar ao melhor de mim. São as pedras do caminho. Eu aprenderei a retirá-las, uma a uma e seguir a vida até o melhor que eu possa atingir... E tem sido assim. E depois de um ano que valeu por uma vida inteira, começo a ver que a minha forma de interpretar a situação - não por algum tipo de mérito, pois é a única possível - é a mais acertada.
Estou às voltas com minha transferência de faculdade e se tudo der certo vou estudar em outra cidade, o que também é um sonho antigo. Mas na noite passada, após visitar minha futura nova faculdade, fui dormir pensando em Titanic, o filme... "Ele me salvou de todas as formas", diz Rose, nos seus últimos dias, relembrado o passado... Apesar de tudo e por muitos motivos, sinto que estou no melhor caminho, que isso tem um dedo de tudo o que me aconteceu de pior e que o melhor, de alguma forma, ainda virá.