Texto: Helena Novais
Em 02.07.2013
Em 02.07.2013
No Brasil as manifestações populares são contra o aumento das passagens de ônibus; contra a PC 37; contra a "cura gay"; contra o descaso com a educação e com a saúde; contra a corrupção; contra... Bem, o que estou ouvindo ecoar pelo Brasil e pelo mundo, em alto e bom som, é o clamor da humanidade por RESPEITO... E um sonoro e estridente "SOMOS MANIPULADOS E TRATADOS COMO IDIOTAS PELOS PODEROSOS DO MUNDO, MAS NÃO TOLERAREMOS MAIS ESTE PAPEL QUE NOS IMPINGEM. QUEREMOS DEFINIR OS NOSSOS DESTINOS, LIVREMENTE."
E o que é isso se não a expressão de uma imensa necessidades de revolução MORAL, uma renovação de sentidos, um derrubar obstáculos em direção à condições de vidas plenas?
Francis Bacon (1561 - 1626), o filósofo inglês, foi um dos primeiros pensadores a afirmar que a razão devia ser empregada na melhoria das condições de vida da humanidade. A Filosofia não mais deveria contemplar desinteressadamente o mundo, mas sim dominar a natureza pela razão, encontrando soluções para as misérias humanas. Mas, seu projeto não incluía o mergulho num utilitarismo cego... A humanidade perdeu o rumo num momento crucial.
De Bacon pra cá, razão e ciência deram-se as mãos na elaboração e manutenção do projeto capitalista, utilitarista até o mais íntimo. E quantos sentidos não se perderam num modo de pensar que foi se impondo e matando tudo o que é diferente e inadequado à sua sustentação? E quanto a humanidade não perdeu de beleza, de nobreza, de fraternidade, de igualdade, ao perder sutilmente sua liberdade de pensar e de ser plenamente? Perdeu-se tanto que mal se consegue avaliar o que realmente está acontecendo hoje, nas ruas e na Internet. Chegam a ser bizarras certas tentativas de interpretação feitas por homens de mídia mainstream em telejornais, com suas explicações decoradas e fórmulas prontas!
Engana-se quem pensa que o povo deseja apenas melhores condições de vida material; engana-se quem, pensa que revolução material e moral são duas coisas diferentes. São níveis diferentes de um mesmo todo, isso sim. Quando o povo se une em multidões para exigir algo, não faz mais do que expressar sua potência na direção de "ser mais", como diria Paulo Freire, ou de exercer sua "potência de vida", como diria Nietzsche. No limite são homens e mulheres buscando transcender o que lhes é dado.
Aquela potência das massas, há tanto tempo reprimida nos indivíduos está reclamando sua realização, mais uma vez, como fez tantas outras vezes ao longo da História. O inimigo é tudo o que tenta contê-la. Mas, ela não pode ser contida. Se um dia o for a humanidade não será mais humanidade e sim outra coisa.
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