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Herbert Marcuse


“O conceito de progresso, pretensamente livre de valores, cada vez mais característico do desenvolvimento da civilização e da cultura ocidentais desde o século XIX, contém um valor bem determinado, que indica o princípio imanente do progresso sob o qual a sociedade industrial moderna se desenvolveu empiricamente. Seus elementos essenciais poderiam ser assim caracterizados: o mais alto valor consiste na produtividade, não somente no sentido de aumentar a produção de bens materiais, mas também no sentido de uma dominação universal da natureza. Surge a pergunta: produtividade para quê? A produtividade serve para satisfazer necessidades... Mas quando o conceito de necessidade engloba tanto a alimentação, roupa, moradia, quanto bombas, máquinas caça-níqueis e a destruição de produtos invendáveis, então podemos afirmar como certo que o conceito é tão desonesto quanto inútil para determinar o que seria uma produtividade legítima, e temos o direito de deixar em aberto a pergunta: produtividade para quê? Parece que a produtividade é cada vez mais um fim em si mesma, e a pergunta sobre sua utilização não só permanece em aberto, como é cada vez mais recalcada.” (Herbert Marcuse, “A Noção de Progresso à Luz da Psicanálise"