Texto: Helena Novais
Em 23.06.2013
Em 23.06.2013
Rosa Luxemburgo é um ícone na memória dos militantes de esquerda em todo mundo. Dona de uma personalidade arrebatadora e uma fé inquebrantável na revolução pela ação do povo, obteve o título de Doutora em Economia pela Universidade de Zurique em 1898. Em fins do século XIX, escreveu o clássico “Reforma ou Revolução?”, obra composta de dois artigos em que procurou esclarecer os trabalhadores sobre a estrutura do sistema capitalista, como suas partes componentes interagem, como a simples conquista do poder político e de reformas para melhoria das condições de vida da população são insuficientes para garantir a construção de uma sociedade de justiça social, com iguais oportunidades para todos, e permanente.
Para Rosa, garantir melhores condições de vida material por reformas promovidas por dispositivos políticos e legais, era uma necessidade inquestionável. Porém, de nada valeria se tais reformas não estivessem acompanhadas de um processo contínuo de esclarecimento do povo e do desenvolvimento de sua criticidade. Em seu entender, o povo com consciência crítica estaria apto para decidir por si. As decisões sobre os destinos da sociedade não caberiam aos burocratas nem às elites, nem mesmo às lideranças de movimentos sociais, somente ao povo, ou à “massa”, como Rosa gostava de dizer. Aos líderes caberia esclarecer o contexto, mostrar oportunidades e opções, ser reflexo da vontade e das decisões do povo.
Assim, a Revolução deveria ser, prioritariamente, uma transformação ética do espírito social, uma nova forma de viver em sociedade, baseada na substituição da exploração do homem pelo homem por comportamentos fraternos e solidários, onde cada um tomasse a privação e o sofrimento do outro como sua própria dor.
Essa humanidade e sociedade dos sonhos, entendida por muitos como impossível, permanece como a utopia que orienta o caminhar daqueles que verdadeiramente lutam por justiça social.
Nesta perspectiva, a liberdade do outro é primeiro objetivo do revolucionário. Liberdade para concordar e para discordar num processo ininterrupto de conciliações de diferentes, sempre com base numa mesma causa comum: a manutenção de condições de vida digna para todos os homens e mulheres.
Publicação original: http://claro-escuro.blogspot.com.br/2013/06/reforma-revolucao-e-crise-renovada-das.html
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