Texto: Helena Novais
Em 29.08.2012
Em 29.08.2012
Em Filosofia, idealista é aquele que busca o conhecimento por meio das ideias. Assim, é pensando a representação mental que se tem do mundo que se pode chegar a compreendê-lo, por meio de ideias abstratas. Nessa tendência estão Hume e Kant, entre tantos outros.
Muito antes de começar a estudar Filosofia a palavra "idealista" era uma das minhas preferidas. Porém, eu a entendia e a adoto num sentido diferente do acadêmico. Idealista, para mim, é aquele indivíduo que vincula seus projetos de vida a altos valores morais, que lhes servem como parâmetros de conduta. Seu ideal é viver de acordo com aquilo que acredita ser o correto, o mais admirável, o mais nobre.
O idealista, no meu entender, não abre mão de seus valores por nada no mundo. Eles são parte do seu ser, sua essência mais fundamental. E, para mim, ser um idealista, é o mais óbvio que se pode esperar de uma pessoa de altos princípios, entre os quais o amor à liberdade. Nem quero entrar na discussão sobre a possibilidade ou não da liberdade. O que me interessa é que se ela não é possível na totalidade, deve ser ao menos em certos níveis.
Na sociedade atual, esse "certos níveis" é cada vez mais diluído, banalizado e desprezado. A liberdade é relegada a nível nenhum, item ilusório para ser usado retoricamente conforme as conveniências de uns poucos. O que eu mais vejo numa simples volta pela cidade é antes a vulgarização do termo "valor". E tenho procurado ser tolerante, compreensiva e talvez conciliadora. É possível que esse pessoal que mistura ser com ter tenha alguma razão e eu seja uma pessoa ultrapassada, retrógrada. Procuro observar e compreender... Mas, aí eu noto o vazio existencial disso tudo, daí eu vejo a concretização das visões nietzschianas de rebanho, daí eu percebo a superficialidade e a hipocrisia que correm soltas... E faço a opção, que na verdade, é uma opção por valores morais que são meus, escolhidos por mim, e escolho ser "ultrapassada", "retrógrada", mas livre... Tanto quanto minha condição biológica humana me permite.
Se tudo tem "valor", então eu não quero ter "valor", pois não pretendo me colocar à venda... E me perguntando como viver em meio a esse caos mercadológicos, à superficialidade da gente "culta" e "sofisticada", à arrogância de gente materialista e literalmente metida a besta, oportunista, manipuladora e, acima de tudo, escrava dos próprios vícios e da própria ganância... Diante de tudo isso, me vejo na eminência de criar meus próprios antídotos.
Gosto do hedonismo, da proposta de fazer da vida uma obra de arte... Mas toda obra de arte só o é, de fato, porque autêntica expressão de uma alma verdadeira. Hoje em dia, mais do que nunca, ser idealista significa ser resistente e se colocar à parte do rebanho. Coisa para poucos. Só para quem consegue ver a insignificância de tanta vaidade vã por baixo dos atos da gente insana, que dita o que outros devem ter e aparentar em detrimento do ser.
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