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Mostrando postagens de 2023

2023, Capítulo II

2023 também foi o ano em que minhas vistas foram para o beleléu, ou seja, meus olhos enfraqueceram bastante. Não é mais questão de aumentar a lente dos óculos. Embora uma oftalmologista tenha me examinado e concluído não haver problemas com meus nervos óticos, venho usando lubrificante ocular continuamente para acalmar uma "síndrome de olhos secos".  Acordo no meio das madrugadas com os olhos doendo, ardendo e, quando isso acontece, não tolero a claridade durante o dia. Por várias vezes cheguei a passar o dia dentro de casa usando óculos escuros. Daí que a ideia de substituir livros físicos por digitais me parece completamente esdrúxula, mais do que nunca... Eis o resultado do uso contínuo de telas... E escrever também se tornou um processo mais complicado, pois qualquer coisa que eu escreva precisa passar por algumas revisões, o que atrasa tudo.  Não só minhas vistas estão fragilizadas, meus ossos também. Em maio tive uma queda feia em casa. Cai na escada e fui parar em um p...

2023, Capítulo I

Durante todo o ano de 2022 me senti na fila de um campo de extermínio... Eu havia me tornado "chefe" de uma pequena família que conta com um idoso e um doente crônico, e é isso o que governos extremistas costumam fazer: eliminam o que incomoda. Os fragilizados, claro... E note, nem digo "governo de extrema direta" ou de "extrema esquerda", pois a história mostra que radicalismo de qualquer lado é ruim, nocivo à população de modo geral. Viver sob regime reacionário é estar, o tempo todo, com uma ameaça óbvia ou velada sob a cabeça! Então, eu me sentia ameaçada e angustiada e estressada e fisicamente e mentalmente exausta... E, ao fim da apuração de resultados da eleição presidencial, me vi chorando de alívio. Eu não teria votado em Lula em um cenário político digamos "normal". Lula já fez muito por este país. Ora, perfeito ele não é. Aliás, nada nem ninguém é perfeito. Mas, seus dois governo anteriores foram tempos de paz, de confiança no presente...

Sobre o Budismo de Internet

Ainda sobre os m eus flertes com o Oriente… Em algum momento entre 2012 e 1015 alguém me convidou para um encontro com monges budistas. O evento aconteceria em um espaço próximo à avenida Liberdade, no bairro homônimo, num dia da semana, à noite. Não me lembro do nome do lugar… Mas, fui. E lá aconteceu o meu primeiro contato com a Monja Coen, hoje bem conhecida em todo o país. Gostei bastante! Fiquei bem interessada em continuar aprendendo com ela que, na época, estava vinculada a um templo no bairro do Pacaembu (e continua). E ali, na época, as atividades deviam ser pagas, e bem pagas. Compreensível que monges tenham necessidades materiais que precisam ser atendidas por meio de retribuição à transmissão de seus conhecimentos. Como poderia ser diferente? Mas, como os valores não pareciam se harmonizar com a minha condição, deixe passar. Tempos depois, Monja Coen tornou-se “influenciadora digital”. Sua conta no YouTube começou a publicar vídeos com orientações/aconselhamentos e eu costu...

Sonhos

[ Publicado originalmente em 01 de dezembro de 2013 ]  Por vários anos estive envolvida nos trabalhos da associação de moradores do meu bairro, a Associação Comunitária Girassol. A entidade tomou como objetivo desenvolver projetos culturais e esteve ativa por cerca de uma década, até que há alguns meses decidiu fazer uma pausa para avaliar os rumos dos movimentos sociais e o papel que assumiria. Desde então, muitas reflexões foram surgindo, sempre com a certeza de que aprender e ensinar são processos indissociáveis. Dia destes notei um comentário de uma ex-educanda da turma de Hip Hop da Girassol. Ela, que quando surgiu na entidade era uma menina, hoje é praticamente uma mulher e anuncia sua determinação de lutar por seu sonho: ser aeromoça. E seu anúncio me deu o que pensar... Me falou dela, da Girassol, dos movimentos sociais e falou de mim mesma... E foi envolvida pelas reflexões impulsionadas pelo anúncio da nossa futura aeromoça, que no começo desta semana, recebi minha nota d...

Flertes Com o Oriente

  Quando criança fui iluminada pelas luzes de um falso mosteiro… Residia com meus pais em um quarto e cozinha e tínhamos uma TV entre os dois cômodos. Eu tinha entre três e seis anos. Retornando do trabalho e após o jantar, meu pai se distraia com revistas em quadrinhos, jornais e as séries de TV. Entre as séries que ele assistia com frequência estava Kung Fu, com David Carradine... Conforme a Wikipedia, a história gira em torno de “Um monge Shaolin, perito em artes marciais”, que “foge da China depois que seu mestre morre. Agora, ele vagueia pelo velho oeste dos Estados Unidos, defendendo os desamparados e combatendo bandidos”… Não me lembro de detalhes. O que sempre me vêm à mente são imagens de um templo iluminado por velas, e de um ancião que aconselha um jovem com frases sábias apesar de incompreensíveis para mim naquela época… O pupilo, o monge, lembra-se de seu mestre com frequência, torna-se um guerreiro muito capaz, habilidoso nas artes marciais, porém só as empregando na ...

Tranformações

Transição de gênero dói?  Essa pergunta me surgiu como uma analogia à minha condição de fêmea sujeita às inconstâncias hormonais. Procurando me lembrar dos efeitos do início da puberdade, associando-os aos efeitos do início de menopausa, chego à conclusão: as transformações são fisicamente incômodas! Para algumas mulheres mais, para outras menos, mas sempre trazem em si aspectos incômodos, também emocionalmente e socialmente. Transições de gênero são transformações ainda mais radicais, ou não?  Não posso falar pelos outro, pois não tenho a experiência de outros. Mas, gostaria de ouvir de transgêneros relatos sobre suas transformações, sobre como se sentiram no início da adolescência, da meia idade e ou da homossexualidade.  Homens cis não falam de si publicamente. Ou raramente. E mulheres cis não falam de suas intimidades, ou quando falam frequentemente o fazem de modo velado, com floreios e disfarces cercados por muita ilusão. Menstruação, gestação, menopausa são palavra...

Apaixonar-se

Amar? Me apaixonei perdidamente por dois homens ao longo da vida. Um real, outro imaginário... O “homem real” cruzou o meu caminho em meados da década de 90. Eu funcionária de federação de futebol, ele diretor de um clube. Eu com vinte e poucos anos, ele bem mais velho. Quando o conheci, eu namorava outro, também do futebol, com quem poderia ter me casado. Meu namorado queria casar, eu sabia que não gostava dele para tanto, e surgiu um terceiro que definiu tudo. Optei pelo meu “homem real”. Dizem que mulheres jovens gostam do dinheiro dos homens mais velhos. Eu gostava era das atenções de um homem maduro e bem resolvido. Gostava da segurança de estar com alguém que conhecia o mundo e as coisas do mundo muito melhor do que eu. Para mim, era de confiança e segurança que se tratava. Ninguém, em sã consciência, entrega corpo e alma sem ambas. Com o “homem real” eu teria passado toda a minha vida, se houvesse encontrado espaço suficiente para mim na vida dele.  Dirigente de clube e empr...

Escolhas

Sim, alcançar sucesso em uma empreitada exige que se abra mão de certos interesses. Hoje, o que me interessa é cuidar da minha família e ser uma mulher da Filosofia e dos livros. Apenas! E já é muito... Tanto que não dou conta! Há muitos textos que preciso escrever. Tenho vários livros na minha cabeça, cada um aguardando suas muitas fases de produção. Há todo um horizonte em aberto para novas  pesquisas, escrita, editoração... E há muitos cuidados em andamento, com a minha casa e com as pessoas e animais que nela habitam.  Estranho como a gente muda, como as prioridades mudam... Se até pouco tempo meus olhos se voltavam para o mundo. Hoje eles se voltam para o que está ao meu redor e no meu interior. Fechei o foco. E talvez seja preciso restringi-lo ainda mais em nome da profundidade e da qualidade... Sinto, no mais fundo da alma, que quanto maior o volume de interesses menos eu consigo realizar. Quanto mais o pensamento se dispersa em meio a um milhão de informações, mais dif...

Afetos

Eu teria sido uma ótima madrasta... Jamais teria me colocado entre o homem que eu amasse e seus filhos, independentemente de quem fosse a mãe... Jamais teria permitido que aos filhos do homem que eu amasse faltassem atenção, carinho, apoio, amizade, companheirismo ou o que quer que fosse da parte do pai... Sei do que falo, então jamais teria permitido que lhes apertassem os pés os sapatos que apertaram os meus e do meu irmão...Falta de afeto adoece, não seria eu a contribuir para o adoecimento dos filhos do homem que eu amasse. Digo isso porque ando às volta com um caso de adoecimento emocional na família... Não é pouca coisa! E tem história aí... Há indícios de que é necessário haver pré-disposição para que certas doenças se desenvolvam, e há indícios de que elas podem nunca se desenvolver se não surgirem as condições propícias... Não me sinto à vontade para entrar em detalhes  a respeito... Não aqui. Não no momento.  Mas, me lembro bem das minhas aulas sobre Spinoza... O cor...

Das Paixões e dos Seres Apaixonantes

O que faz com que alguém se apaixone romanticamente? Esse é um tema com capacidade para atrair infinitas elucubrações filosóficas... Eu, porém, tenho explicações muito simples para as minhas próprias paixões. Explicações que não servem para todos, mas talvez contemplem uma parte dos seres humanos que buscam pela companhia dos sonhos. Sempre me apaixonei por pessoas que pareciam refletir os meus ideais mais elevados. A beleza física nunca foi importante e nem eu quis que a minha aparência física fosse o mais importante para alguém. Importante, para mim, sempre foi aquilo que eu estivesse “vendo”, ou percebendo, de mais elevado em alguém, e que fosse admirável... E o é, para mim, quando intimamente associado à ideia de uma alma evoluída que se orienta por altos princípios. Embora eu não me considere uma moralista típica, meu ideal estético é ético. Expressão da minha vontade de tomar parte em um mundo organizado da melhor forma para todos, ou para o maior número possível de seres vivente...

Conflitando

Que fique claro: na minha bolha pode haver (e há) divergências. Estar em uma bolha não implica alienar-se de conflitos. Porém, entre semelhantes as divergências são encaradas de modo respeitoso, pois os envolvidos sabem estar em estágios diferentes no caminho da evolução. Divergências tornam-se conflitos aborrecidos apenas quando acontecem entre aqueles que optam por atitudes opostas frente ao conhecimento e à evolução, ou seja, entre aqueles que estão a caminho e aqueles que decididamente não desejam caminhar. Falta de respeito implica energias desperdiçadas com estresse desnecessário. Me poupo! Ora, se não se desenvolver é uma adesão feita por livre opção, eu estou me posicionando contra o exercício dessa liberdade? Bem… Não, não estou! Que se fique estacionado se assim o desejo (ou falta) o determina – influências do meio sobre os sujeitos é outro assunto. Eu apenas opto, tão livremente quanto possível, por não conviver cotidianamente com quem não se mantém em movimento. É que quem...

Moon Bin

  Me apaixonei por ele à primeira vista, e no dia de sua morte... É, a Internet faz dessas coisa com a gente! No dia 19 de abril de 2023 a imprensa mundial anunciava que ele havia sido encontrado sem vida, em sua residência em Gangnam, Seul, Coreia do Sul... Daqui, São Paulo, eu avistava a notícia em um site qualquer... Nunca tinha ouvido falar dele, mas diante do sorriso generoso não pude não me interessar por corrigir a minha ignorância e buscar saber quem ele havia sido, o que havia feito neste mundo, o que havia acontecido com ele. Descobri um menino-homem, cuja vida transcorreu na fronteira entre a arte e a indústria cultural desde muito cedo. Ele começou a trabalhar ainda criança, como modelo, estudou artes e foi treinado para ser um ídolo do k-pop. Transformou-se no retrato da perfeição, dono de uma imagem luminosa que misturava beleza física com pureza de alma. O bom moço! Cantor, compositor, ator, apresentador de televisão, coreógrafo e, principalmente, um dançarino capaz ...

Bolhas e Personas

Quero falar sobre a minha relação com a Internet, suas redes sociais, e sobre as "pessoas" que "sigo" virtualmente. As aspas são importantes, pois tenho bem claro que há distancias entre o que eu vejo, ouço e como entendo, e alguém que  é (em algum espaço tempo) pretende transmitir, a persona criada para o mundo. São fragmentos esses sinais virtuais, que eu interpreto... Mas, não é sempre assim, também nas relações cara a cara? Às vezes mais... em outras as distâncias diminuem... Houve um tempo em que as pessoas caminhavam juntas, lado a lado numa mesma direção, para depois seguirem caminhos diferentes. Distanciando-se, perdiam-se de vista, desapareciam do campo de visão uma da outra. A Internet trouxe a possibilidade de manter à vista o que segue ao longe, ou de periodicamente se rastrear algum sinal de quem saiu da vida "concreta" do outro... E não sei dizer se isso é bom ou ruim. Muitas vezes nos mantém atados a laços que deveriam ser rompidos, ou não.....

O Modo Will de Ser

Qual a diferença entre seguir uma pessoa e ir aonde ela está? Quando me vi diante desta pergunta pela primeira vez me peguei tão surpresa quanto Will... Com aquela cara meio de espanto que o Tom Sturridge fez tão bem. Uma cara do tipo “como você pode pensar isso?!”... Eu não pensei isso, nem Will... Acho que é preciso se colocar em outra sintonia para perceber a diferença. Uma sintonia meio fora deste mundo, ou pelo menos fora do senso comum. Em algum momento alguém inventou que não se deve fazer nada sem esperar algo em troca. Em algum momento se passou a atribuir a todas as coisas uma intencionalidade e, por algum motivo, hoje sempre se pensa que a intenção é negativa. É verdade que o mundo não é “esplêndido”, que não há “matinês às quintas”, que “as pessoas fazem coisas horríveis”. Mas não é verdade que existe apenas uma forma de ver, de sentir, de agir e de reagir. Não é verdade que as pessoas só fazem coisas horríveis, que tudo é carta marcada que leva ao abismo. Não é verdade que...

Reflexão: Sobre a Associação Homo/Máquina e o Aceleracionismo

"  É insensato imaginar que toda essa vitória dos valores possa ser antibiológica : é preciso tentar explicá-la por um interesse vital pela manutenção do tipo homo , ainda que tenha de ser atingido pela preponderância do tipo fraco e dos deserdados . Talvez, se as coisas fossem de uma outra maneira, o homem não existisse mais?"  Problema. A elevação do tipo é perigosa para a sobrevivência da espécie . Por quê? As raças fortes são raças pródigas. Encontramo-nos aqui diante de um problema de economia. Nietzsche considera com uma atenção quase benévola essas tendências às quais sua razão se opõe, que são repulsivas aos seus gostos. Não lhe convém, pensa ele, negar às massas o direito de buscar suas verdades, de fundamentar suas crenças em suas necessidades vitais, de apaixonar-se por elas. Os senhores vivem dos seus trabalho [das massas], sua grandeza é suportada pela humildade delas . Privados delas, que seriam os senhores? Têm necessidade de sua presença e de sua felicidade ...

TOC

Quando eu começo a não dormir à noite é porque realmente as coisas não vão bem... Em meio à necessidade de ficar firme e seguir caminhando, há dias venho sentindo que não estou prestando atenção a mim mesma, que um buraco negro está se formando dentro de mim enquanto eu faço o possível para ignorá-lo. Então, vamos admitir! Há um buraco negro se formando dentro de mim... E hoje de madruga acordei agarrada às bordas, tentando não cair, mas me sentindo exausta de tando me esforçar para ignorar e não cair... Quando sinto que estou prestes a sucumbir, me esforço para lembrar que se eu cair o pouco de sanidade que me cerca cai junto... Respiro fundo e continuo em pé. Até quando eu vou aguentar?  Ninguém da minha família pegou covid-19. Mas, não passamos incólume pela pandemia. Um familiar desenvolveu TOC, o transtorno obsessivo compulsivo. Na verdade, os primeiros sintomas apareceram após o falecimento da minha tia, irmã mais velha da minha mãe, que se foi após 3 anos morando em nossa ca...